P E R E G R I N A Ç Ã O

Data 22/02/2009 13:11:22 | Tópico: Poemas -> Esperança

dispersei o meu ser no desprender das folhas
às suplicas do solstício. talvez assim também fosse
na essência dos verbos da noite. mas fui levado
para as terras inertes da lembrança cega.
não procurava as palavras revestidas.
e julguei-me perdido nas aparências das sombras.

por estas partes,
o desfiar do destino era ausente. assim, esperei
que as orlas enrugassem para me soltar, agora, no desconhecido
e reunir-me nas escarpas suspensas da luz.

foi o facho do farol da saudade que indicou o sentido.
a ânsia do regresso animou-me
e senti os lábios da esperança. até que, escorrido,
nos campos das framboesas laranjas,
o meu alvéolo finito se enxugou.

e, apesar de mortalmente ferido,
permaneço nas avenidas ocres do poente.

ressuscitarei.
uma e outra vez.

sim. ressuscitarei!
uma.
e outra vez.

pelo som da mão que molda os gestos da criação.
pela escrita da voz que forma as letras primevas do cosmos.

qualquer dia.
um dia!


in Comentários na face da Noite


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