Declaração ambidextra de uma posição política

Data 25/03/2009 17:14:55 | Tópico: Textos

A pergunta que se impõe a quem não se revê nas diferenças políticas dos oradores... aqueles que, de oratória só conhecem apenas a língua e que de diplomacia, de trabalho interactivo ou capacidade de serem individuais são falhos, referia que, a pergunta é:
- Esquerda ou direita? Eu não sou fundamentalista, será que sou ambidextro?
Responder-me-ão, os doutores, em bugalhos e dirão que não tenho coluna, que sou cata-vento, que não entendo o verdadeiro significado da importância da classe política, enfim, que sou um ignorante e não entendo nada.
De facto há algo que se chama centro, que não quer ser canhoto ou dextro e que não passa do "poderia realmente ser". Se fosse angariador de concensos e não se rendesse a teimosias e à tentação de impor o que é a sua opinião, seria centro e abrangeria por igual os extremos. Mas não é. Comporta-se como mais um extremo, um outro ainda. Lá está! É a velha história do orgulho, do querer ser melhor que os outros, do "eu é que sei e o resto é paisagem". De repente temos o mesmo fundamentalismo noutro ponto.
A vontade de rir é grande quando se fala de rectidão na política e dos políticos, quando se fala de interesses nacionais e se vêem interesses particulares a evidenciarem-se, quando há eleições e se oferecem banquetes a quem, de tão faminto, morre porque se empanturrou naquele momento como um rico. A vontade de rir é grande, tão grande que sem esforço se soltam flatulências, essas, feliz e diplomaticamente em surdina.
Mas temos, que nem todos são inúteis ou, talvez, completamente inúteis. Há alguns que até entram no goto e são simpáticos porque se desalinham e chegam mesmo a pensar por si. É a areia que entra no aparelho e acaba por provocar alguns descarrilamentos. O sal. Temos, no entanto, que nem esses se conseguem demarcar da esquerda e da direita. As fatais inclinações. Temos então que, nem esses, se soltam dos chavões padrão e imbecis vigentes, que falam da importância de credibilizar a política e, acabam por ser só ovelhas negras por não usarem a mesma vereda dos demais.
Restar-me-à a resignação dos ignorantes? Talvez não. Talvez, sem mais talvez, me reste ser eu e escrever o que me vai na alma, nos olhos, nos ouvidos e atirar umas quantas patacoadas para serem lidas por meia dúzia que até vão concordar e aplaudir... afinal de contas, isto tudo não passa de senso comum, de uma daquelas evidências que não têm como não o ser.
Fica então a pergunta:
- Esquerda ou direita? Eu não sou fundamentalista, será que sou ambidextro?
Ao que me respondo sem bugalhos:
- Olha... é esquerda e direita. Fazem-me as duas falta, porque uma lava a outra e sou gente de trabalho.

Valdevinoxis


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=75778