está ali ao canto um morto e não se vê

Data 28/03/2009 00:00:24 | Tópico: Poemas

para fora escapa-se o dentro
já corrompido por cercanias feias,
por orlas de formas meias,
por gravitações sem centro
que aguardam pelos pedaços
engastados nos destroços
de uma pele retalhada a direito.

é profundo e estreito
este género de despeito
que vai e vem escorreito
enquanto se verte o, ainda, liquido,
o, ainda existente, liquido,
o, outrora corrente, liquido,
o que já quase não é, liquido...
expesso e opaco de tingido.

ignora-se a não presença,
aquela falta de vida por sentença
que continua estatelada na rua
sem que se mostre que alguém a vê...
é indelével a invisibilidade crua,
o quão ausente a imagem se lê,
naquele desenho a preto e branco
que acentua um certo mal franco.

faz sentido, todo o sentido
olhar e não se ver.

Valdevinoxis



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