Estação das Sombras

Data 21/04/2009 16:06:27 | Tópico: Poemas -> Góticos

Criada como uma insónia nas marés do desalento
Onde o fogo incendeia os cantos sob a sombra,
Dispersos no eco de um grito que pranteia a eternidade
Cantando a uma só voz…

O espelho planta a renúncia sobre as raízes de um corpo
Que se abre entre fragmentos de Santíssima Trindade
E as folhas tombam sobre os túmulos desertos
Como esqueletos vazios que divagassem entre a luz
E se quedassem como hinos na partitura do abismo.

A noite devaneia entre as dispersões do mínimo,
Mergulhada entre os oceanos do cosmos primordial,
E o gelo tomba nos braços da árvore desfalecida
Que invoca o grito nos espectros da bruma apagada
E transparece no ritmo das harmonias do caos.

E o fogo desata os corpos num requiem de deserdados,
Sinistra procissão de passos até às lágrimas do ser,
Como um sol que se rasgasse até às entranhas da obsessão
Errante debaixo dos véus de uma actriz martirizada
E plantada sobre a cova adormecida entre ninguém
E o abraço do absoluto num arco-íris cinzento.

Imolada à insaciável fome dos céus desertos
Em lágrimas de chuva banhando o sangue da terra.


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