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 Pressinto-te, morteData 29/04/2009 10:48:21 | Tópico: Poemas
 
 |  | Pressinto-te Morte, em espasmos de pranto, Numa dor que sangra em fogo
 Pesado, que m’esventra
 E insuportavelmente m’alegra
 Na chegada tranquila,
 Em passos que ceifam almas
 À passagem, e avança lenta
 Na minha direcção.
 
 (ah meu amado, se viesses ainda
 a tempo da salvação
 com lábios de feiticeiro)
 
 Sou corpo aniquilado
 Com alma que jaz, oculta
 Entre promessas de amor eterno,
 E já moribunda, pronuncio
 Teu nome e rogo-te afincadamente
 Que me leves daqui,
 Onde a vida m’esbofeteia
 Em cada esquina
 Sem lágrimas nem contemplações.
 
 (e como as trevas são tão mais belas
 e mais puras que a imundice
 com que teus olhos m’enxergam)
 
 Sorrirás perante a visão do cadáver
 Em misto de alívio e conforto,
 Num contentamento sublime
 E merecedor, e a respiração
 Segura caminhará nas portas
 Do poema, escancaradas em ouro
 Puro, para te receber
 Com vénias serviçais.
 
 
 
 
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