
Em cada canto existimos
Data 24/05/2009 20:27:49 | Tópico: Poemas
| No escuro da noite nos passos que percorrem as suas veredas estreitas e sombrias existimos Existimos na luz que nos alumia ou na falta dela em cada brilho de estrela em fuga cadente
Nos rios que correm e nas pedras mudas e cegas no seu grito ausente na marcha e no uivo do vento nas pálpebras do tempo que corre e passa na sede arfante do mendigo que cai em desgraça existimos
Existimos na voz que se ouve e não ouve quando fica encravada no fundo da garganta e não grita Existimos no punho fechado da revolta na esperança da mulher aflita que sofre as dores de parir e grita e grita e amamenta o filho que mais tarde a há-de trair
No copo de vinho que se bebe na côdea dura do pão que se come – é duro mas come – na frescura da fonte onde matamos a sede existimos Na amora silvestre onde mitigamos a fome no sol da manhã e na brisa da tarde nós existimos também
Existimos na fé que nos guia quando não perdemos a fé e por sorte a vida até nos sorri Existimos enquanto pudermos gritar e até que nos bata à porta a existência da morte (!)
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