Luso-Poemas
 
Poemas : 

Em cada canto existimos

 
No escuro da noite nos passos que percorrem
as suas veredas estreitas e sombrias
existimos
Existimos na luz que nos alumia ou na falta dela
em cada brilho de estrela
em fuga cadente

Nos rios que correm e nas pedras mudas e cegas
no seu grito ausente
na marcha e no uivo do vento
nas pálpebras do tempo que corre e passa
na sede arfante do mendigo que cai em desgraça
existimos

Existimos na voz que se ouve e não ouve
quando fica encravada no fundo da garganta
e não grita
Existimos no punho fechado da revolta
na esperança da mulher aflita que sofre as dores de parir
e grita e grita
e amamenta o filho que mais tarde a há-de trair

No copo de vinho que se bebe
na côdea dura do pão que se come – é duro mas come –
na frescura da fonte onde matamos a sede
existimos
Na amora silvestre onde mitigamos a fome
no sol da manhã e na brisa da tarde
nós existimos também

Existimos na fé que nos guia quando não perdemos a fé
e por sorte a vida até nos sorri
Existimos enquanto pudermos gritar
e até que nos bata à porta a existência da morte (!)

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AlvaroGiesta
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/05/2009 20:37  Atualizado: 24/05/2009 20:37
 Re: Em cada canto existimos
Aplaudo o realismo poético, objectivo e a força da mensagem.
Abraço

Enviado por Tópico
TRIGO
Publicado: 25/05/2009 07:51  Atualizado: 25/05/2009 07:51
Colaborador
Usuário desde: 26/01/2009
Localidade: Cabeça-Boa - Torre de Moncorvo
Mensagens: 2329
 Re: Em cada canto existimos
...
Estimado Álvaro

… as mãos caem do pão… nesse instante talvez
exista!

És um bom poeta! Soberano e profundo!



Sempre! Um Abraço!

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