
...história de uma abelha...
Data 31/05/2009 13:02:57 | Tópico: Homenagens
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Momentos, únicos, de lucidez destemperada, aqueles que assaltam o espírito no vocalismo silencioso das madrugas de Inverno. Sons que percorrem as folhagens desconcertantes na natura humana, frívola, densa, impotente para tamanha conspiração Ad Aeterno. Era uma vez, noutras eras, nos tempos passados, naqueles tempos da misericórdia sentida e vivida, da fé, da luz. Naqueles tempos onde o altruísmo se sobrepunha as demandas da simplicidade, naqueles tempos em que o mundo parece que cabe nas nossas mão, que somos donos dele e que nada nos consegue abater. Saboreavam-se todos os segundos, como se estes, fossem os últimos a emergir na tocaia da juventude. Então nesse tempo, nesse devir, nessa cumplicidade de vida, vivia uma simples abelha, pequena, mas doce, uma criatura que corria as pradarias dançando e cantando a felicidade da vida. Numa das suas viagens encontrou uma flor, uma resplandecente violeta, tímida, que emanava o seu perfume por todo o universo em seu redor. A abelha, desde esse dia, corria, incessantemente, mal o Sol subia no horizonte ao seu encontro. Não lhe falava, não lhe tocava, não pedia permissão para colher o pólen que transbordava da sua coroa. Simplesmente admirava a sua beleza, a sua pose, o seu vacilar com a brisa da manhã. Com o passar dos dias, das semanas, dos meses a flor reparou na criatura que a abordava de longe, em silêncio, que a admirava. Um dia deu-se o encontro esperado, conversaram, falaram, tornaram-se amigos, as horas corriam tão depressa que pareciam breves segundos - tão poucos e fugazes. Mesmo assim, por medo de a ferir, a abelha nunca lhe pediu o seu pólen, sabia que era precioso demais, poderia deixa-lo cair com os ventos que circundavam aquela zona do paraíso. Quando os simples toques e os olhares começaram a ficar mais intensos veio a borrasca. Tempestade, o ciclone da vida. A planta graciosa começou a ser atacada pelos germes provenientes da terra, dilacerando o corpo da bela violeta, envenenando o seu existir, carcomendo as suas raízes, o seu caule, as suas folhas a sua flor. A sua existência torna-se ténue, frágil e, num último sufoco, pede às suas irmãs que a escondam dos olhos da abelha. Ela quer que o ser que a admira se recorde da sua beleza, do seu perfume e não da ruptura erosiva que a deplora. Quer, continuar a ser recordada a linda flor da pradaria, tímida, sensual e frágil. O tempo passa e, num piscar de olhos, vive a agonia dos últimos raios de Sol, dos últimos alentos de calor. Neste momento, o Jardineiro Mor, lá do alto, olhou, sentiu a dor e cortou-a, levando-a para sempre daquele jardim à beira Eden plantado. Pereceu para todo o sempre. A abelha, singela criatura, tornou-se um espectro, frio, corrosivo, caustico durante longos tempos. Percorreu os vales e as serras, as montanhas e os mares sempre como um noitibó da demanda, Perdeu a fé, perdeu o altruísmo, a sinceridade…perdeu-se a ele próprio. Foram precisos anos e anos para que outra flor, outra ninfa dos vales encantados lhe tocasse ao coração…e lhe deu alguma luz…ténue mas que ajuda a caminhar nas noites mais escuras, aquelas noites da cegueira da alma.Hoje o ser recorda a musa da sua juventude e a ninfa que o conseguiu trazer até à sua velhice. <span style="font-weight:bold;">Ab Aeterno Tempore</span>! "Saudade é uma coisa que não tem medida, é um vazio que a gente só pode preencher com a lembrança." (Irene de Albuquerque)
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