Sou a molécula fingida

Data 13/06/2009 14:29:33 | Tópico: Sonetos

Peguei, na palavra amargurada da gente
Que desliza ao meu olhar, silenciosamente
Curvada, gente, que se esqueceu que é. Gente
Tal o peso do delírio, vive copiosamente

Entrega-se a devaneios incontidos de nada
Gasta a energia, em palavras cruas e ocas. Feras
Que se esfarrapam na arena infundada
Da certeza, improvável, talvez abstracta

Da razão, tantas vezes ultrapassada
Pelo génio de uma massa em mutação
Pobre de mim, peguei nessa mesma. Palavra

Adornei-a de arabescos, vesti-lhe roupa garrida
Soltei-a em campo aberto, com tal sofreguidão
Nem me dei conta, sou a molécula. Fingida


Poetamaldito



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