Sonetos : 

Sou a molécula fingida

 
Peguei, na palavra amargurada da gente
Que desliza ao meu olhar, silenciosamente
Curvada, gente, que se esqueceu que é. Gente
Tal o peso do delírio, vive copiosamente

Entrega-se a devaneios incontidos de nada
Gasta a energia, em palavras cruas e ocas. Feras
Que se esfarrapam na arena infundada
Da certeza, improvável, talvez abstracta

Da razão, tantas vezes ultrapassada
Pelo génio de uma massa em mutação
Pobre de mim, peguei nessa mesma. Palavra

Adornei-a de arabescos, vesti-lhe roupa garrida
Soltei-a em campo aberto, com tal sofreguidão
Nem me dei conta, sou a molécula. Fingida


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Transeunte na miragem

 
Autor
poetamaldito
 
Texto
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1966
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/06/2009 14:51  Atualizado: 13/06/2009 14:51
 Re: Sou a molécula fingida
Cara amiga,

Bonita escrita, bonita palavra.
Essa gente deve estar orgulhosa de ter uma poetisa que também as retratou.

Um beijo

JLL