O MEU LUSO DO MÊS DE JULHO É NANDA

Data 01/07/2009 16:42:51 | Tópico: Textos

Maria Fernanda Reis Esteves, nasceu no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, no dia 28 de Fevereiro de 1960. Filha de um casal de pequenos comerciantes, Fernando Ferreira Esteves e Maria Helena da Conceição Reis, frequentou o ensino primário na Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi e o ensino secundário no Liceu de Setúbal. A par dos estudos, sempre ajudou os pais no café que estes possuíam no Mercado do Livramento, em Setúbal. O seu gosto e apetência para a área de humanidades, nomeadamente para as línguas estrangeiras e o português, em especial, fomentaram-lhe o gosto pela poesia que precocemente começou a escrever, mas, no entanto, por achar que nunca ninguém se interessaria por seus escritos veio a destruir mais tarde.
Casou aos 22 anos, já a trabalhar como escriturária, profissão que mantém até hoje. Aos 24 anos foi mãe pela primeira vez de uma menina, hoje com 25 anos, Inês Mares, jovem que ingressou no mundo das artes e tirou, em Espinho, o curso profissional de percussão e em Lisboa, na ACT, o curso de atriz. Aos 29 anos a maternidade brindou-a pela segunda vez com outra menina, Sara Mares, hoje com 19 anos, jovem que pretende entrar, no próximo ano letivo na Faculdade de Medicina Tradicional Chinesa, em Lisboa.
Aos 36 anos perdeu uma das pessoas mais importantes da sua vida, o pilar da sua existência, a sua mãe que faleceu vítima de atropelamento. Este acontecimento fatídico viria a ser responsável pela viragem na sua forma de ver a vida. Após uma longa temporada de reclusão pela enorme dor da perda, a pesquisa da leitura que aprofunda a temática da reencarnação devolveu-lhe a serenidade e aumentou a sua enorme fé e confiança em Deus.
Aos 39 anos começou a trabalhar como secretária da Direcção da APPACDM de Setúbal – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, Instituição de Solidariedade Social e de Utilidade Pública que apóia cerca de 400 cidadãos portadores de deficiência mental, através das suas dez valências e múltiplas atividades e dinâmicas. O contato e interação com estas crianças e jovens encheu de luz a sua vida e deu-lhe um novo sentido de missão. Hoje tem como máxima que “nada é por acaso”.
No ano de 1999 participou no concurso de poesia da APPACDM de Setúbal, subordinado ao tema “Um Olhar Diferente” e obteve uma menção honrosa. A partir daí descobriu que a poesia era uma forma de ascender a uma dimensão superior em busca da liberdade e felicidade.
É elemento do Coral Luísa Todi, um ex-libris da cidade de Setúbal, ao qual deve a realização de outro sonho, o canto que sempre a deslumbrou, desde criança e lhe permite alargar o seu leque de amizades.
- Em 2006 recebeu nova Menção Honrosa no Concurso da APPACDM ;
- 1º Prémio no Concurso de Poesia "Aprender Contigo" da APPACDM de Setúbal - ano de 2007;
- Menção Honrosa no XII Concurso de Poesia "Dar Voz à Poesia" da Escola Secundária Júlio Dinis (Ovar);
- 5º Prémio no XXV Concurso Internacional de Poesia "Casa Lembrada - Casa Perdida" das Edições AG
- Participação na Colectânea "Amar o Próximo" da ANEM - Associação Nacional de Esclerose Múltipla;
- Participação em várias Colectâneas de Poesia das Editora M.J.Real Imo
- 9º Prémio no XXVI Concurso Internacional de Poesia “Travessias” das Edições Ag;
- Prémio Destaque Internacional no Concurso de Poesia da Associação Artística e Literária Alpas XXI e Participação na Colectânea “Deslizes;
2º Prémio e Menção Honrosa no XIII Concurso de Poesia “Aprender Contigo” da APPACDM de Setúbal, ano 2008
Participação nas Antologias Literárias Internacionais “Amor e Paixão” e Eldorado da Editora, Celeiro de Escritores
Participação na 19ª Antologia Literária Internacional da Fundação Del´Secchi
- 6º Lugar no XXVII Concurso Literário Internacional “Rosa dos Ventos” das Edições Ag;
- Participação na Antologia “Poeta Mostra a Tua Cara” do Projecto Cultural Sur/Brasil;
- Prémio Destaque Internacional no III Concurso Literário Internacional Letras Premiadas;
Colaboradora da Luso-Poemas;
http://www.luso-emas.net/modules/news/article.php?storyid=85384
Colaboradora do Recanto das Letras:
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1619086
O lançamento do seu primeiro livro de poesia “Canteiros de Esperança”, a convite da Editora “Temas Originais” está previsto para 26 de Setembro, pelas 16 horas, na Sociedade Filarmónica Humanitária, em Palmela. “Canteiros da Esperança” é na íntegra a favor da construção do novo lar residencial da APPACDM.
http://www.temas-originais.pt/autores/fernanda_esteves.htm
Livro favorito: “Muitas vidas muitos mestres” de Brian Weiss
Autores favoritos: Brian Weiss, James Van Pragh e Mia Couto
Amuleto: Livro “Como comunicar com o Anjo da Guarda” de Haziel
Filme: “A cidade dos anjos”
Música favorita: “Eu não sei quem te perdeu” – Pedro Abrunhosa

Com tudo que foi exposto acima sobre a nossa querida Poeta e por saber de seu talento pelo acompanhado de suas criações literárias no luso, percebemos uma aura brilhante de generosidade, desprendimento e enorme talento que transcende as fronteiras hipertextuais, pairando sobre nossos corações. Sua sabedoria de vida reflete em seus poemas que sempre nos passam força, carinho e amor. Sua poesia procura nunca pairar por sobre umbrais revoltosos da alma, pelo contrário, procura sempre tirar uma lição otimista dos dissabores que a vida nos traz. Seus comentários e interação geral no site supracitado são expansivos e amigáveis. E é por isso, e muito mais, que aqui não caberia se estender, que Maria Fernanda Reis Esteves, ou simplesmente Nanda, é a poeta do mês de julho. Segue abaixo uma entrevista leve, objetivando sobretudo mostrar a essência humana, tão presente na nossa Nanda.

-Você trabalha em uma instituição que apóia pessoas portadoras de necessidades especiais. É muito fácil notar que a APPACDM é oxigênio vital para sua vida! Tem muita experiência nessa área. No geral, como você vê o tratamento que é dado à essas pessoas? São ainda muito discriminadas?

Eu faço o secretariado da Direcção da APPACDM de Setúbal há 10 anos. Desenvolvo o meu trabalho nos Serviços Centrais da Instituição e tive a sorte de estes partilharem o mesmo espaço físico com um CAO – Centro de Actividades Ocupacionais, o que me permite interagir e trocar experiências com jovens portadores de deficiência.
Com cada um dos utentes criei uma empatia especial, uma cumplicidade. Aprendo com eles todos os dias o valor da humildade, das coisas simples da vida, dos afectos e nunca antes me senti tão rica interiormente. Agradeço a Deus o facto de poder conciliar trabalho com uma missão à qual me entrego sem reservas.
A APPACDM tem um papel relevante na aceitação e integração destes cidadãos no seio da comunidade local que começa com a inclusão através dos projectos de parceria nas escolas bem como da promoção de actividades de cariz cultural e desportivas, que envolvem outras instituições congéneres, empresas, Lares de 3ª idade e um abrangente leque da cidadania, sempre com a preocupação de divulgá-las através dos órgãos de comunicação social.
A sociedade já não discrimina o cidadão portador de deficiência como antigamente. No entanto, muito há a fazer para a sua inserção no mundo do trabalho.
A Instituição candidatou-se ao Programa PARES da Segurança Social e dentro de dias terão início as obras de construção de um novo Lar Residencial/Residência Autónoma/Serviço de Apoio Domiciliário e ainda de adaptação para uma creche.

-Certa vez um dos meus professores disse que a poesia “é um pequeno círculo espremido, que nunca chegará ser um grande globo”. Claro, ele fazia referência à linguagem poética, restrita à poucos, afastada do grande público. Você concorda com a citação do meu antigo professor? E se concorda, qual seria a missão do poeta, se é que ele tem, para levar a poesia à horizontes mais amplos?

Concordo, na medida em que dentro dos géneros literários a poesia é o que menos vende, já que é uma obra de arte delicada, intimista e direccionada a pessoas sensíveis e que gostam de interpretar mensagens, de reflectir e aprender com elas.
Penso que pior do que não ter livros de poesia é adquiri-los e não os ler, porque são, sem dúvida, uma extraordinária fonte de enriquecimento cultural e humano.
A APPACDM de Setúbal é um bom exemplo de como se pode tornar a poesia mais abrangente. Anualmente promove um concurso de poesia que visa estimular a actividade criadora e sensibilizar a comunidade para a problemática da deficiência mental. O evento tem sido bem sucedido, conta com um crescente e interessado número de participantes, e neste momento é já de âmbito Nacional.

-Um dos seus autores preferidos é Mia Couto. Também é dos meus. Penso que aqueles que nunca o leram, poderiam ler, já, que é um escritor que mergulha nas raízes da natureza humana, de forma profunda e única. Até que ponto Mia Couto, tem influência neste seu lado humano tão estimado?

Mia Couto é um escritor que encanta pela leveza das palavras, algumas delas fruto do seu inesgotável imaginário, extraídas da constante e incansável observação e fascínio pela alma humana. Assim me revejo, sem capacidade para separar o lado humano da minha postura de contemplação e aceitação perante a vida, elegendo na minha escrita a expressão singela dos sentimentos que em mim afloram a cada momento.

-Uma filha atriz e outra pretendendo ser médica. Uma encantará pessoas praticando arte e a outra salvará vidas. O perfume humano da Nanda cobre as filhas! O que você poderia nos dizer sobre a maravilhosa escolha profissional das duas?

Às minhas filhas dei amor e liberdade, ensinando e transmitindo os inquestionáveis valores do amor e do respeito, enquanto vectores de equilíbrio e estabilidade do ser humano. A escolha da mais velha, Inês, de 25 anos, signo de gémeos, amante da liberdade de expressão, recaiu nas artes, tendo tirado um curso de percussão em Espinho e cinema, teatro e televisão na ACT, em Lisboa. Actualmente lecciona música e incorporou a “Companhia de Teatro do Elefante”, de Setúbal. Tem, ainda, a seu cargo o Grupo Cénico da Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela.
A mais nova, Sara, de 19 anos, signo de Capricórnio, entrou este ano na Faculdade de Ciências da Comunicação, em Lisboa, tendo desistido do curso, preterindo-o a favor da Licenciatura em Medicina Tradicional Chinesa.
Sou a maior fã da carreira artística da minha filha Inês e aprovo a escolha da Sara não só por ser uma das profissões do futuro mas também pela riqueza do conhecimento ancestral das ciências orientais que procuram o bem-estar através do equilíbrio entre o corpo e a mente.

-Nanda, é notório que o mundo caminha cada vez mais para o individualismo e para a violência, em todos os sentidos. Além disso, os preconceitos se parecem mais com tentáculos imbatíveis! Diga-nos, o mundo ainda tem jeito? Espalhe para nós aqui, algumas diretrizes a partir deste seu enorme coração.

Quando o homem se consciencializar de que os bens materiais não chegam para o fazer feliz e se voltar mais para o seu interior, na busca do seu Eu Superior, onde finalmente encontrará a paz na sua própria essência.
Ao escolher viver na luz da sua centelha divina sentir-se-á pleno e feliz e aí deixará de viver de forma egoísta e adoptará o altruísmo como forma de se realizar e sentir útil a todos os seres da criação.

-Qual o grau de importância que você atribui ao luso-poemas para o seu crescimento como escritora?

O Luso é para mim um veículo de partilha da arte escrita que me permite crescer como pessoa valorizando e fomentando amizades e uma fonte de aprendizagem diária e a possibilidade de divulgar a minha poesia.
Agradeço à Luso Poemas os momentos mágicos que me tem proporcionado e a ti Edilson por te teres lembrado da minha humilde pessoa.

-Quem é o seu luso do mês de Agosto?

O meu luso do mês de Agosto é António Paiva.





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