O enterro do anónimo

Data 16/07/2009 22:08:54 | Tópico: Poemas

Arrumou-se o esqueleto
Numa caixa toda feita de pau preto
E pôs-se-lhe um tecto
Capaz de tapar curvado e recto.

Encaixotaram-se os ossos numa urna,
De tez carregada e noturna,
Feita de comer a palidez soturna
E deitaram-na na mais funda furna.

Nunca ficaria reza que se contasse
Por tal carne quando finasse
Por falta de boca que cantasse
Grandes feitos ou coerente traço de face.

Anónimo, anónimo,
Tremendo desconhecido homónimo
De um apanhado de bocados, acrónimo,
Que morto, é de elogio, antónimo.

Valdevinoxis


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=90885