
A Casa Vestia-se De Roupas
Data 09/06/2007 11:38:27 | Tópico: Prosas Poéticas
| a casa vestia-se de roupas com cores estridentes. nas pernas usava umas calças repletas de fotografias carregadas de paisagens e pessoas de passagem. sobre o tronco, panos indefinidos pregados na parede assombrados por cada sonho e na cabeça, um telhado já velho, um chapéu calejado pelo trabalho do tempo. enquanto ainda não é noite, vou aproveitar cada película do dia para não ser eu, descansar e ganhar forças: para não ser eu. vivo noites mais longas que os dias, morro mais na claridade e no movimento. a solidão e todo um cenário escuro são os ingredientes certos para me cozinhar, para ferver e explodir fechado na casa como uma panela. o futuro desenha incapacidade na pele, aprisiona e tortura-me a alma com o medo. o medo sempre presente como um deus. o medo. o silêncio do eu para mim.
aquilo que vos falo é o disfarce do silêncio, a defesa para que nunca acabe, a mentira do «está tudo bem». o silêncio interior a defender-se com uma capa colorida de socialização.
Hugo Sousa
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