Já te conheço

Data 19/07/2009 18:06:40 | Tópico: Poemas

Esse teu rosto é inconfundível

De olhar caído, reservado

E numa ausência desprezível

Em penitência, choras teu fado

Sem horizonte e envergonhado

Com lágrimas de sonhos traídos

Em planos e amores volvidos

Que a vida te tem ofertado.



E esse teu andar de pobreza

De espírito aos ombros, descaídos

Como quem carrega a tristeza

Como quem perdeu a certeza

De recuperar os velhos sentidos.



E essas tuas mãos inquietas

Que apalpam o futuro com medo

Num presente que não projectas

Para lá das paredes secretas

Que de tua alma fazes degredo.



E esses teus passos seguem o rodopio

De tantos pensamentos irresolutos

Que fazem de cada desejo um vadio

Em qualquer dia que repassa sombrio

Esse dom de propósitos devolutos.



Nas palavras que te ouço, revistas

E poupadas em curtas frases

Entendo mil histórias fatalistas

Com terminações pessimistas

Na realidade que contrafazes.



Reconheço-te em quem se lastima

Em ti me vi e assim já te conheço

Acontece a quem de ti se aproxima

Ficar sem um pingo de auto estima

Para desfrutar da vida com apreço.



Em oposição a qualquer felicidade

Tu existes e resistes vazia de nada

Mas num injusto atentado à verdade

Ainda te confundem com a nobre saudade

Palavra de esperança pelo amor exaltada


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