Rumo sem destino e sem dono Sem pai, nem mãe que me aconchegue Não tive em menino o xaile da avozinha A fartura nunca é prato que me chegue
Morro em cada olhar de comiseração Para reviver sem motivo aparente Em qualquer esquina do descontentamento Prenha de tráfego e gente que me passa rente
Tenho como amigos caixotes de lixo Onde busco restos de felicidade, Às vezes, um carrinho sem rodas Rouba-me à minha realidade
Um barco sem velas, boneca de trapos, Caderno velho, um lápis partido Ou até quem sabe, e se deus quiser Um hambúrguer meio mordido
Uma bola furada, lego desemparelhado Rádio sem pilhas, boneco sem braço, Faço dele o menino que sonho ser Envolvo-o num terno abraço
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