Um boneco sem braço

Data 21/07/2009 12:52:25 | Tópico: Poemas


Rumo sem destino e sem dono
Sem pai, nem mãe que me aconchegue
Não tive em menino o xaile da avozinha
A fartura nunca é prato que me chegue

Morro em cada olhar de comiseração
Para reviver sem motivo aparente
Em qualquer esquina do descontentamento
Prenha de tráfego e gente que me passa rente

Tenho como amigos caixotes de lixo
Onde busco restos de felicidade,
Às vezes, um carrinho sem rodas
Rouba-me à minha realidade

Um barco sem velas, boneca de trapos,
Caderno velho, um lápis partido
Ou até quem sabe, e se deus quiser
Um hambúrguer meio mordido

Uma bola furada, lego desemparelhado
Rádio sem pilhas, boneco sem braço,
Faço dele o menino que sonho ser
Envolvo-o num terno abraço




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=91432