CATADOORES

Data 02/08/2009 20:49:47 | Tópico: Poemas -> Sociais


CATADORES DE SONHOS


Hoje ainda são dois.
Amanhã três.
Ainda virá o quatro e quem sabe no cinco?

Nã há mais nada na mesa.
Vazia, se encontra a geladeira.
E a conta...Que conta?
Esta, já está zerada há tempos...
O banco encerrou e ainda teve que pagar a taxa.

Só lhe restou, catar... catar...sonhos, catar-dores.
O lombo dói, a barrica ronca, e pensando na fome das crianças, foi à luta, catar.

Catando permanecem: pai e filho, marido e esposa, homens e mulheres. Juntos dividem o que juntos ganharam – a marmita.

Dos restos dos outros, sobrevivem, o que muitos descartam, para eles é riqueza.

Que mundo escuro é esse, ambíguo, desigual?
De um lado arranha céus, homens engravatados, conduzindo suas máquinas blindadas, ou sendo conduzidos, transportados... por seus impecáveis motoristas.
Do outro, pés. Ou seriam patas... Puxando carroças e carros abarrotados de esperanças de poder comprar o arroz e o feijão, o leite e o pão.

Quem sabe no dia cinco... Mas até lá seu lombo dói, a barriga ronca, e as crianças esperam a sua volta no fim do dia com algum tostão!





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