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CATADOORES

 

CATADORES DE SONHOS


Hoje ainda são dois.
Amanhã três.
Ainda virá o quatro e quem sabe no cinco?

Nã há mais nada na mesa.
Vazia, se encontra a geladeira.
E a conta...Que conta?
Esta, já está zerada há tempos...
O banco encerrou e ainda teve que pagar a taxa.

Só lhe restou, catar... catar...sonhos, catar-dores.
O lombo dói, a barrica ronca, e pensando na fome das crianças, foi à luta, catar.

Catando permanecem: pai e filho, marido e esposa, homens e mulheres. Juntos dividem o que juntos ganharam – a marmita.

Dos restos dos outros, sobrevivem, o que muitos descartam, para eles é riqueza.

Que mundo escuro é esse, ambíguo, desigual?
De um lado arranha céus, homens engravatados, conduzindo suas máquinas blindadas, ou sendo conduzidos, transportados... por seus impecáveis motoristas.
Do outro, pés. Ou seriam patas... Puxando carroças e carros abarrotados de esperanças de poder comprar o arroz e o feijão, o leite e o pão.

Quem sabe no dia cinco... Mas até lá seu lombo dói, a barriga ronca, e as crianças esperam a sua volta no fim do dia com algum tostão!



 
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DI MATOS
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Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 06/08/2009 06:29  Atualizado: 06/08/2009 06:29
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Mensagens: 14852
 Re: CATADOORES p/ DI MATOS
Olá Di Matos

Nossa! Um poema verdadeiramente na íntegra
em realidade, não sei como pode alguns terem
tanto e outras quase nada para sobreviverem
como pode o mundo humano ter tanta contradição
como pode alguém comer sem olhar o irmão que
está nas latas de lixo pegando o pão que talvez
tenha saída da sua mesa porque estava já velho
e não poderia nem mesmo alimentar o cão.
Pois amiga poeta a vida humana é assim,
infelizmente para muitos e felizmente para poucos
que não se importam não, por saberem que o pão
sempre vão ter, sem precisar catar os restos
de alguém...
Excelente grito de igualdade, quem sabe um dia
o mundo humano acorde e veja que ele é feito de
muitos que enriquecem com a pobreza de outros

Parabéns!

Beijinhos no coração