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Data 22/08/2009 21:34:21 | Tópico: Poemas
| ninguém sabe quando se acaba a vida, não se dão conta. a morte vem, simplesmente chega, rouba o resto que já não pertence a esta história e vai, para sempre vai connosco dentro dela. talvez seja o fim ou um recomeço, talvez não seja nada, certo é que desse nada nos ficam memórias, coisas porque chorar: um rosto do tamanho do mundo, um coração sentado à porta de uma casa, a quarta casa a contar do fim da rua, aquela que afinal é um beco. possivelmente os gatos não se recordam, não há lembrança que aguente sete vidas. provavelmente os velhos do costume perdem as avé-marias no rosário mas ela, amélia, ainda chora, para sempre a solidão no seu colo.
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era uma vez amélia das dores, viúva, sozinha, corcunda, tricotava à porta da casa uma solidão tamanha que os gatos subiam paredes. tinha poucos amigos, dos poucos, muitos morreram, outros há que ficaram perdidos na rua como cães vadios a uivar por carinho. dela não reza a história.
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