
Nada de nada
Data 28/08/2009 15:14:53 | Tópico: Poemas
| Hoje acordei com olhos de nada. Tudo o que passa à minha frente são objectos apagados, como num filme cheio de nada. Revejo do lado de fora dos corredores da mente o nada que sempre me cercou, e logo após esse nada mergulho noutro nada mental, que me tem me sustenta no nada, e em nada me mudou. Como quem volta à estaca zero dou a volta a mim mesmo, num eu de nada. Eu própria sou nada e a nada posso aspirar ou ter direito. Mas nada me faz acreditar que é mesmo o nada que eu sou, um após outro sem possibilidade de o tocar ou preencher. Ribombam nos ouvidos palavras que não me dizem nada, as minhas, as tuas, sobretudo as tuas que me chegam cheias de nada. Nessa negação que é não ser, que me troca as voltas numa espera de nada, nada alcanço. Queria ter um nada para agarrar e preencher, nem que fosse com as tuas mãos cheias de nada a tocar as minhas de nada feitas. Porque se a vida é feita de nada, um nada me bastaria, se esse nada fosse junto ao teu nada. Nada, nada para mim, dá-me esse nada que ao meu nada o juntarei, e numa braçada de nada te alcançarei...
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