imobilidade

Data 09/09/2009 02:37:12 | Tópico: Poemas

aranha de cem patas
caminha no fio que tece,

amanhece
e eu sem teias.

vasculho no pó das gavetas
abertas,em desespero de causa
e agarram-me objectos de mofo,

apertam-me o pescoço
as vozes alheias.

corro pelo corredor em ecos,
os desenhos do chão
geométricos
ausentes de ideias.

escondo-me do medo
no armário dos brinquedos
de onde tirei
o meu irmão zangado
e na boca pintada
da minha mãe
uma qualquer ordem
me emudece.

há uma janela grande no quarto
em frente ao espelho.
equilibro-me no parapeito secreto
e acontece:

"aranha de cem patas
caminha no fio que tece.
anoitece e eu sem teias.":

escrevo libertando a razão das veias.
porque me enlouquece

esta #imobilidade#.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=98294