imobilidade

aranha de cem patas
caminha no fio que tece,

amanhece
e eu sem teias.

vasculho no pó das gavetas
abertas,em desespero de causa
e agarram-me objectos de mofo,

apertam-me o pescoço
as vozes alheias.

corro pelo corredor em ecos,
os desenhos do chão
geométricos
ausentes de ideias.

escondo-me do medo
no armário dos brinquedos
de onde tirei
o meu irmão zangado
e na boca pintada
da minha mãe
uma qualquer ordem
me emudece.

há uma janela grande no quarto
em frente ao espelho.
equilibro-me no parapeito secreto
e acontece:

"aranha de cem patas
caminha no fio que tece.
anoitece e eu sem teias.":

escrevo libertando a razão das veias.
porque me enlouquece

esta #imobilidade#.

Enviado por	Tópico
arfemo	Publicado: 09/09/2009 09:36 Atualizado: 09/09/2009 09:36
Colaborador Usuário desde: 19/04/2009 Localidade: Mensagens: 4812	Re: imobilidade Muito bonito este seu poema Alexis: há tb aqui uma "obsidiante memória"... Escreva sempre com esse vigor "libertando a razão das veias" que avenidas rasgadas se abrirão inesperadamente... Bjns arfemo

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Tópico

arfemo

Publicado: 09/09/2009 09:36 Atualizado: 09/09/2009 09:36

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Re: imobilidade

Muito bonito este seu poema Alexis: há tb aqui uma "obsidiante memória"... Escreva sempre com esse vigor "libertando a razão das veias" que avenidas rasgadas se abrirão inesperadamente...

Bjns
arfemo

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Tópico

Alexis

Publicado: 09/09/2009 16:34 Atualizado: 09/09/2009 16:47

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Re: imobilidade para arfemo

obrigada pela leitura e pelo incentivo,arfemo.continuo pelas vielas,em busca dessas avenidas.

beijinho,
alex

Enviado por	Tópico
Caopoeta	Publicado: 09/09/2009 10:34 Atualizado: 09/09/2009 10:34
Colaborador Usuário desde: 12/07/2007 Localidade: Mensagens: 1988	Re: imobilidade ..este escrito sugere-me um pesadelo, daqueles que, quando queremos acordar e nao conseguimos nem sequer nos mexer (imobilidade)..mesmo nossos gritos sao abafados pelo silencio que se faz sentir no espaço (quarto)..felizmente o tempo é curto e tudo mais nao passa do que um sonho,um sonho mau está certo ,mas um sonho. beijo

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Tópico

Caopoeta

Publicado: 09/09/2009 10:34 Atualizado: 09/09/2009 10:34

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Re: imobilidade

..este escrito sugere-me um pesadelo, daqueles que, quando queremos acordar e nao conseguimos nem sequer nos mexer (imobilidade)..mesmo nossos gritos sao abafados pelo silencio que se faz sentir no espaço (quarto)..felizmente o tempo é curto e tudo mais nao passa do que um sonho,um sonho mau está certo ,mas um sonho.

beijo

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Tópico

Alexis

Publicado: 09/09/2009 16:47 Atualizado: 09/09/2009 16:47

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Re: imobilidade para cao

"a day dreamer" é o que eu sou.e nem sei se quero "acordar".antes cansar emoções de mil passos,que o cansaço é a única paz que o espirito sente.

gosto muito que me leias e que me mostres como viajas por dentro de ti,pelos teus próprios fantasmas...
beijo,caopoeta.

Enviado por	Tópico
poesiadeneno	Publicado: 09/09/2009 16:55 Atualizado: 09/09/2009 16:55
Colaborador Usuário desde: 27/06/2009 Localidade: Mensagens: 1405	Re: imobilidade Um poema/imagem, do qual destaco esta:"escondo o medo no armário dos brinquedos". A aranha, na psicanálise dos sonhos,representa algo que nos impede de agir.Claro que a interpretação descontextualizada pode perder todo o seu significado. Apreciei. Beijo

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Tópico

poesiadeneno

Publicado: 09/09/2009 16:55 Atualizado: 09/09/2009 16:55

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Mensagens: 1405

Re: imobilidade

Um poema/imagem, do qual destaco esta:"escondo o medo no armário dos brinquedos".

A aranha, na psicanálise dos sonhos,representa algo que nos impede de agir.Claro que a interpretação descontextualizada pode perder todo o seu significado.

Apreciei.

Beijo

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Tópico

Alexis

Publicado: 09/09/2009 17:11 Atualizado: 09/09/2009 17:12

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Re: imobilidade para poesiadeneno

apreciei a tua análise "psicanalítica" do poema.faz todo o sentido.mais uma prova de que é possível "sonhar acordado",quando nos libertamos da dimensão do racional e da lógica linear,escapando à categorização tempo-espaço que nos limita a consciência.os símbolos aparecem vindos de um não sei onde e de um não sei quando.não sabia essa da aranha,acreditas?por isso deve ser verdade...perguntava-me como foi ela aparecer aqui...talvez me tivesses dado a resposta.

beijinho,"olho vivo"e obrigada por leres.

alex

Enviado por	Tópico
visitante	Publicado: 09/09/2009 21:52 Atualizado: 09/09/2009 21:52
	Re: imobilidade Alexis, Viver as perguntas e revisitar memórias é percorrer um caminho que com o tempo se fará mais conhecido, e portanto, mais seguro. Parabéns pelo poema. Beijinho, Paulo Galvão

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Tópico

visitante

Publicado: 09/09/2009 21:52 Atualizado: 09/09/2009 21:52

Re: imobilidade

Alexis,
Viver as perguntas e revisitar memórias é percorrer um caminho que com o tempo se fará mais conhecido, e portanto, mais seguro.
Parabéns pelo poema.

Beijinho,

Paulo Galvão

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Tópico

Alexis

Publicado: 09/09/2009 22:37 Atualizado: 09/09/2009 22:37

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Re: imobilidade para paulo

muitas vezes caminhamos em círculos revendo a paisagem sempre com novos olhos.

beijinhos e obrigada pela leitura.

alex

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Conceição Bernardino	Publicado: 10/09/2009 21:11 Atualizado: 10/09/2009 21:11
Usuário desde: 22/08/2009 Localidade: Porto Mensagens: 3357	Re: imobilidade Lendo o teu poema me lembrei-me do poeta Antonio Ramos Rosa, “E germinar no sono, germinar na árvore.” abraço

Enviado por

Tópico

Conceição Bernardino

Publicado: 10/09/2009 21:11 Atualizado: 10/09/2009 21:11

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Mensagens: 3357

Re: imobilidade

Lendo o teu poema me lembrei-me do poeta Antonio Ramos Rosa, “E germinar no sono, germinar na árvore.”

abraço

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Tópico

Alexis

Publicado: 10/09/2009 21:18 Atualizado: 10/09/2009 21:18

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Usuário desde: 29/10/2008

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Re: imobilidade para mathilde

vou ler mathilde.essa frase aguçou-me a curiosidade.antes disso nem sei que te dizer dela...sugere-me criação,crescimento,sonho,fruto.
obrigada por leres...

beijinho.
alex

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Tópico

Conceição Bernardino

Publicado: 10/09/2009 21:22 Atualizado: 10/09/2009 21:22

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Mensagens: 3357

Re: imobilidade para mathilde

deixo-te aqui:

Nascimento último

Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.

António Ramos Rosa
No Calcanhar do Vento - 1987

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Tópico

Alexis

Publicado: 10/09/2009 21:32 Atualizado: 10/09/2009 21:32

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Mensagens: 7238

Re: imobilidade para mathilde

"(...)
enrolar-me numa folha e dormir na sombra
e germinar na sombra,germinar na árvore
(...)
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
(...)"

ai.mathilde.obrigada.
beijinho

	Re: Palavras para continuar A.Maria 01/11/2025 20:58
	Re: Ao meu amor P/ Alpha Felisbela Baião 01/11/2025 19:07
	Re: Nova Antologia "Estação das Letras"! Felisbela Baião 01/11/2025 18:52
	Re: há quem se seque, só rosafogo 01/11/2025 10:47
	Re: Apotropaico (ou a primeira oração ao teu sorriso) rosafogo 01/11/2025 10:28
	Re: UM GRITO NO SILÊNCIO rosafogo 01/11/2025 10:18
	Re: E Nada Mais Luxena 01/11/2025 00:25
	Re: O DOCE VENENO/para rosafogo MÁRIO52 31/10/2025 18:11
	SoniaNogueira: Parabéns! (Lusaniversário) Luso-Poemas 31/10/2025 13:37
	Re: Pérola p/ Rogério Beça MarySSantos 30/10/2025 22:55
	Re: Quero invadir teu coração Odairjsilva 30/10/2025 21:12
	Re: a vingança do riso Odairjsilva 30/10/2025 21:11
	Re: O labirinto dentro de mim Odairjsilva 30/10/2025 21:10
	Re: No silêncio da noite p/ O-tavico RayNascimento 30/10/2025 19:53
	Re: De dentro RaphaelVilela 30/10/2025 19:20

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