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Re: Júlio Saraiva
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Estou verdadeiramente chocada com essa notícia, Caio.
Nem sei o que dizer. Ou melhor, não há nada a dizer.
Bj.

Criado em: 22/2/2013 16:49
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Re: 1.º Concurso Literário AlenCriativos- Comunidade Escolar- tema Audaz Fantasia
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È uma iniciativa muito louvável patrocinar eventos literários. Que outros, pessoas jurídicas ou físicas sigam esse exemplo.
Parabéns Ana, pelo evento.

Bj.

Criado em: 31/1/2013 22:46
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Re: A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS
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"Hoje o Patrão Velho resolveu deixar o céu um pouco mais gaudério...

Levou uma gurizada pra matear com ele e deixou a nossa Querência tapada de tristeza e dor.

Patrão Velho esperamos que esta gurizada tão faceira e cheia de sonhos alegre teus pagos e que eles encontrem no aconchego do teu poncho luz e paz.

Guarde-os contigo para que muito em breve o céu vire um Fandango de Galpão e não te esqueças de amparar aqueles que aqui ficaram sofrendo por ter de matear sozinhos..."

Foto e texto da páginaa do: Friolândia

Na linguagem única do Rio Grande do Sul:

gaudério: leve, alegre, despreocupado
gurizada: meninada, putos, jovens.
Querência: lugar querido, onde se vive.
Pagos: domínios, espaços.
Poncho: Espécie de capa, roupa típica do R. G. do Sul.
Fandango: Dança típica gaúcha.

Criado em: 28/1/2013 19:40
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Re: A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS
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O escritor Fabrício Carpinejar, do Rio Grande do Sul, fala nesta crônica, da tragédia acontecida nesta madrugada de domingo, em que centenas de jovens,a maioria universitários, morreram numa boate incendiada, em Santa Maria - RS.
Fala por nós, que também morremos um pouco, porque somos pais, porque dá para nos imaginar neste lugar, de esperar um filho, ou filha da balada... mas que não vai voltar. Celulares de vítimas tocavam enquanto os bombeiros retiravam seus corpos da boate... Que cena triste!

Criado em: 27/1/2013 17:29
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A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS
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Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

Fabrício Carpinejar

Criado em: 27/1/2013 17:23
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Re: estou errado?
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Abre aspas: os medíocres ganharam, o mundo é deles. Fecha aspas. Numa frase se resume tudo.
Queria ainda ser contaminada por uma boa foice, fé-cega , faca amolada. Mas, valorizo quem ainda o tenta. Mas, como instrumento de corte, ou de crítica escolheria o rodo. Passava o rodo geral... Mas, não gosto de enxugar gelo, chover no molhado.

:)

Criado em: 15/1/2013 16:54
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Re: Outra da Hilda Hilst:Delicatessen
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Acabei de descobrir quem é a mãe da SeráABenedita. Só podia ser: Hilda Hilst! kkkkkkkk

Criado em: 15/1/2013 10:59
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Outra da Hilda Hilst:Delicatessen
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Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais. Das criaturas. Vá lá. Gosto de voltar a este tema. Outro dia apareceu uma moça aqui. Esguia, graciosa, pedindo que eu autografasse meu livro de poesia, "tá quentinho, comprei agora". Conversamos uns quinze minutos, era a hora do almoço, parecia tão meiga, convidei-a para almoçar, agradeceu muito, disse-me que eu era sua "ídala", mas ia almoçar com alguém e não podia perder esse almoço. Alguém especial?, perguntei. Respondeu nítida: "pé-de-porco". Não entendi. Como? "Adoro pé-de-porco, pé-de-boi também". Ahn... interessante, respondi. E ela se foi apressada no seu Fusquinha. Não sei por que não perguntei se ela gostava também de cu de leão. Enfim, fiquei pasma. Surpresas logo de manhã.

Olga, uma querida amiga passando alguns dias aqui conosco, me diz: pois você sabe que me trouxeram uma noite um pé-perna de porco, todo recheado de inverossímeis, como uma delicadeza para o jantar? Parecia uma bota. Do demo, naturalmente. E lendo uma entrevista com W. H. Auden, um inglês muito sofisticado, o entrevistador pergunta-lhe: "O que aconteceu com seus gatos?" Resposta: "Tivemos que matá-los, pois nossa governanta faleceu". Auden também gostava de miolo, língua, dobradinha, chouriços e achava que "bife" era uma coisa para as classes mais baixas, "de um mau gosto terrível", ele enfatiza. E um outro cara que eu conheci, todo tímido, parecia sempre um urso triste, também gostava de poesia... Uma tarde veio se despedir, ia morar em Minas... Perguntei: "E todos aqueles gatos de que você gostava tanto?" Resposta: "Tive de matá-los". "Mas por quê?!" Resposta: "Porque gatos gostam da casa e a dona que comprou minha casa não queria os gatos". "Você não podia soltá-los em algum lugar, tentar dar alguns?" Olhou-me aparvalhado: "Mas onde? Pra quem?" "E como você os matou?" "A pauladas", respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin(?????) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las? Oscar, traga os meus sais.



- Crônica de Hilda Hilst para o Correio Popular de Campinas-SP -

Criado em: 15/1/2013 10:58
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Re: COM A DELICADEZA DE CLARICE LISPECTOR PARA O LUSO: PRECISA-SE
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Para "beber", ler e embriagar-se. Não necessariamente nesta mesma ordem.
Abraços,

Sandra.

Criado em: 11/1/2013 15:56
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COM A DELICADEZA DE CLARICE LISPECTOR PARA O LUSO: PRECISA-SE
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Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Clarice Lispector
Extraído do site A Magia da Poesia

Criado em: 11/1/2013 15:55
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