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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
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17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Camarada,
E deste poema tenho muito orgulho. É uma das tais sensações que é difícil de explicar, as que metem os pêlos em pé... e se pensarmos que estou representado no blogue do sítio dos peludos, bom!, conclusão: eles são bastantes. Arrepia mesmo ouvir este hino.
Um abraço
Xavier Zarco

Criado em: 30/7/2009 19:33
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Pois, hoje o convite é escutar o Hino de Santa Clara, que é a minha terra, onde nasci e da qual tenho o privilégio de ser o autor do respectivo hino. O "link" é o seguinte:

http://www.jfsantaclara.com/

No topo encontrarão onde este hino se pode escutar.

Aproveito também para "postar" aqui a explicação do mesmo, naturalmente segundo o próprio autor, ou seja: eu.

Espero que este - sobretudo este meu trabalho - seja do vosso agrado (sobre este não aceito críticas, excepto as positivas).



EXPLICAÇÃO DO HINO DE SANTA CLARA

O Hino de Santa Clara foi apresentado pela primeira vez em vinte e cinco de Novembro de dois mil e quatro, no âmbito das comemorações dos cento e cinquenta anos da fundação da freguesia de Santa Clara num dos locais de excelência dos seus domínios, o Convento de São Francisco.

Com letra de Xavier Zarco e música de Alexei Valerievich Kozlov Iria, foi cantado pelo Coro de Santa Clara sob os acordes da banda da Sociedade Filarmónica Penelense. No entanto, as honras da estreia foram para um grupo de crianças do Clube dos Tempos Livres de Santa Clara, os Santaclarinhas.

Assente em dois grupos de quadras e um refrão, também ele em quadra, que se repete no início e fim, bem como entre as duas sequências, o Hino de Santa Clara segue a linha popular ao escrever-se em redondilha maior, com versos de sete sílabas métricas, e com um esquema de rima cruzada, predominantemente grave ou inteira.

Inicia com o aproveitamento das designações do património e referências geográficas, dando-nos a ideia de um movimento necessário para a compreensão sensível do local em foco, Santa Clara. Segue os passos da Paixão pelo Monte da Esperança, embora correspondam, os passos da Paixão, de facto, às três capelas existentes na Calçada de Santa Isabel, assim como o monte que por ela se sobe se chame da Esperança, traz-nos uma outra mensagem, um outro conceito.

Esperança significa esperar com confiança um bem futuro, algo que se sabe ou sente como provável, que se deseja, uma expectativa, uma suposição. Por seu turno, paixão, para além de estar associada aos padecimentos de Cristo desde a captura até ao calvário, vale também como ímpeto ou entusiasmo.

Uma audição sem se conhecer as referências mencionadas, patrimoniais e geográficas, diz-nos que para se alcançar algo que se julga possível, há que investir por um caminho de vontade, que é a nossa própria via. Daí a sequência, segue e sente, seguir a via para poder sentir. E o que pode sentir, se seguir a via, é a própria memória de Santa Clara, a que existe no facto concreto dos monumentos e a que se transmite por lendas, pela oralidade.

No entanto, a História não se edifica somente por quem a memória preservou o nome, mas, e, porventura, sobretudo, pelos que ficam no anonimato, mas que por sua acção foram as mãos que deram [a] vida a esta terra.

No segundo e último grupo de estâncias, a necessária alusão aos marcos importantes que fazem de Santa Clara um ponto de referência ao nível mundial. Por um lado, a ligação de Santa Clara aos amores de Pedro e Inês identificada como terra de amor ofendido pelo tempo eternizado e com a lenda do milagre das rosas sendo esta aludida como roseiral de pão florido em regaço coroado.

O final do poema como que qualifica a terra, o valor da terra, como elemento matricial onde se desenrolam os actos enformadores da memória que embora seja dira, cruel, não deixa de ser doce. Porque sendo de fortuna, no sentido da deriva dos tempos, do desenrolar da História, da crise da sucessão ao trono de Portugal, do início do século catorze, às invasões francesas, da industrialização à pressão imobiliária, porque Santa Clara não ficou incólume a todos esses momentos, não perdendo o seu encanto, muito pelo contrário, antes soube superar cada um dos instantes por mais negativo que fosse.

Talvez seja essa a sua verdadeira magia e que a levou a ser uma das localidades em Portugal mais cantadas pelos poetas, muito por via de Inês de Castro, mas, também, pela sua beleza intrínseca, um aspecto que advém dos tais anónimos que souberam depurar a argamassa com que se erguem as estrofes.

E por ser este último o mais valioso pormenor de todos, a força e o querer das suas gentes, que o refrão menciona ser Santa Clara um poema nado em sossego, no dia a dia, no decurso da respiração que marca a cadência do que tem de ser feito e que seus versos semeara, porque há o intuito de haver futuro, no que, desde os seus primórdios, foi, quase direi, o seu martírio, as águas do rio Mondego, levando, por exemplo, ao fim do Mosteiro de Sant’Ana, mas, também, o seu impulsionador, fazendo com que se expandisse pelo monte da Esperança.



Um abraço
Xavier Zarco

Criado em: 29/7/2009 20:51
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Camarada Caopoeta,
Como bem sabes isso é bastante difícil de ocorrer. Embora este tópico seja de "umbigo", ou seja: diga o que fez o indivíduo em apreço, propiciou este debate, tal como outros que deveriam ocorrer. Quem se expõe tem de possuir capacidade para, sobretudo, saber "ouvir". Volto a referir que até hoje não tive a sensação de crescimento em escrita através do sistema de "palmadinha nas costas", mas através da discussão franca. Embora, também confesse, que nunca revelei a minha metodologia criativa, mas quem me ler saberá muito certamente por que etapas ela se rege.
Um abraço
Xavier Zarco

Criado em: 26/7/2009 23:48
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Cara Alexis,
Fantástico exercício hexassilábico do Carlos Drummond de Andrade. Obrigado por esta oferenda para leitura. Mesmo sendo o poeta um fingidor, como anunciava o Pessoa, ele transpira sempre um pouco, ou muito, do que ele é. Mas o poeta não cria para consumo próprio. Ele cria porque julga, tem a pretensão de que tem algo a dizer. O que se diz, para além do emissor, necessita de um receptor e é para este último que a missiva se dirige. As gavetas são sempre muito maus sítios para o repouso da palavra, não para a depuração das palavras.
Um beijo
Xavier Zarco

Criado em: 26/7/2009 18:11
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Cara Alexis,

Naturalmente que a fronteira entre o que se escreve e o que se é, melhor: o que se experienciou; é ténue. No entanto, por via dos múltiplos processos criativos, muitas vezes faz-se o contrário do que de facto se pensa.

O debate sobre processos seria sem dúvida um tópico bastante relevante.

O certo é que sou muitas vezes diverso do que escrevo, sobretudo pela forma como desenvolvo alguns conceitos e pelo facto de não colocar amarras na forma como lá chego.

Isto não quer dizer que todos os meios justificam os fins, mas que há necessidade de esquecer o que sou para que a missiva seja o mais clara possível para o fim que preconiza.

Dou-lhe um exemplo: há um ciclo aqui, no Luso-Poemas, publicado chamado "Sonho de Benta de Aguiar", o qual tem múltiplas referencias cristãs.

Tive necessidade de entrar nesse universo, sentir-me como cristão (o que não sou). Não sei se o consegui, mas, pela maneira como me chegou certa informação, apontam que tal efeito foi conseguido.

Um beijo
Xavier Zarco

Criado em: 26/7/2009 17:13
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Pois, Alexis, a questão é que aqui só consta o tipo que escreve. Não o indivíduo que vive de facto, o que é cidadão, pai, marido, etc., etc.. Sequer aqui se pode ou deve revelar como ou por que processo se chega àquilo que os outros lêem. O que conta é o resultado final, as palavras alinhadas para a decifração do outro, daquele que toma posse daquilo que por muito ou por escasso instante foi somente nosso. Do eternamente (ou talvez não) desconhecido, um beijo
Xavier Zarco

Criado em: 26/7/2009 16:07
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Camarada,
Como o "link" de ontem é para um pequeno ciclo poético, abaixo referido o de "Ordálio", aquele que deveria ter sido o meu primeiro livro editado, mas que ficou somente na promessa da editora da altura, ganhando vida somente em 2004, quando o deveria ter sido entre 1990 e 1995 (já não me recordo).

http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/ordalio.htm

Boa leitura
Xavier Zarco

Criado em: 26/7/2009 14:30
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Bom, fica aqui mais um "link", desta vez relativo ao "In Memoriam de John Lee Hooker":

http://virtualbooks.terra.com.br/osme ... am_de_John_Lee_Hooker.htm

Com votos de boa leitura

Xavier Zarco

Criado em: 25/7/2009 20:12
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Bom!, continuando na senda de auto-promoção, deixo-vos hoje o "link" para "Palavras no Vento":

http://virtualbooks.terra.com.br/osme ... res/palavras_no_vento.htm

Boa leitura

Xavier Zarco

Criado em: 21/7/2009 20:24
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
E hoje deixo-vos o "link" para o "Acordes de azul"

http://virtualbooks.terra.com.br/osme ... tores/acordes_de_azul.htm

Boa leitura

Xavier Zarco

Criado em: 18/7/2009 18:08
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