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Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever

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29/1/2012 12:43
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Concordo com vocês em quase tudo.
Só faço uma ressalva quanto aos tópicos iniciais. Na minha opinião, depende do estilo do poeta ou do tipo de texto que está produzindo. Costume escrever muitos como narrativa nas primeira e terceira pessoas. Quando utilizo a terceira, não me contento em permanecer neutro e ser mero narrador/observador. Uso os adjetivos para reforçar a ideia e também para. de certo modo, justificar a intromissão do pretenso narrador.
Também noto que esse escrever sintético aproxima-se muito da linguagem jornalistica. E costuma usar esse tipo quando escrevo mais aproximado para essa verve. Mas, não gosto muito. Os modernos "manuais de redação e estilo", principalmente usados pela grande mídia ditam regras, tentam dizer o que temos que ouvir e escrever, chegando a limitar numero de palavras numa frase e "proibir" o uso de certos termos.
Dois exemplos: há alguns anos, alastrou-se a " gripe suína", com grande repercussão. Passados seis meses, os suinocultores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul passaram a sentir que estava sendo feita uma propaganda negativa que poderia prejudicar o negócio. Como por encanto, toda a imprensa "esqueceu-se" da palavra "suína" passando a chamar a gripe por outro nome. O mesmo aconteceu com a "gripe do frango".
Olhe que não foi um ou outro jornal. Todos os órgãos de imprensa, sem exceção adotaram a conduta. Numa unanimidade incrível. Nunca mais se ouviu falar de forma a associar a gripe ao frango ou aos suínos.

Por que estou falando de frangos e porcos? Por que, esse exemplo que citei é uma censura ao livre pensamento, tolhendo a expressão.


Sei que estou me alongando e me afastando do assunto, mas, somente a título de ilustração.


Um trecho de " Iracema" de José de Alencar.

" Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha rescendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas."

Isso é literatura.

Se fosse jornalismo seria mais ou menos assim:

" Iracema era virgem e nasceu em local remoto. Tinha longos cabelos negros, sorriso doce e hálito perfumado. De etnia tabajara, ágil e graciosa, costumava percorrer a pé o território ocupado pela tribo."

Se a " abolição da adjetivetura" , das palavras repetidas e outros recursos vierem a exacerbar a concisão, corremos o risco de termos que ouvir cada vez mais a expressão ( odiosa por sinal ) " tipo assim".


- Joãozinho, o que é a água?
- àgua, "pfissora" é tipo assim, coisa molhada.

Um abraço a todos

Criado em: 10/9/2013 20:50
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Re: Clássicos do Luso - p/ Mary

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29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Mary, obrigado pela lembrança, mas também não creio merecer o título. Clássicos são os já citados nas outras listas. Não os li na totalidade, mas não tenho nenhum reparo a fazer nas indicações. Um abraço.

Criado em: 14/7/2013 21:26
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Re: A Música que nos inspira

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29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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não sei se vai sair o vídeo, mas o link está ai.


Criado em: 23/4/2013 14:51
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Re: Testando 1,2,3...

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29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Fotograma e Milton

Querem me convencer?
então ... escrevam cada um de vocês, na 1ª pessoa, um poema relatando uma experiencia homossexual. Depois venham me dizer que ninguém vai achar que são duas bichas.
sei que chutei o pau da barraca rs rs

Luiz

Criado em: 22/4/2013 20:52
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Re: Testando 1,2,3...

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Certo que não. Também Robert Stevenson não era médico, nem monstro nem pirata. Julio Verne não era Nemo e nunca esteve na lua e tão pouco Homero era Agamenon ou Heitor. E Walt Disney jamais usaria roupa de marinheiro e sairia grasnando por ai. Mas existe poesia de ficção? Deve o poeta mostrar em sua obra quem realmente é, declarando princípios e expondo caráter e personalidade ? Cito a obra de Augusto dos Anjos por achar um exemplo clássico. Independente de escrever poemas sombrios ou escrever poemas de amor e saudade, acho que o poeta não pode ser mero ficcionista.

Criado em: 22/4/2013 12:24
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Re: Testando 1,2,3...

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Fotograma,
a questão que apresento é a seguinte:
eu posso escrever um poema relatando parricídio e incesto na 1ª pessoa sem que seja ligado aos fatos.

só acho que quando exprimo ideias que são minhas e não de um “ eu lírico” teria que ser coerente.

Daí, acho o seguinte ( mas nem sempre achei isso. Estou pensando desde alguns poucos anos )

se escrevo

matei meu pai
estuprei minha mãe

estou colocando atos e sentimentos meus como autor


se digo, no mesmo poema

matou o pai
estuprou a mãe

estarei colocando os sentimentos e atos do “eu lírico”

vou refletir bem sobre isso.

Criado em: 22/4/2013 0:48
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Re: Testando 1,2,3... - p/ GELComposições

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Gustavo, concordo com o que o Felipe tão bem expôs.
Só gostaria de acrescentar um aspecto que acho interessante. Foi uma coisa que só vim a perceber depois de muitos anos escrevendo poemas.
Não sei se concordo, mas também é um aspecto para discussão.
Vamos lá:
O poeta transmite suas impressões, sua vivencia, seu modo de ver sobre pessoas, fatos, situações, etc.
Então, o certo é que se usa sua escrita na 1ª pessoa ele está revelando suas impressões. Ou seja, está se desnudando expondo a personalidade e o caráter representando no seu modo de ver as coisas que o cercam.
Quando usa a 3º pessoa, não está necessariamente revelando seu pensamento e sim o que conseguiu amealhar com sua experiência de vida e observação, podendo ou não concordar com o que escreveu.

Veja bem que é uma opinião minha e reitero que nem sempre pensei assim.

Quando o “ eu lírico” nos revela


“ .... vou logo avisando, eu amo o errado ...


eu entendo que você revelou uma nuança de caráter e personalidade. Então, tudo leva a crer que nos seus poemas passados e nos futuros você não pode contradizer-se, já fez a sua “ profissão de fé”, digamos assim. Repito que nem sempre pensei assim. Sempre acreditei que o “ eu poético” tinha liberdade de mudar, adaptar-se, negar-se, reinventando-se a cada poema. Foi assim em mais de 5.000 poemas que escrevi até uns três ou quatro anos. Não vou reescrever todos, mas estou prestando mais atenção nas contradições.

Se eu escrevi um poema dizendo
... tenho medo do escuro ..”

não resta coerente ( hoje ) escrever outra, na 1º pessoa dizendo

... não tenho medo das sombras da noite ...

é uma contradição. E existem leitores que cobram essa postura. E não estão errados.


“ ...como a alegria que chega com uma dose certa de álcool no sangue;
o prazer da aposta, do risco blefe, da carta na manga;
a cobiça atiçada na troca de olhares com a morena da mesa ao lado;
o perigo do flagra no roubo do beijo;
o velocímetro acima dos cento e oitenta;
o tesão pelo sexo fácil, comprado na esquina...


neste trecho revela-se um caráter dissoluto, nos moldes da aceitação da sociedade atual. O Felipe discorreu bem sobre isso no comentário dele.

Daí, vai ser outra contradição se escrever um poema enaltecendo valores que não sejam esses. Você já afirmou quais são seu valores. Cobra-se de você uma coerência.


o trecho final:

... não consigo encontrar uma visão mais linda que uma bela mulher nua na cama, com as pernas aos meus comandos, entregue...

Essa é a sua “ visão mais linda”. E para quem cobra coerência, vai ser para sempre a “mais linda” visão que você tem.


Se você resolver escrever

“... a linda visão de um sorriso de criança ...

ou

... a inebriante visão do reflexo dos seus olhos ...

outra vez vai se contradizer, por que já afirmou categoricamente:

... não consigo encontrar uma visão mais linda que uma bela mulher nua na cama...

estaria sendo hipócrita? ??

E qual seria a solução, se é que há?

seria escrever determinadas opiniões e fatos na 3ª pessoas, como uma interpretação que tem e não necessariamente concorda ou a adota como regra de vida. Mesmo por que, mesmos endo uma visão extremamente agradável, não acredito que seja “ a mais linda” e que “ não consigo encontrar” outra. Também marcando, caso seja necessário se concorda ou adota o comportamento que descreve.

Quando se escreve sobre vários temas é mais difícil exercer essa coerência. Você acaba se perdendo ou mesmo apresentando afirmações antagônicas que podem ser fruto de uma mudança de opinião sobre um fato ou situação ou mesmo um esquecimento. Coisa assim como se eu escrevo hoje:

.. gosto das flores se abrindo ao sol ...

tenho que me lembrar se há trinta anos atrás não escrevi justamente o contrario, podendo ser chamado de hipócrita.

Veja, do modo que escrevi ... quando se escreve.... não estou afirmando que eu escrevo e nem que você escreve assim.
Estou me referindo a uma conduta que pode ser ou não a minha, a sua, a do Zé, ou a do Antonio. Uma conduta que sei que existe e estou expondo.

Mas é preciso refletir muito sobre esse assunto. Senão descamba.
um abraço

Criado em: 21/4/2013 19:13
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Re: I Evento Luso-Poemas/2013

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Boa sugestão. Mas, com apenas três quesitos e três notas, a possibilidade de empate aumenta, e muito. Como seria feito o desempate? Uma nova votação somente com os empachados iria ficar meio cansativo. Havendo mais quesitos e mais notas é menor a possibilidade de empate. E tem ainda que podem ser eleitos mais poemas, além do que teve a maior nota, o de maior nota em cada um dos três primeiros quesitos.



PS. Adoro uma burocracia rs... rs...

Criado em: 4/2/2013 18:25
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meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."


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Re: I Evento Luso-Poemas/2013

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
Mensagens: 2090
Boa tarde,

também sem querer interferir e só a titulo de sugestão.

Não acho correto dar zero a um poema, por pior que seja. Afinal, tenho certeza que, pelo menos eu, não tenho uma foice afiada.

Sugiro que seja todos os poemas tenham a nota 100 e sejam descontados pontos considerando
a) a melhor abordagem ao “mote -até 10 pontos-;
b) o título- até 5 pontos -;
c) a originalidade- até 10 pontos;
d) a criatividade - até 10 pontos;
e) a qualidade da escrita - até 5 pontos.

Ou outros quesitos que acharem importantes. Partindo de 100 e descontando pontos acho que seria uma forma mais correta de dar uma nota.

Luiz Morais


Criado em: 4/2/2013 17:49
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Re: I Evento Luso-Poemas/2013

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
Mensagens: 2090
Meus caros:

É certo que um poema que se destina a um certame deve ser inédito. Confesso que até agora não tive a atenção despertada para a divulgação ou não do trabalho antes do término do evento. Neste nosso caso em particular, concordo com o ZéSilveiradoBrasil.
E sem mencionar que, nos certames, apenas quem vai julgá-los tem acesso a eles. O que não ocorreu no nosso caso. Os poemas participantes podem ser visualizados por todos. Assim a ser proibir a divulgação, o local deveria ser restrito. Aberto apenas aos participantes que também irão apreciar os textos.

Luiz Morais

Criado em: 4/2/2013 13:51
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