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Re: Livros favoritos - "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino

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29/1/2015 10:19
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Compartilho contigo, caro Benjamin, a admiração por esse livro tão singular. Compilar narrativas fantásticas a partir da também fantástica viagem de Marco Polo foi de uma felicidade rara dentre as muitas que Ítalo Calvino nos presenteou com sua obra.

Também sempre trago para minha reflexão sobre a impossibilidade da felicidade humana o singelo quadro da cidade dupla, supra e subterrânea, onde os mortos têm uma existência tão distinta quanto possível de sua vida real. Penso que tais subterrâneos sejam também os nossos subconscientes onde as fantasias inconfessáveis e os sonhos irrealizáveis são fruídos intimamente. Que narrativa simples e profunda a um só tempo, não é mesmo?

Oxalá Cidades Invisíveis continue sempre nos inspirando a amar o ser humano e sua diversidade!!

Grande abraço, RicardoC.

Criado em: 22/11/2023 22:40
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Re: Comentário a "A VERDES", de RicardoC

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29/1/2015 10:19
De Betim - Minas Gerais - Brasil
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Caríssimo, li com grande alegria o apanhado de tua leitura atenta de meu trabalho. Muito me honra a atenção com que me distinguiste, bem como a profundidade com que me lês.

D'um modo ou d'outro, acredito que a poesia possa promover o encontro de sensibilidades, mesmo em oceanos de dados digitais como essas páginas do Lusos.

Muito bom ter acontecido!

Muito obrigado mesmo!

Abraços, RicardoC.

Criado em: 19/4/2023 14:32
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Re: Comentário a “Ecdise” de MarysSantos

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29/1/2015 10:19
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Comentário ao poema ECDISE e ao comentário

Concedo: O título é extremamente poético e acertado. Trazer do fenômeno metamórfico da larva do bicho-da-seda a ideia de trocar de casca sem se perder a essência é, sem dúvidas, uma imagem muito rica em si. Traz toda a poesia a simples palavra.

À luz do fenômeno evocado pelo título, contudo, o verso dos casacos se bastando para um abraço sem corpos — algo surreal, à primeira vista — sugere-me antes a transitoriedade da casca do que qualquer ideia de autossatisfação solitária. Penso n'um paralelismo, a saber: o exoesqueleto do bicho-da-seda está para o ser humano assim como casaco que o cobre. Mesmo sem os corpos, guardados em contacto, casacos lembram o carinho que já houve.

Abraços entre roupas não são inéditos. Penso em Chico Buarque "Se na desordem do armário embutido / Meu paletó abraça teu vestido ..." Sugerem um quê de abandono, mas também de intimidade, como se as roupas, às ocultas, também tivessem seus jogos afetivos de segunda pele. Fantasias do olhar humano a se projetar sobre as coisas... Enfim, poesia.

Não obstante, a sequência parece cortar o devaneio intimista do leitor com uma explicação objetiva, afinal, cada casaco tem uma função: um aquece e outro protege. Talvez a escritora os vista ao mesmo tempo, não sei... Um pode ser felpudo; o outro, impermeável... Pode ser. O facto é que têm uma razão de ser prosaica esse abraço, não a recordação amorosa da letra da música de Chico, por exemplo. Os casacos estão juntos porque costumam ser usados juntos. Ambos conformam o exoesqueleto a ser deixado de lado quando o eu-poético se despe.

Nudez que, aliás, se concretiza na última quadra. Sim, abandonados os casacos, a pessoa conquista outras peles (novas roupas? faz mais resistente a própria pele nua?) para se revestir protegida.

A metamorfose se completa: O exoesqueleto é deixado de lado e o tecido subcutâneo exposto cria casca.

Embora um poema curto, deixa uma ideia feliz de que estamos sempre em transformação.

No demais (como recria, à guisa de conclusão, a autora) agradeço ao caríssimo Rogério Beça a leitura atenta que me atraiu para esse primor de escrita da nossa MarysSantos. Dentro do oceano de palavras do Lusos, é bom seguir os percursos de nautas sensíveis a descobrir tesouros na vastidão.

É isso.

Grande abraço a Rogério Beça e palmas a MarysSantos.

RicardoC.







Criado em: 19/4/2023 12:03
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