Distinção entre os géneros textuais
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Iniciamos hoje a publicação de alguns textos que pretendem servir de incentivo ao debate de temas considerados pertinentes e relacionados com a escrita.
Convidamos todos os luso-poetas a dar o seu contributo, nesta discussão saudável e para a qual todas as ideias são importantes.


Distinção entre os géneros textuais

Estabelecer os géneros textuais, é sempre difícil e, por vezes, desagradável. Deve, no entanto, haver alguma marca textual fundamental para que se possa definir prosa poética e poesia.
Na poesia, sob o ponto de vista básico são os versos (verso é cada uma das linhas que constituem um poema) e, consequentemente, as estrofes.
Na prosa ocorre a ausência de versos (quase sempre) e o conteúdo escrito desenvolve-se linearmente, sendo que, no lugar das estrofes temos os parágrafos. A marcação de ritmo é comum para os dois géneros.
Um determinado texto não deverá ser considerado prosa, caso haja a predominância de estrofes e a ausência de parágrafos, algo comum e natural para um texto em poesia.
Para se considerar um texto como prosa, geralmente não é observado a marcação de ritmo assim como é visto na poesia, sendo que, no entanto ela existe. Contudo, verifica-se nesse género textual a não obediência a nenhuma convenção no que concerne a tratados de poética.
A prosa poética é um género que ajuda na dissolução dos géneros literários estanques. A prosa poética constitui num género de carácter, pensamento, e forma de expressão livre, havendo uma descontinuidade de linhas na sua concepção geral, além de ter características que a diferenciam plenamente da poesia, apesar de estar ligado a denominação “prosa”.
A licença poética é uma atribuição que se emprega em casos de dificuldades para denominar alguma atitude do autor em determinado texto. São exemplos as inovações linguísticas, como processo de composição e formação de palavras (neologismos), estruturas sintácticas que diferem a norma padrão vigente ou atribuições de ordem semânticas (mudanças de significados).

Criado em: 16/9/2008 22:32
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Re: Distinção entre os géneros textuais
Colaborador
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11/9/2007 19:17
Mensagens: 4246
O gênero textual é a realização de qualquer texto, seja oral ou escrito, produzido por um usuário de uma língua em certo momento histórico. Assim, os usuários da lingua podem reconhecer certos textos como exemplares de certos gêneros textuais, como uma carta pessoal, uma entrevista, um artigo de opinião, uma aula expositiva, dentre outros. O estudo do gênero textual não pode prescindir da contribuição do teórico russo Bakhtin, o primeiro a discorrer sobre o gênero do discurso fortemente associado à idéia da lingua como uso social, portanto dialógica. Ele foi responsável por introduzir nos estudos da filosofia da linguagem: o dialogismo. (Fonte:wikipédia)
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Muito se tem falado sobre a diferença entre "tipos textuais" e "gêneros textuais". Alguns teóricos denominam dissertação, narração e descrição como "modos de organização textual", diferenciando-os das nomenclaturas específicas que são consideradas "gêneros textuais".

A fim de simplificar o entendimento de diversos estudos em torno desse assunto, foi criado o quadro abaixo, pautando-se no estudo de Luiz Antônio Marcushi.

Tipos textuais Gêneros textuais
Designam uma seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal.
Narração
Descrição
Argumentação
Injunção
Exposição Carta pessoal, comercial, bilhete
Diário pessoal, agenda, anotações
Romance
Resenha
Blog
E-mail
Bate-papo (Chat)
Orkut
Vídeo-conferência
Second Life (Realidade virtual)
Fórum
Aula expositiva, virtual
Reunião de condomínio, debate
Entrevista
Lista de compras
Piada
Sermão
Cardápio
Horóscopo
Instruções de uso
Inquérito policial
Telefonema etc.


BIBLIOGRAFIA INDICADA
DIONÍSIO, Angela Paiva, MACHADO; Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

MARCUSHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

Criado em: 16/9/2008 23:31
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"A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas." (Rabindranath Tagore)
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Re: Distinção entre os géneros textuais
sem nome
MISSAL - Prosa Poética
Cruz e Souza


ORAÇÃO AO SOL


Sol, rei astral, deus dos sidérios Azues, que fazes cantar de luz os prados verdes, cantar as águas! Sol imortal, pagão, que simbolizas a Vida, a Fecundidade! Luminoso sangue original que alimentas o pulmão da Terra, o seio virgem da Natureza! Lá do alto zimbório catedralesco de onde refulges e triunfas, ouve esta Oração que te consagro neste branco Missal da excelsa Religião da Arte, esmaltado no marfim ebúrneo das iluminuras do Pensamento.
Permite-me que um instante repouse na calma das Idéias, concentre cultualmente o Espírito, como no recolhido silêncio das igrejas góticas, e deixe lá fora, no rumor do mundo, o tropel infernal dos homens ferozmente rugindo e bramando sob a cerrada metralha acesa das formidandas paixões sangrentas.
Concede, Sol, que os manipanços não possam grotescamente, chatos e rombos, com grimaces e gestos ignóbeis, imperar sobre mim; e que nem mesmo os Papas, que têm à cabeça as veneráveis orelhas e os chavelhos da Infalibilidade, para aqui não venham com solene aspecto abençoador babar sobre estas páginas os clássicos latins pulverulentos, as teorias abstrusas, as regras fósseis, os princípios batráquios, as leis de Crítica-megatério.
E faz igualmente, Sultão dos espaços, com que os argumentos duros, broncos, tortos, não sejam arremessados à larga contra o meu cérebro como incisivas pedradas fortes.
Livra-me tu, Luz eterna, desses argumentos coléricos, atrabiliários, como que feitos à maneira das armas bárbaras, terríveis, para matar javalis e leões nas selvas africanas.
Dá que eu não ouça jamais, nunca mais! A miraculosa caixa de música dos discursos formidáveis! E que eu ria, ria – ria simbolicamente, infinitamente, até o riso alastrar, derramar-se, dispersar-se enfim pelo Universo e subir, aos fluidos do ar, para lá no foco enorme onde vives, Astro, onde ardes, Sol, dando então assim mais brilho à tua chama, mais intensidade ao teu clarão.
Pelo cintilar de teus raios pelas ondas fulvas, flavas, ó Espírito da Irradiação! Pelos empurpuramentos das auroras, pela clorose virgem das estepes da Lua, pela clara serenidade das Estrelas, brancas e castas noviças geradas do teu fulgor, faculta-se a Graça real, o magnificente poder de rir – rir e amar, perpetuamente rir… perpetuamente amar…
Ó radiante orientalista do firmamento! Supremo artista grego das formas indeléveis e prefulgentes da Luz! pelo exotismo asiático desses deslumbramentos, pelos majestosos cerimoniais da basílica celeste a que tu presides, que esta Oração vá, suba e penetre os etéreos passos esplendorosos e lá para sempre viver, se eternize através das forças firmes, num álacre, cantante, de clarim proclamador e guerreiro.

Criado em: 17/9/2008 14:25
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Re: Distinção entre os géneros textuais
sem nome
Suponho que haja mais afluência, caso seja criado um espaço próprio para estas reflexões, que são de muita importância.

Criado em: 18/9/2008 20:52
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Re: Distinção entre os géneros textuais
Participativo
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30/10/2007 18:56
De Coronel Fabriciano-MG / Brasil
Mensagens: 18
A POESIA e o TEXTO não são antagônicos como parece antever, eles são o resultado da experiência adquirida nos “caminhos da vida”.
Quando nos baseamos no TEXTO, estamos mostrando “fotografias” de algo que nos chegou ao conhecimento e, do qual, temos um domínio gerencial, no entanto, ao utilizarmos a POESIA temos a necessidade de sairmos do virtual ou dos “espelhos fotográficos” montados, com labor, peça a peça do que estaria conjugado ou agregado, para ser visto ou utilizado por algo ou alguém.
A POESIA é um estado da alma ou do espírito descortinado aos que se interessar visualizá-la. Não têm os parâmetros da cátedra, escolaridade ou do estável, não permite regras como a que conhecemos no dia-a-dia. A sua “ação” depende da mente que a produz ao bel-prazer da vontade, ela é envolvente e, ao mesmo tempo, evasiva e desagregada, se não é estável também não o é instável.
Só de uma condição ela não escapa:
A fantasia! Orquestrada sob a batuta do ser pensante!
Mesmo assim, de quando em vez, a POESIA se torna real em razão de outras mentes que, não a utilizando para a fantasia, conseguem produzir alguma coisa que a torna palpável e crível.
Para um escritor famoso, ou mesmo principiante e desconhecido, competente ou incapaz, é muito mais fácil escrever às suas obras baseadas na poesia e no texto, todavia, quando se trata de texto, cientifico ou não, o caminho para ele é muito mais difícil, terá que extrair da sua mente os argumentos a serem colocados nas “auto-estradas” das páginas sem a ajuda das “vicinais afluentes” que são o Texto e a Poesia, fornecedores dos assuntos a serem inseridos.
Para os que venham a discordar dessa minha opinião, devo dizer-lhes que a mãe de todas as coisas materiais é a MENTE, razão de ser da realidade, justamente pela sua inconstância criativa voluntária. A cada ação da ficção, a realidade vai se fortalecendo e tendo aparadas às suas improbabilidades irreais, que são aspiradas para o cerne da fantasia contida na obra assim referenciada.
Resumindo...
Para um escritor criar a sua obra TEXTUAL, ele deverá pesquisar viajar, ler e saber o máximo possível para iniciar o seu trabalho.
O escritor de POESIA nada tem para pesquisar a não ser se munir da criatividade, retirando da sua mente os dados desejados, ou seja:
“Ler” o que não está escrito, “ver” o que não foi estampado ou, fotografado, “ouvir” o que não lhe foi dito e, “criar” sem ter ajuda externa ou às “vicinais” que o levariam a uma délivrance da sua obra.
É O QUE PENSO COMO... EMPÍRICO!

Sebastião Antônio Baracho
conanbaracho@uol.com.br
Fone: (31)3846-6195.

Criado em: 26/9/2008 13:59
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