Crítica literária ao poema do utilizador Alberto da Fonseca «Poema sem título, não o merece»
sem nome
Li hoje aqui um poema que não me deixou indiferente, e perante a qualidade do mesmo, não resisti, agora que me assumi como o único não amador deste site, a comentar literariamente, mesmo que «o mesmo» se encontre editado numa área deste site reservada a maiores de 18 anos.
Os valores maiores da literatura, o direito à crítica, e porque este forum ainda não limita a postagem sob aviso de maioridade, fizeram-me pensar que não estou a quebrar nenhuma regra ao fazê-lo.
Bom, comecemos pela transcrição do referido poema, com a devida referência autoral:


«Deixa que os meus colhões te rocem o nariz.
Deixa que o meu carallho te travem as cordas vocais
Engole-o profundamente todo até à raiz
E que a matéria te engravide até jamais.

Abre o teu cu pois que é um prazer eu te enrrabar
Para que assim percas a vaidade que existe em ti
Espero que um dia, na minha langonha possas nadar,
Nunca saberás o prazer que isso me fará em mim

Te ver de cu para o ar a espera deste ou ainda de outro
Que possam foder a vaidade que é mais que absurda
Tu pensas que és cavalo mas não passas de um pôtro
Que um dia para poder foder tens que pedir ajuda.

Eu , quando alguém me quer foder, por palavras que seja
Tem que ter um bom argumento, não pode ser um aprendiz
Meu pobre, tu pensas que todos podes foder, que Deus te proteja,
Eu sou alguém que só fodi mulheres por amor e sou feliz.

E tu? Tens a certeza que a felicidade te bateu à porta?
Ou simplesmente queres desviar a atenção, pobre animal?
Quando quiseres foder alguém, fá-lo com uma morta
Pois que os ou as que vivem, nada querem de ti, és irracional»


A. da fonseca




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Atentem os leitores na profundidade do texto presente. Uma linguagem escolhida a dedo, mordaz, plena de clarividência.
Um hino ao linguarejar de um povo, à plena e assumida consciência de que «grande poeta o é».
Alberto da Fonseca, autor que dispensa apresentações, consegue aqui neste texto desligar-se do discurso habitual de mordomia, para se apresentar verdadeiro, crente no advento de uma nova cultura, quiçá paradigma dos novos tempos a que tão poucos rendem homenagem.
A linguagem, semanticamente rica em significações, ao contrário daquilo que se possa pensar, leva-nos para campos ainda não experimentados neste site, território virgem, onde os pioneiros como Alberto da Fonseca deixarão marca.
Uma leitura menos atenta por parte dos utilizadores, pode criar equívocos, mas seja cada um capaz de ultrapassar os condicionalismos morais e éticos, e ler este texto despido de qualquer preconceito.
É grandiosa a mensagem, quase parece ódio, mas não, é um amor ao verbo, capaz de esganiçar um canto, de prolongar a dor para além do insuportável.
Rendam-se à qualidade das imagens, da sonoridade, da métrica, e desculpe-se porque certamente foi descuido, um erro de concordância, que afinal nem o é, porque «caralhos» há muitos».
Um texto grandioso, um marco na história deste site, que não fosse a minha especial acutilância (passo o auto-elogio) para as coisas da poesia, correria o risco, pelas poucas leituras que teve até ao momento, de caír no esquecimento.
Salvé Alberto da Fonseca, criador a quem a vida levou para terras de França, porque não fosse isso, era ainda muito capaz de mostrar aos ganapos, com quantos paus se faz uma canoa.
Arriscaria, pela emoção que este texto me proporcionou, dizer que Alberto da Fonseca concorre para a imortalidade, saiba cada um aguentar isso como um Karma.
Os meus parabéns ao ilustre artista para além das evidências.
Abraço meu velho.

Criado em: 24/8/2010 17:03
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