Comentário a "manobra de Heimlich" de benjamin |
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Membro desde:
6/11/2007 15:11 Mensagens:
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Henry Heimlich morreu no ano de 2016 em dezembro. Apenas em maio, aos 93 anos, usou a "manobra" que idealizou para salvar uma idosa num lar, salvo erro, por fonte da wikipédia. Se ele adivinhasse que ia ser poema... O ocaso do quê? Penso no início quando ando pelas vinhas, lá para novembro? Pós-vindima, arranhando uma idade lá para o meio? Pois. Surgem as questões logo no primeiro verso. "Paramentou a minha pele/um desapego terno" - que beleza, permitam-me. O verbo invulgar do primeiro verso intriga e a contradição ideológica, num sentimento desligado que associado a ternura se anula (no segundo verso). " atendi antes ao perfume das abelhas/ e ao destino das fadas", aqui encontro a escolha por interesses igualmente efémeros, fantásticos, ao que tinha anteriormente. Mas o quê? Crescendo no leitor as hipóteses, enquanto é brindado com imagens duma riqueza simples (como pode ser isso complexo!). O último verso da primeira estrofe, intuitivamente submete-me para o título, sendo que o tropeço no "vi vivi vir virginal" assemelha-se-me a um gaguejo, quiçá um engasgo além de ser uma óbvia aliteração. Na segunda estrofe começa o sujeito poético a colocar o leitor, novamente no local das confusões. Porque voltamos ao socalcos das vinhas iniciais, mas dentro duma catedral, porque, além da nave central, pressupoe-se que terá outras... e eu pessoalmente encontro o amor. Lamechas. Das estrelas e dos adornos e dos perfumes e das flores e... "que eu por pudor não deveria recordar" O pudor dos, NUNCA MAIS!... mas que nos (permite-me o plural) acomete, inevitavelmente. Terminas muito bem. Novamente com o sr. Heimlich, brincado com a "...asfixia..." a que o sujeito poético se assujeita, apesar das "...rugas...", apesar da experiência... Há sempre uma gaja qualquer... detrás, que fixa a mão direita no punho esquerdo, rente ao diafragma e faz aquela dor desconfortável da reanimação. Claro que pode ser, também, um gajo, dependendo de quem lê. Há um claro timbre universal que torna todo este poema uma experiência individual memorável. manobra de heimlich era o ocaso das vinhas quando deixei de o escutar paramentou a minha pele um desapego terno cor de malvasia e com palavras de desmando comedido coroado de porcelana atendi antes ao perfume das colmeias e ao destino das fadas se chorei foi como o dobrar de uma campânula vi vivi vir virginal a nave central destes socalcos insiste no amor que move o sol e as mais estrelas que por pudor não deveria recordar mas sempre foi assim o abraço que me salva é o mesmo que por causa daquelas rugas das minhas me asfixia
Criado em: 7/12 18:47
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"manobra de heimlich" p/ R. Beça |
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Administrador
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2/10/2021 14:11 Mensagens:
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Pois, cá está mais uma análise extraordinária, a fazer inveja de quem tem o mesmo gosto de ler, reler e devanear sobre os versos dos outros. Independentemente da qualidade dos poemas, consegues sempre essa magia de "conversar" com os outros leitores, passando-lhes esse entusiasmo pelas palavras que faz tanta falta nos dias de hoje. Obrigadíssimo, irmão.
Criado em: 9/12 11:24
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Re: Comentário a manobra de heimlich" de benjamin /Rogério Beça |
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Administrador
Membro desde:
15/2/2007 12:46 De Porto
Mensagens:
3754
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olá RB /benjamin
análises destas são para mim uma jornada enriquecedora que transcende a leitura da poesia que aqui vou lendo, pois ao fazerem.se estas análises permitem.me absorver conhecimentos de diversos poemas e autores desta casa, proporcionam um fertilizante intectual, o estímulo para difusão do pensamento, emoções. estas análises desencadeiam a simbiose que poderá existir entre o poema e o leitor, muitas vezes em estado latente. na minha perspectiva, as análises literárias e esta em particular que RB faz ao poema "a manobra de heimlich" é como bússola que guia às camadas mais profundas do poema , é uma viagem transformadora de puro prazer de leitura. nutrição completa. obrigada a ambos atenciosamente HC
Criado em: 9/12 15:31
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