Comentário a "Equação" de Beatrix |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. O mais interessante duma "Equação..." são as incógnitas. Este poema está muito bem construído. Estruturalmente foi feito em forma de esparsa, sem rima e métrica variável. Nem por isso tem falta de figuras de estilo. Existem várias metáforas, mas o que mais se repara é uma forma quase abusiva de aliterações, que torna o poema denso, e rico. Gostei, por exemplo, do jogo do "...certo..." com o "...assertivo...". Achei também interessante que o autor fugisse um pouco ao que é habitual. Fê-lo porque pegou num termo que obedece a uma antítese conhecida (certo\errado) e nunca usou o erro, ou qualquer seu semelhante, durante o poema. O errado, isto é. E eu até gosto de erro. Eu erro muito, e muito mais do que deveria. O erro é um terreno fértil para poemas, para aprender. Além de já ter mencionado mais do que uma vez que gosto do verbo errar, como sinónimo de deambular, do ir. O sujeito poético também arrisca as antíteses, mas usa o "...falso\a..." como eufemismo (outra figura). A metáfora que mais me agradou ler foi a do "...ponto...". Ao fim e ao cabo, uma recta é um conjunto de pontos, e embora este seja o "...ponto certo...", ele é apenas um começo que permitirá sempre alguém a errar, ou a falsear, como parece ser o caso. Não deixa a "Equação", apesar da sua riqueza, de nos levar por vezes para o campo da confusão. Por vezes parece que se repete, mas chegamos ao fim com a boa impressão que, para esta "Equação", é melhor não haver resultados... Obrigado pela leitura Equação Na certeza de que o certo é uma falsa incerteza, é incerto que esta se cubra, acertadamente, de forma assertiva. Se assertivamente acertarmos numa incerteza verdadeira, é certo que desacertamos da certeza e é falso que estejamos no ponto certo. O ponto certo é aquele que, no meio da certeza, continua, de forma assertiva e verdadeira, rodeado do incerto e da incerteza que lhe acerta. Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=378950 © Luso-Poemas
Criado em: 9/7 17:59
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Comentário a "Ponte" de MarySSantos |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Precisam-se pontes. E, como em tudo aquilo que se precisa, é necessário definir. Essa definição permite conhecermos os seus limites. Com a agravante que tenho uma certa tendência para associar uma, como esta, a uma música, neste caso "Ribeira" dos Jafumega. Lá fico eu a cantarolar "a ponte é uma passagem\prá outra margem...". Ao começar a ler a única estrofe o que compõe, surgiu-me uma dúvida. Ou, talvez antes, uma discordância. Isto porque, para mim, a "...margem..." também faz parte essencial da ponte. Acho graça ao grafismo do traço no segundo verso. É esse verso que é a melhor explicação do sujeito poético para ponte. O que se complementa no último verso. O objecto. A ponte por excelência é a comunicação. A "passagem" entre o emissor (o poeta, por exemplo) e o receptor (leitor) é o poema. O interessante é que a ligação numa ponte é, efectivamente, feita nos dois sentidos. Muito curto, como muitos teus. E muito bom. Ponte não sou margem sou linha suspensa — partida e retorno Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=378618 © Luso-Poemas
Criado em: 18/6 8:06
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Re: Dúvidas: "Estação das Letras" |
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Tenho notado uma fraca adesão, dos utilizadores em geral, às nomeações deste fim-de-semana.
Afinal, só os jurados é que podem nomear dois poemas da semana?
Criado em: 15/6 6:54
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Comentário a "correntes de mar...não prendem horizontes", de Adeuses |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Gosto do teu poema. A começar pelo título, que em si já é um poema. Extremamente curto, é certo, mas autossuficiente, muito ao estilo da MarySsantos ou da Alma Mater. “Correntes de mar… não prendem horizontes” Há correntes de vários tipos. Imageticamente colocas-nos com a corrente feita com elos metálicos devido ao verbo prender, num ambiente típico de terra e de metal. A terra, aliás, donde o metal das correntes é extraído. Mas o elemento água entra em força, porque a corrente é de mar, como podia ser dos rios ou de ar. Ao contrário da supracitada, esta corrente sugere movimento, vida e liberdade. Podemos então deduzir que correntes de mar libertam horizontes. Há ainda o detalhe, interessantíssimo, de também associarmos o mar ao horizonte. Então a ambiguidade e versatilidade da palavra corrente colocou-me um sorriso. Além do expresso soar a uma verdade universal ou a um aforismo. A primeira estrofe é muito boa. Um dístico que tem tudo para entrar no lamechas e no lugar comum, mas que foge porque é a primeira ideia a seguir àquele bendito título. Afinal a corrente tinha um aloquete. As três voltas, simbolicamente tem várias fontes. Desde a trindade à assunção de certas “correntes”, como sendo o número da perfeição. Pode ser apenas a forma como a maioria das pessoas tranca a própria casa, em segurança. Começa a prece “… mas por amor…” aqui não sei se não faltou o “de deus” propositadamente, ou se é “devido ao amor”. Mas até a dupla interpretação me agrada. Pessoalmente, não gosto da palavra amor, mas para os devidos efeitos, convenceu-me. “… na janela virada a sul…” é uma metáfora bem conseguida, porque é a janela que tem a luz do sol com mais duração, sendo nesse caso uma alusão ao afastamento das trevas, do mal, do desamor. “…a esperança que o vento norte me empurre…” tem algo de triste, porque coloca do lado da natureza e dos elementos exteriores ao sujeito poético a possibilidade dum desejo notório. Um milagre. A promessa da última estrofe fecha o poema com chave de ouro. correntes de mar ...não prendem horizontes trancaste o coração com três voltas de chave mas por amor não coloques grades na janela virada para sul tenho ainda a esperança que o vento norte me empurre vou chegar … seja como mar gigante banhando teus calcanhares ou a simples brisa que acorda o olhar [ sabendo que a brisa não passa de uma lágrima impossível de chorar ] Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=341496 © Luso-Poemas
Criado em: 13/4 12:38
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Comentário a "primavera de um dia" de Gillesdeferre |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. O título deixou-me um pouco perplexo. De certa forma submetia-me a duas possibilidades: 1. a fugacidade dos acontecimentos, ou das coisas que nos agradam, uma vez que a primavera tem geralmente 90 dias. 2. os adventos fora de sítio, e lembrei-me do verão de S. Martinho, do qual esta "primavera de um dia" seria uma versão. Estruturalmente este poema tem duas estrofes. Uma quadra e um terceto. A quadra tem a métrica em crescendo de verso para verso. O poema, na sua aparência, vai crescendo. O terceto, passa por uma certa simetria, sendo que o segundo verso tem apenas duas palavras. Duas estrofes bem diferentes. Na primeira quadra começamos a ler uma antítese suave: afinal, há pouca mansidão na corrida, na minha opinião. A passagem do tempo é a primeira constatação que nos é colocada. A seguir é-nos servida uma redundância subtil: "...parece disfarçada...". Gosto muito dos dois versos que fecham a quadra. Voltamos ao disfarce com o fingimento. Talvez esteja a ignorar a metáfora do poeta. Seremos todos os que arrogamos a escrever, demónios? O terceto é uma afirmação de esperança que me agrada. A "...manhã sem sinónimos..." é também uma bela metáfora, que, para mim, declara claridade, verdadeira, que não carece de tradução. Resumindo, a primavera não dura sempre, essa jovialidade, renascimento, fim das agruras do inverno. E se for apenas por um dia, bem, é melhor do que nada... primavera de um dia os dias correm mansos numa primavera que parece disfarçada simulando as aprazíveis manhãs de pássaros madrugadores capturados pelo demónio transparente de umas asas fingidas. louvo a primavera que há de vir de novo em manhãs sem sinónimos Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377530 © Luso-Poemas
Criado em: 8/4 21:50
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Comentário a "Poema do Contrabando", de Alemtagus |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Pois, reli... Os meus pais são do distrito de Vila Real. Vieram, sem ser a salto (ou será afinal a assalto?), para Lisboa, cá se conheceram e constituíram família. Engraçado encontrar um regionalismo transmontano num alentejano de gema. A fronteira entre Portugal e Espanha tem muitos km sem postos de controle. Há picos de serra a separar-nos, ou searas magníficas, alguns rios - natureza. Mas foi a miséria que empurrou milhares por essa linha imaginária, durante décadas, onde num momento se fala português e no outro já se fala castelhano, ou galego. Há caricaturas, feitas por franceses, do emigrante português, bem decadentes. Tal era a nossa falta de tudo, até e sobretudo, de instrução. Restava-nos a abnegação que nos tinha trazido à terra dos avecs. Neste Poema de Contrabando, acho que o produto mais caro é o poema em si. Ele está cheio de taninos bem fortes, árduos de engolir. há um verso que se repete: "...Bágoas no olhar e um tiro certeiro..." de estrofe para estrofe, ele surge, primeiro no primeiro verso, depois no segundo, depois no terceiro... E fico com a impressão que, se houvessem mais estrofes ele continuaria a descer. Como as "...Bágoas..." no rosto. Pergunto-me, se todos os que leram, leram como como eu, um ponto de interrogação no verso final... Abrilada forte Poema de Contrabando Bágoas no olhar e um tiro certeiro Que ali lhe deixou a vida marcada Dois montes e uma ribeira a salto Pão mais água para um dia inteiro Campo para deitar a vida cansada À mercê da noite caída de assalto Na lembrança três sorrisos tristes Bágoas no olhar e um tiro certeiro Trémulos medos que dão coragem Aquela voz a dizer que tu resistes Onde dois se olham no frio rueiro Onde fusco t'esgueiras à margem Do horizonte um destino tão longe Que te arrasta esse corpo a passo Bágoas no olhar e um tiro certeiro Chuva que afoga a dor que punge Num dito não d'outro sim escasso D'exigentes farsas de muambeiro Leva de ti o que te morre primeiro A dor de orgulho ou medo de fome Mulher e filhos ou o dia de amanhã Bágoas no olhar e um tiro certeiro Porque se a saudade nunca dorme Será a nobre liberdade quimera vã Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377477 © Luso-Poemas
Criado em: 6/4 9:04
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Re: Comentário a "Azul para iniciantes", de Vânia Lopez |
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És um santo...
Obrigado pela leitura atenta. Feita a correcção... Abraço
Criado em: 2/4 11:10
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Comentário a "Azul para iniciantes", de Vânia Lopez |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Parece um poema próprio de quem pinta dando uma aula de poesia. O título está muito bem conseguido. Tem toda a imagem de alguém que procura transmitir um ensinamento valioso. Ou de alguém que tem de o receber. No segundo caso, é uma lição de humildade. Iniciar-se em alguma coisa tem dois objetivos possíveis: ou concluir, ou ficar a meio. No primeiro estamos perante um mestre que conhece os vários momentos da aprendizagem, pois já passou por eles, e sabe que o que está a transmitir não é um conteúdo para aprendizes mais avançados. Mas, para quem começa. Mas começar o quê? Um adjetivo. Azul é uma cor primária. Ou talvez seja o ciano, mas para os que nem começaram é azul e pronto. Ser azul, por exemplo, para os anglo-saxónicos, é ser, ou estar triste. Pode ser também representativo de imensidão. Como o encontramos num céu de verão, ou nos oceanos. É, por isso, o Azul, uma metáfora rica de significados. Ou terá pelo menos estes dois. Para quem pinta, é uma forma de chegar ao verde, ao roxo, ao castanho, a tantas tonalidades que não caberiam num livro. Fugindo ao título,... a segunda estrofe é uma beleza: você em sânscrito foste verbo que entendi do mesmo jeito que imagino o céu com manchas de tinta no pincel (vou até achar o erro de concordância como preciosismo ao autora, a quem tenho enormíssimas dificuldades em achar erros deste tipo) O poema é fechado em chave de ouro. Há uma riqueza vocabular imensa, uma capacidade gigante de criar imagens inusitadas e agradáveis para o leitor. Este, ao contrários de outros da autora, deixou-me bem leve... Azul para iniciantes de manhã janelas entreabertas flores sonolentas parecia um esboço de paz você em sânscrito foste verbo que entendi do mesmo jeito que imagino o céu com manchas de tinta no pincel tão bíblico como você e eu como nossas besteiras arrastadas no tempo… os rádios anunciavam um paraíso para iniciantes Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377444 © Luso-Poemas
Criado em: 2/4 8:04
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Re: Novo livro de Alemtagus! |
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Parabéns Alemtagus!
Não sou capaz de evitar um sorriso a este projeto mirabolante que ganha vida e realidade. Estou curioso. Forte abraço
Criado em: 26/3 19:46
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Comentário a "Jazz" de Beatrix |
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O poema, na sua íntegra, estará legível após o comentário. Clarinete. É o que me apetece dizer, ou antes, sugerir, ao sujeito poético. O Jazz enquanto género musical faz-me lembrar um pouco a poesia. Nunca está na moda, toda o\a gente conhece, e os seus amantes adoram-no\a. A outra coisa que imediatamente me faz lembrar é o improviso. Haverá improviso neste poema? Estruturalmente tem simetria quanto baste. Varia um pouco na métrica e no número de versos em duas estrofes, mas já vi variação maior, noutros desta autora. A constante que verifico é o arrojo, na linguagem e na originalidade. Voltando ao improviso, noto-o mais de estrofe para estrofe na mudança de referência e personagens. O sujeito poético está na primeira pessoa, mas a universalidade encontrada em cada verso, torna a composição também complexa. A ironia no "...comentarista de profissão..." que podemos encontrar no segundo verso da primeira estrofe podemos encontrar no "...paciente em cura..." no quarto da segunda. Aliás, gostaria de salientar a segunda estrofe como recurso a génio. Acho-a magnífica. "...Decifrei o código matemático da chuva Já sei como sintetizar o céu..." Acho este dístico muito bem engendrado. Roçam ambos os versos o impossível, mas exequível num futuro longínquo.. Entre o "...decifrei..." e o "...já sei como..." não há como distingui-los além da rima a meio verso que constituem. Acho ambos os versos tão poéticos... um dia vou sintetizar o céu também... Aliterações no segundo verso em SS; o aforismo, em "...o presente é um paciente em cura..."; uma "...Laurinha..." desconhecida que entra num diálogo apenas para fazer ligação à estrofe seguinte, em que entram "...Os jovens...", o diminutivo não é inocente. "...Os jovens..." que tanta inveja fazem, apenas por serem isso. O terceto final também tem a sua magia. "...Eu decidi o verão dos livros..." é uma metáfora bem construída. Quem é capaz de comandar o rumo dos acontecimentos, e a própria história, é de louvar. Em relação ao desejo final que se lê no derradeiro verso, eu escolhi o clarinete porque tem uma sonoridade menos madura do que o saxofone ( que também aprecio), mas faz uns agudos quase desafinados belíssimos. Mas jazz também é orquestra. Composição. Rigor. Favoritei este poema à primeira leitura. Obrigado, por mais um tão, tão bom. Jazz Escrevo distante do ritmo Do comentarista de profissão O vento levou-me a memória e só restou a história Decifrei o código matemático da chuva Já sei como sintetizar o céu Vês, Laurinha, o presente é só Um paciente em cura Os jovens são, de facto, jovens E eu quero esse teu dom demonstrado ontem Mesmo sabendo que ontem já passou A árvore daqui inclinada para o chão Genuflexão possível Ou quer beijar a erva abandonada Eu decidi o verão dos livros Deixei cartas nas campas Mas fui ao funeral Quem me dera ter nome de instrumento musical! Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=377209 © Luso-Poemas
Criado em: 20/3 19:23
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