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Re: proposta luso-poética

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
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Caio, sua pergunta não é ingênua. Querer saber como se identifica um texto literário é querer saber o que é a literatura e esta questão ainda reside no seio de todo o grupo sério que busca saber quais são as características do literário ou do que é literatura. Tentaram responder esta questão desde os formalistas russos até filósofos como Jean- Paul Sartre e estudiosos como Terry Eagleton. Nenhum deles chegou a uma resposta definitiva acerca desta questão, mas certamente deram uma contribuição importante para o entendimento do que seja ou não literatura. Para ajudar a responder a sua questão, recomendo a leitura inicial de dois livros: "Teoria da Literatura: Uma introdução" de Terry Eagleton, especialmente a introdução intitulada "O que é literatura" e "Que é a Literatura?" de Jean-Paul Sartre. Grande abraço.

Criado em: 22/11/2012 11:32
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Re: Proposta Para discussão de temas do interesse de todos

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
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Olá, Ângela. Parabenizo-te pela iniciativa e por seu tom ponderado e reflexivo a respeito dos temas aqui tratados. Por favor, diga que mando um fraternal abraço ao Luís que, para mim, é dono de um dos mais belos versos da Língua Portuguesa: "o vôo rasante dos flamingos". Com relação à crítica ou ao ato de criticar textos literários ou que se pretendam literários, acho-o válido. Ele é uma forma de construirmos conhecimento, de autor e leitor interagirem ainda mais quando a crítica se dá num site que se propõe ser de livre leitura e escrita. Quando lemos um autor de livro, raramente, temos a oportunidade de interagir com ele. Aqui, ao contrário, em tese, temos sempre a chance de travar um contato mais efetivo com autor fazendo-lhe questionamentos a respeito das intenções e da gênese de um dado texto; em suma, de dialogar com o autor. Algo assim, consegue-se somente em espaços como esse. Ainda com relação à crítica, especificamente, a literária, segundo os historiadores dela, houve um tempo em que ela se pretendeu científica, como a matemática, a física ou a biologia. Tal pretensão trouxe à crítica literária certos progressos e, por algum tempo, ela, de fato, foi encarada como uma ciência com um objeto específico de estudo: o poema ou a literatura de modo mais amplo. O principal benefício auferido por tal visão foi uma maior objetividade na avaliação e exame de seu objeto de estudo, livrando, em grande medida, a crítica literária do juízo calcado somente no gosto e na opinião. Ocorre que este sonho da crítica literária em ser uma ciência pura, livre das discussões meramente opiniativas, não durou muito. Isso aconteceu exatamente devido à constatação de que todo o crítico antes de ser crítico ou um cientista do fenômeno poético é um leitor com uma formação específica e repleta de idiossincrasias. Portanto, a crítica jamais seria um ciência pura, exatamente pelo fato de que o crítico jamais estaria apto a emitir juízos e julgamentos totalmente objetivos e isentos de preconceitos e do meramente opinativo, ou seja, sua avaliação jamais se daria sem alguma carga de subjetividade oriunda de sua formação como leitor. De modo que mesmo o crítico mais treinado na arte da crítica literária e na avaliação de um poema ou texto, estaria sujeito ao erro, ao engano, ao equívoco ou ao meramente opinativo. Seus julgamentos, ainda que os queira, jamais seriam eternos, imutáveis e inquestionáveis como 2 mais 2 são quatro. Portanto, se até os críticos literários estão sujeitos a emitir um julgamento falho, imagine quem o faz armado apenas do seu gosto e opinião. Por isso, penso que aqueles que ficam tão melindrados com determinados comentários e críticas, cogitando até em abandonar o site não precisam fazê-lo, pois, na minha opinião, não encontrarão palavra ou opinião definitiva de mim, do Caio ou de qualquer outro usuário deste sítio a respeito dos seus textos.
Com relação à composição poética, na minha opinião, nenhuma palavra é proibida no poema, todas podem fazer parte dela e qualquer coisa pode vir a se tornar um poema. Determinadas palavras ou temas só são proibidos no interior de um estilo ou de determinadas regras de composição desenvolvidas por um poeta ou um grupo de poetas, mas isso é algo a posteriori e jamais anterior ao poema. Ou seja, a priori, qualquer palavra pode tornar-se poética e qualquer objeto pode se tornar um poema. É o que chamamos de liberdade de expressão. Grande abraço a todos e espero ter dado uma contribuição válida para a discussão.

Criado em: 14/11/2012 15:48
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Re: primeiro

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
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Caio, não é preciso ser expert em poesia ou literatura para ver que o texto do link é, no mínimo, ruim. Eu sequer o classificaria como poesia. Apesar disso, deve-se levar em conta que podem existir alguns leitores que tenham comentado o texto com sinceridade. No entanto, tendo em vista o atual contexto do site, parece-me que a maioria o fez por mera pena ou para alcançar algum tipo de status dentro dessa comunidade de poetas, poeteiros, escritores e escrevinhadores. É difícil encontrar valores absolutos em termos de gosto e opinião. Uma coisa, a meu ver, no entanto é incontestável: leitores medíocres, com baixo grau de letramento, costumam, na sua grande maioria, recepcionar textos medíocres. Mesmo que quisessem reconhecer um texto consagrado como bom, não conseguiriam tal coisa, pois lhes faltam as competências lingüísticas e intelectuais para tanto. Há que se mencionar ainda que existem vários tipo de leitores e escritores. Há aqueles que vêem a escrita e a leitura das obras como uma forma de busca pela essência do humano e do poético. Estes são leitores/escritores eruditos e refinados que, apesar de estarem sujeitos ao erro, ao engano ou ao equívoco, como qualquer ser humano ao opinar a respeito de um texto, certamente, jamais diriam que o texto do link é bom. Agora, há aqueles escritores e leitores que vêem a literatura como uma forma de ganhar dinheiro ou, simplesmente, como mero passatempo, como uma forma de lazer e entretenimento ou como um meio de conseguir um ou dois namoradinhos virtuais. Estes, repugno e jamais quererei deles leituras, comentários ou elogios. Grande abraço e parabéns pela iniciativa.

Criado em: 10/10/2012 19:14
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Re: à Involução deste sítio

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1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
Azke, sempre respeitarei a opinião alheia mesmo aquelas com as quais tenho divergência. Afinal, todos têm o "sagrado" direito à opinião. Eu e você podemos errar? Com certeza, pois ninguém é infalível, mas, a meu ver, erra muito mais quem opina, comenta ou elogia só por mero compadrio. Penso que nisso concordamos e, por agora, é o que realmente importa. Grande abraço.

Criado em: 5/10/2012 18:22
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Re: à Involução deste sítio

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
Azke, não discordo de você quanto à qualidade da maioria dos textos aqui postados. De fato, a maioria, segundo os meus critérios, segundo o meu gosto e sensibilidade como leitor e poeta, é ruim. Essa é minha avaliação e digo o motivo: para mim, bom poeta ou bom poema é aquele que, à moda de um Drummond, luta com as palavras, levando o leitor a um estranhamento do texto e da própria língua, em virtude do esforço ou da luta do poeta com o vernáculo em busca de uma tradução de si ou da realidade que o circunda. Não vejo, portanto, na maioria dos textos aqui postados, esse trabalho formal e lingüístico. E nem há como ver, pois boa poesia não é escrita aos cântaros, todo o dia; ela é como uma pepita rara que muitas vezes vem a ser descoberta somente tempos depois por um leitor ou conjunto de leitores/críticos. Um exemplo disso é o próprio Baudelaire que não teve o devido reconhecimento em vida, mas que, após sua morte, passou a ser tido como um dos principais poetas modernos da literatura ocidental. Gostaria apenas de enfatizar o que escrevi na minha primeira intervenção, dizendo que não há como se descartar certo grau de subjetivismo na avaliação de um texto. Muitas vezes, a crítica especializada sequer entra em acordo com relação à classificação de um texto, quanto mais em dizer se ele é bom ou ruim, relevante ou dispensável. Se avaliação de um poeta ou poema fosse totalmente objetiva, autores, como o que citei, além de tantos outros, teriam seu devido reconhecimento ainda em vida, enquanto outros, que hoje caíram no esquecimento, mas que em vida foram aclamados como grandes escritores ou intelectuais pela crítica especializada da época, não teriam nenhum tipo de reconhecimento. A crítica comete erros exatamente porque suas avaliações possuem sempre certo grau de subjetivismo. Agora, não vamos confundir o trabalho de um crítico/leitor especializado com o de leitores comuns, medianos que, em muitos casos, não possuem o nível necessário de letramento para reconhecer um bom texto. Se isto é difícil para um crítico literário, imagine para um leitor comum. Quase sempre, no fim, no caso do leitor comum, tudo restringe-se a uma questão de opinião que, muitas vezes, não vem devidamente fundamentada. Você lê Paulo Coelho, mas também Shakespeare. Você acha que a obra de Paulo Coelho é suficientemente grande e forte para ser comparada com a do poeta e teatrólogo inglês? Pelo que você escreve, penso que não, mas há quem veja em Paulo Coelho o suprassumo da literatura. Certamente, não é o leitor sério e especializado, mas um grupo de leitores e escritores medianos que quer ganhar dinheiro ou vê a literatura como mero entretenimento. Meu caro, a despeito disso, você sabe o quanto admiro o que você escreve e penso que, apesar da divergência, essa admiração não será abalada . Abraços.

Criado em: 5/10/2012 16:49
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Re: à Involução deste sítio

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
Caros amigos, gostaria de inicar esta intervenção com a seguinte pergunta: Qual o critério hoje para a avaliação de um poema, pergunto-me? Isso varia muito de pessoa para pessoa, e mesmo de crítico para crítico. Um texto pode ser considerado bom por um leitor/crítico e uma “merda” por outro. Cada um, hoje, possui o seu critério, os seus parâmetros de avaliação e é segundo o meu gosto e os meus critérios, em grande medida subjetivos, que minha avaliação a respeito dos textos que aqui são postados é válida. E isso não acontece só aqui; em espaços virtuais semelhantes ao luso-poemas, o mesmo se dá com relação às avaliações e à qualidade dos textos. Entretanto, devemos ter em mente que, mesmo aqueles que afirmam gostar desse ou daquele poeta ou poema porque ele foi escrito por alguém com quem já trocou afagos e “tapinhas nas costas”, mesmos estes possuem um gosto e um critério para avaliar poesia que é o seguinte: “para mim, boa poesia ou bom poeta é aquele que está pronto a dizer que eu sou um bom poeta e que meus poemas são lindos e mau poeta é aquele que não me comenta ou elogia”. Esse não deixa de ser um critério ou parâmetro de avaliação. Se este é um parâmetro válido, isso é outra questão. Mas, qual seria hoje o parâmetro válido para se avaliar poesia? É claro que estou sendo um tanto forçoso, pois o critério de quem avalia de acordo com afagos e elogios prévios ou não ao que se escreve é, claramente, extra-lingüístico. Ocorre, entretanto, que mesmo alguns críticos/leitores que se valem, a priori, apenas de critérios intra-lingüísticos na avaliação de textos, na minha opinião, equivocam-se também. É o caso daqueles que, diante de um soneto, por exemplo, de antemão, afirmam tratar-se de um mau poema, pois partem da premissa de que o soneto, bem como qualquer outra forma fixa, morreu, logo quem escreve sonetos está fadado a escrever uma poesia ruim. Estes relacionam a forma com contingências históricas e, é claro, são adeptos do verso livre e seus critérios lingüísticos encontram-se relativizados por questões históricas. Para o meu gosto ou sensibilidade, este não é um critério válido e já vi ótimos sonetos escritos por poetas contemporâneos deste site e fora dele. A despeito disso, a meu ver, fica evidente que o equívoco destes não se compara ao dos primeiros, pois o deles é muito maior do que o daqueles, porque não levam em conta uma única linha do que foi escrito, mas só o senhor da mão que teve o azar de escrever coisas tão ruins. Agora, não adianta querer exigir que leitores ruins, com nível de letramento baixo, reconheçam bons textos ou bons poemas como bons. Na grande maioria das vezes, leitores sofríveis somente recepcionam textos igualmente sofríveis. E isto, na maioria das vezes, não é culpa exclusiva de quem os lê, mas, sobretudo, da sua formação como leitor, de modo que um leitor que tem a obra de Paulo Coelho, por exemplo, em alta conta ou vive entupindo-se de literatura de auto-ajuda, dificilmente, gostará de ler Camões ou Shakespeare. Isso ocorrerá, não porque ele não possua o gosto e a sensibilidade necessários para gostar destes autores, muitas vezes até os tem, mas porque ele não possui as competências lingüísticas necessárias, não apenas para gostar dos autores clássicos, mas, antes disso, para entendê-los e, então, poder formar um juízo de valor e dizer: gostei. Ou mesmo, não gostei, porque, em suma, ninguém é obrigado a gostar dos clássicos. Essa é a minha opinião a respeito deste assunto. Grande abraço a todos, especialmente ao Azke.

Criado em: 3/10/2012 16:02
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Re: À vossa apreciação crítica

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1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
?

Perguntam-me o que trago nas mãos
ostras de plástico
envoltas num bordado
ponto de luz

Perguntam-me se já fodi
todos os dias
em silêncio
e quase sempre o silêncio

Perguntam-me por palavras destiladas
responder-lhes-á o meu fígado
que Deus não oiça
nem veja
que Deus tropece nos dias.

............................................................

Para mim, um poema instigante, quase uma prece às avessas onde o sujeito poético não pede por si, mas contra o Criador. Perguntamo-nos, inquirimos o poema e ele não nos oferece resposta alguma, talvez, um ponto de luz, o silêncio ou a resposta do fígado, de modo que o poema transita o tempo todo em torno da sugestão e do não dito. Há mesmo um profundo desejo de silêncio, de resguardo em que o privado permaneça intocado, ou seja, que ninguém o ouça, o veja e que até mesmo o próprio Deus, onisciente, não seja capaz de perscrutar a intimidade do sujeito. A resposta, se ela vier, e pudermos entendê-la, virá no máximo do fígado, das entranhas do poeta e, certamente, não será uma palavra. Penso que deve incluir o poema no livro. Grande abraço e sucesso.

Criado em: 5/6/2012 18:59
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Re: o que há de errado com este poema?

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1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
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Chamou-me atenção no teu poema, Caíto, a mistura de registros. Refiro-me, primeiramente, à palavra “precisão” que no poema em questão possui o significado de necessidade. Aliás, este, ao meu ver, é um registro oriundo da linguagem popular falada aqui no Brasil, especialmente na região nordeste. Ademais, não sei se foi tua intenção, o poema possui uma verve bem nordestina. Em segundo lugar, aparece o verbo “aquiescer”, palavra que costuma habitar um registro mais clássico e culto da língua portuguesa, daí a mistura de registros. Noto, aliás, que esta mistura de tons e registros, ou seja, a união, através do discurso poético, do português popular, brasileiro e nordestino com um registro da língua mais culto e normativo, é algo que você persegue nos teus poemas. Algo, por sinal, bastante difícil de fazer, mas que você tem conseguido realizar com algum êxito. Meu incentivo é o de que você continue a buscar isto. Penso que dessa mistura bem tropical de linguagens pode sair coisa muito boa. Grande abraço.

Criado em: 4/6/2012 20:10
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Re: 1º ENCONTRO LUSO-POEMAS VERSÃO BRASILEIRA

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1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
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Parabéns, Zé, pela iniciativa. Vou fazer o que puder para participar. Grande abraço.

Criado em: 17/5/2012 20:45
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Re: A brilhante lógica e conclusões de Cavanna (excerto das "As Sagradas Escrituras")

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
Valdevinoxis, o texto de Cavanna só prova o quão absurdo é crer num único Deus Todo-Poderoso e criador de todas as coisas. Já estou favoritando esta postagem. Grande abraço.

Criado em: 9/5/2012 15:10
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