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Re: primeiro

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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Boa maneira de dar a volta a algo que aparentemente não teria remédio. Acredito que este será apenas o primeiro de muitos outros que se seguirão.
Mais, eu no teu lugar, Caio, sugeriria para que quem desse por situações idênticas passadas consigo, não tivesse receio de aqui vir dar notícia das mesmas. Assim este tópico passaria a funcionar como uma espécie de "livro de ocorrências"!

Criado em: 10/10/2012 14:28
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Re: Desafio para a antologia poética "Orgasmos ao Luar"

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2/3/2007 19:42
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A ideia é original, sim senhor, agora... será que existe assim tanta gente que tenha vivido tal experiência realmente, de modo a que se possa reunir um número aceitável de trabalhos? E daí, não sei... se calhar até há!
É que se fosse fantasia, acredito que não seria difícil meter a imaginação a trabalhar no projecto.

Criado em: 10/10/2012 9:25
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Re: II Concurso de Poesia da Associação Cultural Draca

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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E quase, quase em cima da data limite, mas ainda a tempo de participar, acabei agorinha mesmo de o fazer. Espero ter correspondido ao que se desejava, caso não esteja aceitável... pelo menos ficou registada a tentativa, já não é mau.
Obrigado pela oportunidade!

Criado em: 5/10/2012 13:23
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Re: Entre a Adega dos Ossos e o Paraíso

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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É claro que me lembro, Carlos. Penitencio-me pois, por ainda não ter dado continuidade à história...
Mas não tardará muito mais. Um dia destes apareço aqui com a segunda parte da tal crónica.

Gostei que tivesses gostado desta que o mestre escreveu e que resolvi trazer até aqui, por me ter dado um gozo imenso tê-la encontrado no meio de todas as outras do seu primeiro livro de crónicas, o qual me serve de leitura de excelência neste momento.

Criado em: 3/7/2012 1:38
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Re: I Concurso Literário - Máquina do tempo (se eu pudesse viajar no tempo...)

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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Esta será uma oportunidade única de todos darem asas à sua imaginação e participarem num concurso que marca o seu regresso com um tema deveras ambicioso.
Na minha modesta opinião, um desafio que promete!

Criado em: 24/6/2012 22:24
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Entre a Adega dos Ossos e o Paraíso

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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O PARAÍSO



Quando eu era pequeno havia duas pastelarias em Benfica. Uma por baixo da igreja, frequentada pelo proletariado do bagaço, sempre cheia de serradura e de beatas esmagadas a que chamavam Adega dos Ossos e onde me desaconselhavam a ir no receio de que eu me viciasse funestamente na ginjinha e no Português Suava e acabasse os meus dias a jogar dominó, a perder à sueca e a tossir no lenço. Era um estabelecimento escuro, cheio de garrafas na parede, em cuja vitrine havia mais moscas que pastéis de nata. Para além das prateleiras de lombadas de garrafas, uma biblioteca de delirium tremens , lembro-me do empregado vesgo, de olho direito furibundo e esquerdo de uma benevolente ternura, e do senhor Manuel sacristão que ali descia entre duas missas, de opa vermelha, a comungar copos de três numa unção eucarística oculto por trás do frigorífico no receio do prior, todo ele severidade e botões desde o pescoço aos sapatos, e para quem o vinho, quando fora das galhetas, adquiria a demoníaca propriedade de tresmalhar as ovelhas levando-as a preterir o rosário das seis horas a favor do vício abominável da bisca.

A outra pastelaria, quase em frente da primeira, tinha o nome de Paraíso de Benfica, era frequentada a seguir à missa por senhoras de devoção inoxidável, antimagnética e à prova de bala, como por exemplo as minhas avós e as minhas tias cuja intimidade com os santos me maravilhava e que se apressaram a ensinar-me o catecismo a partir do dia em que perguntei apontando uma pagela do Espírito Santo

- Quem é este pardal?

tentando explicar-me que Deus não era pardal, era pombo, e eu imaginei-o logo na Praça de Camões a comer à mão dos reformados, o que não me parecia uma actividade muito compatível com a criação do universo.

O Paraíso era o local que as senhoras invadiam a seguir à missa e os homens durante ela.

(Quando uma prima minha, indignada, perguntou ao marido se não ía à igreja ele respondeu com um sorrisinho óbvio

- Não preciso: estou no Paraíso. É mais fresco e tem cerveja.)

Ao contrário da Adega dos Ossos cheirava bem, nenhum empregado era vesgo, proibia-se o dominó, a opa do senhor Manuel não flutuava, clandestina, por trás do frigorífico e sobretudo os meus irmãos e eu tínhamos conta a berta para bolos e sorvetes. De início achei a conta aberta uma generosidade tão tocante que quase me fez chorar de gratidão. Compreendi depois que não se tratava propriamente de generosidade: é que aos domingos almoçávamos em casa da minha avó e a oferta de gelados e bolas de Berlim destinava-se a desviar-me das nádegas rupestres da cozinheira cujos encantos eu havia começado a descobrir por essa altura. Dividido no meio de dois Paraísos igualmente celestiais hesitei meses a fio entre os duchesses e o fogão de quatro bicos.

Acabei por optar pelo fogão. Quando tempos volvidos a cozinheira se casou com um policia.

(todas as cozinheiras se casavam com policias)

E tentei regressar às bolas de Berlim, a minha avó desiludida com os meus pecados havia cancelado a conta. Desesperado, dispus-me a acompanhá-la a Fátima numa excursão de viúvas para lhe reconquistar o afecto e os bolos de arroz: nem esse sacrifício heróico a comoveu. E passei a viver numa dupla orfandade insuportável da qual nenhuma queijada nem nenhum avental se interessaram até hoje em salvar-me.



António Lobo Antunes, in "O Paraíso" - "Livro de Crónicas" (1998)

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A Adega dos Ossos - Fotografia do Arquivo Mário Novais
(disponível na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian)

Criado em: 22/6/2012 17:21
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Re: Faz uma carta de amor

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2/3/2007 19:42
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Algures de madrugada, numa data improvável

Meu amor
A recordação do teu olhar faz-me lembrar o bailado das borboletas. Ansiosos são os vôos que se desprendem dos teus olhos...

Ainda sinto no ar o teu perfume, que deixaste espalhado pelo quarto, quando saíste de madrugada, a coberto da escuridão da noite cúmplice, sem luar.
Deixaste-me embriagada e meio adormecida, abraçada ao que restou do calor das tuas mãos suaves, que, horas antes, me percorreram o corpo palpitante de desejo e me saciaram a fome de paixão que me atormentava o corpo e a alma, deixando-me completamente perdida da minha razão...
O teu sabor adocicado, impregnou-me a pele e o sentir, entranhando-se em mim, por cada um dos meus poros transpirados e salgados, anunciando a avidez urgente do tanto que me oferecerias sem eu nada te pedir com palavras. Leste-o nos meus olhos, lascivos... sem demora, debruçaste-te sobre mim e roçaste-me levemente, com os teus lábios cálidos, que dançaram sobre os meus, movidos pelo embalo de uma música suave que se ouvia em fundo. As bocas entreabertas deixaram que as línguas se tocassem e se enrolassem num beijo urgente e interminável.

Se eu soubesse que gostavas, escrevia-te um poema...
Despir-me-ia de preconceitos e ousaria mostrar-me nua, para deleite dos teus olhos. Procuraria as palavras certas, as mais doces e belas que encontrasse e vestir-me-ia com elas, sob a forma de um fino véu, onde sobressaísse o rendilhado dos meus sentimentos. Teria pano de sobra, onde pregaria botões de anseios e flores de desejos.
Numa fita de seda azul, bordaria um punhado de beijos, que te ofereceria à chegada e à despedida.
Se eu soubesse que gostavas, inventava uma poesia...
Esperaria que o sol se escondesse e visitar-te-ia de noite, com a cumplicidade da lua.

Em cada hora do tempo errante, em que os ponteiros do relógio entorpecido pela dolência dos dias, rodam no sentido contrário da vida, marcando o tempo que não volta, invento-te.
Invento-te no meu imaginário de sonho e desvelo, onde se projectam imagens irreais numa tela de fantasia que vou moldando a meu belo prazer. E faço com que voltes sempre ao meu encontro, em cada desejo que me invade a mente na dormência da inquietante e insuportável ausência de ti. E então, vejo-te chegar ao longe, com um esboço de sorriso preso ao brilho do meu olhar.
Damos as mãos e corremos pelo verde da minha esperança, saltando os muros da nossa distancia e escalando as fragas das minhas incertezas, rumo ao paraíso que inventei no mesmo instante em que te perdi.
O que nos vale, é que ainda me restam as lembranças do bailado das borboletas nos teus olhos...

Desta que te (re)inventa porque te quer, com amor!

Cleo (Lurdes Dias)

Criado em: 12/6/2012 15:37
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Re: EPL - Estudos Portugueses e Lusófonos

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2/3/2007 19:42
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Feito!
Se é para ajudar, realmente não custa nada e é um prazer!

Beijo

Criado em: 31/5/2012 11:00
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Re: Apresentação do Movimento pró-Luso

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2/3/2007 19:42
De Queluz
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Eu também sou membro deste movimento "Pró Luso", para um Luso melhor!
Espero, sinceramente, que se venham a manifestar mais simpatizantes com vontade de aderir a este projecto onde todos terão direito a dar a sua prestação/opinião com vista a fazer deste site um verdadeiro lugar de partilha onde as palavras serão a ponte que nos irá unir por um Luso mais justo e ao mesmo tempo, tão ou mais apetecível do que qualquer outro sítio efémero da net, por onde, habitualmente,nos costumamos passear.

Criado em: 29/5/2012 22:24
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Piódão -

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2/3/2007 19:42
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Um filme a preto e branco, rodado na aldeia do Piódão e tendo como principal figura o actor Sinde Filipe, oriundo de Côja (Arganil).
Tal como o fado, é história. Apesar de ficção, é a nossa história...
A história de um povo quase esquecido(na época da rodagem do filme em 1973) seria um povo esquecido, sem dúvida alguma. Hoje já não o é tanto assim, pois graças às suas características naturais esta aldeia foi preservada e hoje é o bilhete postal que corre mundo, anunciando um exemplo de maravilhas por descobrir, por este Portugal fora.

Vale a pena ver este vídeo, pois contém muito do que muitos não sabem... a pobreza é evidente, mas era assim que se vivia nestas terras e noutras por este País fora.



O Piódão, tal como ele é hoje. Não muito diferente do Piódão do filme, mas decerto com muito mais conforto no interior de grande parte das suas casas de xisto.

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Criado em: 4/5/2012 23:29
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