todas as viagens
são gratas
ao único passo
que as inicia, sãs
mesmo que vãs
em qualquer forma
de negação
ou pre-disposição
do ser
mesmo que informe
é-o na medida
exacta e transacta
e ainda assim
a força
a génese
e o crepúsculo
simplesmente
um acto crescente
em actos
onde o nada existe

todas as formas
em bruto
são contra-feitas
pelo nada absoluto


Abraço

sou assim
fora ou dentro
dum sonho
real ou irreal
não sei
assim como não sei
de mim
no propósito da poesia
corrente contra
a corrente
nascente divina


faço disto e daquilo
e daqueloutro
momento dum poema
oriundo de outros eus
laços dignos de atenção
profundos, porque são
talvez a única forma
de me dizer poeta
a beber da fonte infinita
ou um mero acaso
de tempos a tempos
no tempo de jubileu



Um abraço a todos. Um prazer beber dessas fontes

raros os momentos de beleza
em que o coração sente
e a mente consente

chama-se a isto Amor
amor pela intransponível
loucura a que me sujeito
sem jeito de ser
mas com formas exactas
de um mesmo acontecer

rítmicos acontecimentos
de cariz melancólico
a contorcer-se de dor
pioneira em todos
os carismas e crismas
no átrio sagrado
despojamento das lágrimas
vertidas em silêncio

canta-se o fado
e a cidade ao fundo
brilha porque a luz é vida
e a poesia a ponte
até à verdade
de todos os que sabem
doar-se e catalogar-se
em todos os dias
feitos poemas

Ao invés de se debater este tema até à última gota, poder-se-ia, talvez debater o tema apagar perfis indesejáveis, desses que só querem manifestar a sua página com insultos provenientes da sua arrogância e insatisfação pessoal. Apagar porque não? Apagar significa para esses, ultimar os seus desejos de má-criação. Criariam assim um novo perfil, com o intuito de continuar a sua saga? Clicar no botão delete, é só um segundo que contribuirá para a satisfação de qualquer criatura que sente prazer em começar tudo de novo. Novíssimos momentos que essa criatura se desapega do velho para começar de novo.

O botão apagar, serve só para criar ainda mais o desejo nessas criaturas de praticarem atos insolentes, até à sua própria vontade; a de criar novos momentos para elas e para os outros. Apagar significa tolher os movimentos e reduzi-los a pó, mas do pó se faz pó e esse paira sempre no ar, essa atmosfera turva que as cega e as eleva ao seu novo estado, o estado natural das coisas pequenas, mas que por serem pó, minguarão no chão que pisam, até se transformarem em algo mais, quem sabe a terra nascida debaixo dos seus próprios pés.

Assim, a ver pela força do verbo apagar:

Apagar – reduzi-las a pó - às palavras indesejáveis
Não apagar – deixá-las chafurdar na própria lama que criaram

Apagar – deixar como pano de fundo um espaço em branco, à espera de novas investidas
Não apagar – retribuir de todas as formas que nos são conhecidas, as formas mais exactas de transformar o verbo apagar, e aí teremos que coabitar sem melindrar, ou amansar sem ter que apagar, ou até entrar na história e fazermo-nos personagens desse filme. Voltamos assim à primeira fase e teremos mesmo que nos situar…no apagão em que se transforma um verbo que nasce de novo para o Verbo

Apagar – Faça-se luz, e que dessa luz se manifeste o desejo de todos os que se sentem apagados mesmo antes de terem nascido.
Não apagar – desejar que todas as palavras medrem nos antros empobrecidos dos que desejam só ser pó, e não veem o pó que se levanta no caminho que pisam.

(Por mim fico-me pelo apagar, tendo em conta que estamos a conviver com almas penadas e não tenho como saber encaminhá-las no seu caminho árduo)

Já tive situações (infelizmente), que esse botão me fez muita falta. Já tive outras, na sua maioria que não me incomoda nada do que possa advir do botão apagar.

Mas afinal estou falar de quê? Penso que cada um deverá utilizar ou não as ferramentas que existem no site. Se o dono do site não permitir que eu ande pelos seus caminhos, não ando, assim como não abdico da minha liberdade em andar pelos meus. E se o dono do site achou por bem acrescentar essa ferramenta, ele saberá os erros em que ocorrerá, ou das supostas tentativas de terminar com certas manifestações de ordem, impróprias a um sitio destes, pois é livre de fazer do site o que quiser. Quem está mal muda-se, e aí, apaga-se a nossa vontade de apagar ou não apagar palavras indesejáveis. A mim nunca me foi pedido, qualquer valor para estar aqui, nem tão pouco me foi exigida melhor qualidade na minha escrita, para poder partilhá-la.

Penso que entramos todos pela porta da frente e abusamos da hospitalidade duma casa que só quer proporcionar a todos a partilha que nos faz ter este desejo de permanecer. As palavras: Então apaguemo-las ou não, a decisão é sempre nossa:



Nota: Este texto surgiu e só.....baseando-se nas quezílias que sempre existem entre usuários (ou lusuarios?), que utilizam esta forma negra (dos comentários) para manchar ainda mais a sua roupa suja

respira a palavra
de ordem
natural(mente)
o momento intemporal
do homem
e o ritmo
dos dias
o último lamento
dos tempos
que se amofinam
no silêncio
e se perpetuam
nos atos
princípio de todas
as telas
enquadradas nas paredes
de um altar
e o terço em redoma
acabrunhado gira
perante o reflexo
dos dias cinzas

em cada ímpeto
finda a respiração
do homem
desusado
arrepiado
encurralado
assim se principia

a sombra
silhueta tosca
a acordar a manhã
e ninguém dá por ela
gélida, assumida
travestida

o rio em silêncio
traz a correria
das águas pardas
à cidade
a rua completa-se
com o desassossego
das gentes que
enchem as vielas
e com elas
a verdade nua
mas crua
da manhã submersa
no nevoeiro

o relógio parou
na noite
estancou a madrugada
num rosto deformado
e simplesmente gente
gente disfarçada
dum pudor citadino
e com ele
um novo peregrino

cravada por dentro
da lareira acesa
a labareda medra
como todos os ledos
gestos à volta
da mesma mesa
abandonada
na mesma rua
sem nome

vieram os ventos
surripiar os fundos
doutros mundos
um querer muito
ser poeira
e cinza
esgotada
e apartada
no mesmo lugar

e caio
porque
nem todas as quedas
abraçam o ar
que respiro

e fujo
porque nem todas
as fugas
são o esquecimento

e grito
porque nem todo
o clamor
é a força que nasce

e sofro
porque já nada
é como era de antes
ter nascido

e nesta rua
dá-se o encontro
faminto corpo que segura
um parto antigo

se por morte
de um poema
eu renascer nas suas
duras penas
valerá a pena
ter ocupado um ponto
no horizonte
e não me ter cingido à dor
de ser só a graça
no final do caminho

ao fundo desta rua
nasce por fim
uma cidade minha
o lugar onde encontro
qualquer desgraça
a acordar na praça
o ideal lugar citadino
onde morrem os dias
e nascem as noites
por entre a neblina

Imagino um poema
Imagens turvas
perecidas nas
pontas dos dedos
ou sonhos reais
como se fosse eu
um poeta vivo
em puros desvarios
que por certo
serão esquecidos
nas linhas cruzadas
das palmas
das minhas mãos
ou num momento
de loucura
correntes paradas