Escreve do alto do teu ser
De aparo na mão
Algum pensamento
Elabora um puzzle em papel
E pendura-o na tua árvore
Ainda em flor

Refaz a silhueta nascida
Agora na tua nova condição
Pede que lhe seja doada
A forma exacta de um beijo
Expira-lhe o perfume
De raiz irrigada do desejo

Mata essa fome
Sacia esse ser irracional
E parasita que há em ti
Profana o que de mais puro
Há nesse arlequim
Viajante do teu corpo

Maltrata, humilha e despreza
O mais impuro
Esse mal de que sofre
Acende uma vela ao sem abrigo
Que nas trevas
Do teu pensamento, morreu

Que o poema fale mais fundo
Do que as palavras indefinidas
De todos os que se sentaram
Nos ramos mais altos
Colheram os frutos maduros
Alimentando a fome do inverno
Olvidando a insolvência do mundo

Quando o dourado adubar a terra
O azul me der a percepção
De que há céu e mar
Com terra à vista
E com ela o único mentor
Sabedor de todas as coisas
A ultimar o meu último desejo

De voltar no tempo das searas!

Saudações!

Como em tudo na vida, a seriedade passa por saber ser honesto dentro de uma integridade que nos satisfaça no encontro com o outro, mostrando algum resto de verdade que ainda existe em nós. Mas afinal o que é a verdade? A minha, a tua, a nossa, a vossa a de todos quantos pretendem ocupar o tempo, que lhes é permitido partilhar e comunicar através da escrita

Lamentavelmente, e desde 2008, que venho notando todas estas e outras quezílias, que são sempre as mesmas, partindo do mesmo princípio e da mesma base, até ao topo, onde estão outros que já se iniciaram no mesmo princípio e na mesma base. Quero com isto dizer, que a frase tão conhecida de todos: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, não faz dela uma frase perfeita, tal como não o conseguimos ser também. Por isso, e porque nada na vida é perfeito, porque se o fosse estaríamos a ocupar o tempo com algo bem mais enriquecedor, estamos ainda a “bater no molhado”. Os poderosos mesmo destituídos, ou destituindo-se querem continuar a ter poder, ( o ego exige que assim seja), os menos poderosos, querem continuar a ocupar o tempo e partilhar o que têm para dar num site desta natureza, os revoltados (porque o ego ainda precisa de muito alimento), mostram a sua insatisfação, na ânsia de que por aqui, talvez resolvam algumas carências de vária ordem, e assim vamos indo num amontoado de crendices, umas por umas coisas, outras por outras coisas, evitando o óbvio que só a nós dz respeito. Por mim diria até: Uma nova ordem no site, com eliminação em bloco e automática de questões de ordem pessoal.

O que eu sei e lamento, é que nunca vi ninguém “pegar o boi pelos cornos” e fazer frente a um conjunto de “bestas” espavoridas e até adormecidas sobre um passado que lhes é tão caro). O que vi e vejo, são sempre e quase os mesmos, os que ainda estão, e até os que se foram e só vêm deitar mais lenha na fogueira, afirmando-se detentores da verdade, (como se a sua verdade fosse ainda uma corrente avassaladora), talvez à espera de novo alimento, objectivo proposto por essa corrente sedenta de fome, a que se submeteu durante algum tempo.

Pela minha parte, estando uns ou outros administradores, pouco importa, porque o meu objectivo (para além de alimento também), é o de ler, sentir, e ser lida e ser sentida, através do que tenho para dar. Servirá de alimento a outros eus, alimentando-me a mim também, um eu! A fome é negra mas quando se começam a distinguir algumas luzes a brilhar o escuro, a fome dá lugar a outras fomes e tudo se sacia, tudo se equilibra. Nem tudo é mau, e nem tudo é bom. Precisamos saber qual o lugar que nos dá maior conforto e saber o que temos para dar e receber. Venho escrevendo sobre estas questões de vez em quando no site, e escrevo com alguma ironia sobre “a separação das águas”. Dividir o site em dois, ou três, o que for…penso que já o está de há muito. Tenho para mim que o Luso-poemas tem esta característica, a de "tudo ao molho e fé em Deus", talvez porque o dono do site, assim o definiu. Para mim a fé em Deus, passa pela fé que tenho nas pessoas, que brilham no escuro. Por momentos, penso sobre a personalidade do dono do site que se diverte por detrás destas coisinhas que são a revelação sobre a postura erecta ou não, que todos temos num mundo prestes a desabar por sobre as nossas cabeças. Se todos soubéssemos como aparecer sendo, saberíamos ser um pouco pessoas antes de sermos poetas ou outra coisa qualquer, aqui e em todos os lugares. O dono do site terá lá os seus motivos, pelo que sempre me pareceu uma personalidade das que falei (para alguns uma luz a brilhar no escuro, saciando umas e outras fomes).

Aguarda-se assim pelo caminho a seguir e pela montanha a escalar, trilhando as vontades a cada caminhar. Por mim, fico-me por aqui, e como sempre estive, alimentando-me do que preciso. Faça cada um o seu dever e busque o alimento de que precisa e como sempre disse, dividam-se as águas para eu e cada qual passar.


Dolores Marques

Um momento desejado! Espero poder estar presente neste Tu Cá, Tu Lá II

Abraços a todos

Agradecida Carlos e UMAV
Vou tentar a ver o que eu vou conseguir fazer. As vossas orientações são uma mais valia para quem quer aprender num espaço como este.

beijo

Agradecida UMAV

Na verdade nada sei de Haicais...

Mas gostaria muito de conseguir

Abraço

Carlos como experiência e pegando em versos de um poema meu, fiz este.

Diga-me a sua opinião

O Cristalino
Orvalho matinal é
Neve agora

Beijo

Adorei este texto sobre os haicais. Sempre me intrigou este tipo de poesia, digo me deliciou.

Agora, Carlos pela explicação que li no outro texto que postou aqui, existem alguns exemplos de haicais que não se regem pela exigência em termos de número de silabas em cada verso, (penso que é 5, 7 e 5 num conjunto de 17 sílabas)

A escrever-se um haicai, pode-se escrevê-lo também de uma forma livre?


Adorei ler mais este

Carlos, terei que reservar algum tempo, para aprender

Obrigada pelo tópico