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AS MAIS BELAS CRÍTICASDE MACHADO DE ASSIS
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Este é um trabalho de crítica. O título vem de uma analogia com aquelas coleções que estão presentes em nossos anos iniciais de leituras: “Os contos mais belos da infância”, “As mais belas poesias da literatura brasileira”, “As mais belas crônicas de um determinado autor”, “Os mais belos contos de fadas”, etc., aqui, são críticas, porém, as mais bem escritas, mais profundas, aquelas que venceram a corrida contra o tempo, as mais belas.

São trinta e seis artigos críticos publicados em duas edições, uma de 1910, a coleção dos autores célebres da literatura brasileira, livraria Garnier, localizada no Rio de Janeiro e apresentada e organizada por Mário de Alencar e outra, de 1997, obras completas de Machado de Assis da editora Globo, localizada em São Paulo. Mais duas críticas esparsas nas seguintes edições: Iracema, coleção prestígio da editora Ediouro de 1995, Rio de Janeiro, com introdução de M. Cavalcanti Proença e Guerra do Alecrim e da Manjerona, também da coleção prestígio e editora Ediouro, sem data, com introduções de Raul Magalhães Júnior e Machado de Assis. Das trinta e oito foram escolhidas doze como as mais belas sendo que a crítica sobre o romance Iracema e a comédia de Antônio José constam nas duas edições de crítica, a de 1910 e a de 1997.

É um trabalho de reunião das duas edições, ou seja, as melhores críticas das duas edições. As quatro críticas iniciais foram retiradas da edição de Mário de Alencar, são elas: Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade, (escrito assim na publicação da editora Garnier) – Notícia da atual Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade (editora Globo); Castro Alves (Carta a José de Alencar); O Primo Basílio (1878) de Eça de Queirós; Fagundes Varela, e as seis finais da edição da editora Globo: O Culto do Dever romance de Joaquim Manuel de Macedo; Cantos e Fantasias, poesias de Fagundes Varela; Lira dos Vinte Anos, poesias do jovem Álvares de Azevedo; Sinfonias, poesias de Raimundo Correia; Alberto de Oliveira: Meridionais (poesias) e José de Alencar: O Guarani. Constam nas duas edições: Literatura Brasileira – Instinto de nacionalidade, Castro Alves, O Primo Basílio, Fagundes Varela. Antes de reunidas em edições, foram publicadas em diversos jornais cariocas.

Este trabalho não é obra do Machado de Assis, autor romântico da primeira fase, mas sim, de um Machado crítico, pouco conhecido dos leitores, aqui não encontramos as palavras que estão em: Ressureição (1872), o primeiro romance; A Mão e a Luva (1874) Guiomar é a mão e Luís Alves a luva; Helena (1876), puro encanto e Iaiá Garcia (1878) o último ato de romantismo da fase inicial de Machado. E nem é o escritor realista da segunda fase de: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) – obra que dá início ao Realismo no Brasil; Quincas Borba (1891), o maravilhoso Quincas Borba, o filósofo megalomaníaco, mas, no fundo, um homem de bom coração; Dom Casmurro (1900) e Capitu, a bela Capitu, afinal: traiu ou não? Assim chegamos aos dois romances finas: Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Também não é o contista genial e pouco estudado, que apresenta suas joias literárias como: Missa do Galo, Conto de escola, Uns braços, O Alienista, Noite de Almirante, O enfermeiro, O espelho, Teoria do Medalhão e muitos mais, todos insertos em: Contos fluminenses (1870); Histórias da meia-noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias da casa velha (1884); Várias histórias (1896); Páginas recolhidas (1899) e Relíquias da casa velha (1906).

A crítica em machado não tem somente o sentido que lhe dá o dicionário, ou seja: arte de julgar obras literárias, artísticas ou científicas; apreciação escrita dessas obras, do grego chritike. Devemos atentar também para o verbo criticar: examinar notando a perfeição ou defeitos de, dizer mal de; censurar. Não é destrutiva, invejosa, derrotista, é uma crítica de análise, de profundidade, de observação. O autor não ataca, primeiramente constrói todo um conhecimento, fato que torna o texto interessante e agradável, gostoso de ser lido; explica, e corrige os defeitos quando há necessidade.

Com o desenvolvimento da crítica, o escritor vai fazendo menções de suas leituras das literatura universal, da literatura portuguesa e da literatura brasileira contemporâneas; aponta falhas, faz análise sobre os literatos do seu tempo, disparando farpas contra O Primo Basílio de Eça de Queirós, faz alusões aos poemas de Cantos e Fantasias de Fagundes Varela, aponta todo o talento de Castro Alves, sobre O Culto do Dever de Joaquim Manuel de Macedo diz: “É um mau livro como A Nebulosa é um belo poema.”; faz muitos elogios ao romance indianista Iracema de José de Alencar, e aponto todos os argumentos utilizados na confecção da obra-prima, citamos aqui o magnífico parágrafo:

“A fundação do Ceara, os amores de Iracema e Martim, o ódio de duas nações adversárias, eis o assunto do livro. Há um argumento histórico, sacado das crônicas, mas esse é apenas a tela que serve ao poeta; o resto é obra da imaginação. Sem perder de vista os dados colhidos nas velhas crônicas, criou o autor uma ação interessante, episódios originais, e mais que tudo, a figura bela e poética de Iracema”.

O autor é bem revelador em relação ao precoce Álvares de Azevedo e a Lira dos Vinte Anos, lembra-nos do sentimentalismo exagerado, o mal do século, que atingiu o jovem autor e muitos outros literatos (Varela, Casimiro, Junqueira Freire, o próprio Álvares, etc.); diz-nos todas as belezas d’O Guarani, e deixa um breve relato sobre o final de Alencar:

Jamais me esqueceu a impressão que recebi quando dei com o cadáver de Alencar no alta da essa, prestes a ser transferido para o cemitério. O homem estava ligado aos anos das minhas estreias. Tinha-lhe afeto, conhecia-o desde o tempo em que ele ria, não me podia acostumar à ideia de que a trivialidade da morte houvesse desfeito esse artista fadado para distribuir a vida.

Mostra-nos o talento de Antônio José, o Judeu na comédia Guerra do Alecrim e da Manjerona sem esquecer a tragédia do Judeu perante à impiedosa Inquisição portuguesa; e finalizando este trabalho de crítica, mostra-nos toda a beleza da musa Erato (amável) nas poesias líricas das Sinfonias do parnasiano Raimundo Correia e das Meridionais do também parnasiano Alberto de Oliveira.

Criado em: 26/5/2014 2:44
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Augusto de Sênior
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NO MAR (ÁLVARES DE AZEVEDO) - ALEGRIA NA "LIRA DOS VINTE ANOS"
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26/7/2009 18:46
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Era de noite: — dormias,
Do sonho nas melodias,
Ao fresco da viração,
Embalada na falua,
Ao frio clarão da lua,
Aos ais do meu coração!

Ah! que véu de palidez
Da langue face na tez!
Como teus seios revoltos
Te palpitavam sonhando!
Como eu cismava beijando
Teus negros cabelos soltos!

Sonhavas? — eu não dormia;
A minh’alma se embebia
Em tua alma pensativa!
E tremias, bela amante,
A meus beijos, semelhante
Às folhas da sensitivas!

E que noite! que luar!
E que ardentias no mar!
E que perfumes no vento!
Que vida que se bebia
Na noite que parecia
Suspirar de sentimento!

Minha rola, ó minha flor,
Ó madresilva de amor,
Como eras saudosa então!
Como pálida sorrias
E no meu peito dormias
Aos ais do meu coração!

E que noite! que luar!
Como a brisa a soluçar
Se desmaiava de amor!
Como toda evaporava
Perfumes que respirava
Nas laranjeiras em flor!

Suspiravas? que suspiro!
Ai que ainda me deliro
Entrevendo a imagem tua
Ao fresco da viração,
Aos ais do meu coração,
Embalada na falua!

Como virgem que desmaia,
Dormia a onda na praia!
Tua alma de sonhos cheia
Era tão pura, dormente,
Como a vaga transparente
Sobre seu leito de areia!

Era de noite — dormias,
Do sonho nas melodias,
Ao fresco da viração;
Embalada na falua,
Ao frio clarão da lua,
Aos ais do meu coração.


*”As estrelas brilham no céu, e a brisa da noite vaga docemente entre as flores: sonha, canta e suspira.”
GEORGE SAND.
Tradução: Coleção L&PM Pocket nº 118, pág. 15.

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Poesia agradável, de fácil leitura, sonora, estrofes musicais.

Cinquenta e quatro versos (cada uma das linhas gráficas) divididos em nove sextinas (estrofes de seis versos).

Com o seguinte esquema de rimas: o primeiro verso rima com o segundo, o terceiro verso rima com o sexto verso e, o quaro verso rima com o quinto verso.

São versos redondilhos (maiores), ou seja, sete sílabas poéticas.

Vejamos a escansão (divisão em sílabas sonoras) da primeira estrofe:

"E-ra-de-noi-te-dor-mi-/as,
Do-so-nho-nas-me-lo-di-/as,
Ao-fres-co-da-vi-ra-ção-/
Em-ba-la-da-na-fa-lu-/a,
Ao-fri-o-cla-rão-da-lu-/a,
Aos-ais-do-meu-co-ra-ção!/"

Em todas as sextinas existe uma palavra de felicidade:

Primeira: coração;

Segunda: beijando;

Terceira: beijos;

Quarta: perfumes;

Quinta: flor;

Sexta: amor;

Sétima: coração;

Oitava: sonhos;

Nona: coração.

Nas profundezas textuais, percebemos como tema central o mar (falua - pequena embarcação, viração - brisa amena, vento suave; ondas, praia, areia, etc.).

O poeta olha sua amada (verdade ou ficção?...), uma mulher de seios revoltos (analogia com as ondas), cabelos negros e soltos, perfume de laranjeiras em flor, etc.

As rimas produzem uma sensação agradável, podemos situar a poesia entre as mais belas e intrigante do Período Romântico da Literatura brasileira.

Augusto de Sênior.
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Criado em: 19/10/2013 21:50
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FAMÍLIA DE BRIGÕES
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Somos uma família de brigões.
Não a briga no sentido físico, isto é, luta corporal e, muito menos, luta no sentido de agressão mútua entre pessoas; batalha; briga no sentido lato da palavra; mas, "luta" intelectual, política, religiosa, histórica, social, etc.

"Brigamos" por quase tudo.

Segurança, política, trabalho, futebol, saúde, religião, questões sociais, questões culturais, etc.

A tradição da família é bicentenária.

É dividida em duas classes: A e B.

Infelizmente, todo o "bom" vai para a classe A e o "nada" é destinado à classe B.

E mesmo assim, a Família é feliz.

"Brigamos", "brigamos" e "brigamos"...

No final - sempre - ficamos amigos!...

Assim somos:

Paulos

Manuéis

Eduardos

Ruis

Jorges e muitos mais...


Também somos:


Saulos

Édsons

Renatos

Vânias

Iagos

Robsons


Evertons


Patrícias

Ricardos

Otacílios

Teresas

Édnas

Geraldos

Edneias

Raquéis, e muitas mais...


Dedicada a todos que trabalham com a Segurança Pública...


Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
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Criado em: 15/10/2013 10:28
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DINHEIRO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - O HUMOR NA "LIRA DE VINTE ANOS"
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26/7/2009 18:46
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Sem ele não há cova—quem enterra
Assim gratis a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?
Demais, as Dánaes também o adoram.
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe a Deputado, até Ministro,
Quem é mesmo Eleitor, embora sábio,
Embora gênio, talentosa fronte, Alma
Romana, se não tem dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!
O mundo é para todos... Certamente,
Assim o disse Deus—mas esse texto
Explica-se melhor e doutro modo.
Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim—concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.

*”Oh! dinheiro! Contigo somos jovens, belos, adorados; temos consideração, honra, qualidades, virtudes. Quando não temos dinheiro, ficamos dependentes de todas estas coisas e de todo o mundo.” CHATEAUBRIAND.
Tradução: Coleção L&PM Pocket, nº 118, pág. 194.
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Poesia muito diferente de todas as outras de Álvares de Azevedo (1831-1852), segue outro “estilo”. O pequeno verso de Chateaubriand (Francois-René de Chateaubriand - 1768/1848 – escritor francês de romances e novelas) logo no início, diz sobre vantagens e desvantagens do dinheiro – tê-lo ou não?

Trata-se de uma estrofe gigantesca quando comparada as outras criadas pelo adorável poeta, são dezessete versos (cada uma das linhas gráficas) e não existem rimas entre eles.

São decassílabos (dez sílabas poéticas), vejamos a escansão (divisão em sílabas sonoras) dos quatro primeiros versos:

“Sem-e-le-não-há-co-va-quem-en-ter-ra
As-sim-grá-tis-a-Deo?-o-ba-ti-za-do
Tam-bém-cus-ta-di-nhei-ro.-Quem-na-mo-/ra
Sem-pa-gar-as-pra-ti-nhas-ao-mer-cú-/rio?”

Fala do seu bem e do seu mal.

Onde está o humor?

O humor está na maneira de como o tema (o dinheiro) é tratado, tão vil e tão importante ao mesmo tempo, e sua contradição, possibilitando coisas boas e também coisas más:

- Sem ele não há enterros!

- Sem ele não há batizados!

- Sem ele não há namoros!

- Sem ele não há festas!

- Sem ele não há mulheres!

- Sem ele não há romances!

- Sem ele não há poesia!

- Sem ele não há política!

- Sem ele só existe o nada!...

E assim o jovem termina o interessante poema e diz também que o mundo é uma festa, mas nela só entra quem tem dinheiro (“as louras”).

Augusto de Sênior.
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Criado em: 12/10/2013 19:35
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NAMORO A CAVALO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - O HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"
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Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcineia namorada.

Alugo (três mil réis) por uma tarde
Um cavalo de trote (que esparrela!)
Só para erguer meus olhos suspirando
A minha namorada na janela...

Todo o meu ordenado vai-se em flores
E em lindas folhas de papel bordado
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,
Algum verso bonito. . . mas furtado.

Morro pela menina, junto dela
Nem ouso suspirar de acanhamento. . .
Se ela quisesse eu acabava a história
Como toda a comédia—em casamento.

Ontem tinha chovido. . . que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...

Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rocinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada. . .

Mas eis que no passar pelo sobrado
Onde habita nas lojas minha bela
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela...

O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada. ..

Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chapéu que sofrera no pagode
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.

Circunstância agravante. A calça inglesa
Rasgou-se no cair de meio a meio,
O sangue pelas ventas me corria
Em paga do amoroso devaneio!

(Obras, 1853. Lira dos vinte anos, 2ª parte)
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É um namoro, isto é, a estória de um namoro!

O jovem enamorado “vive” mil peripécias.

Apesar de todos os “desconcertos” o jovem não diz se é correspondido.

São quarenta versos (cada uma das linhas gráficas) divididos em dez estrofes (conjunto de versos).

São decassílabos (dez sílabas poéticas).
Vejamos a escansão (divisão em sílabas sonoras) da primeira estrofe:

“Eu-mo-roem-Ca-tum-bi-mas-a-des-gra-/-ça
Que-re-ge-mi-nha-vi-da-mal-fa-da-/-da
Pôs-lá-no-fim-da- ru-a-do-Ca-te-/te
A-mi-nha-Dul-ci-nei-a-na-mo-ra-/-da.”

O conjunto de rimas é o mesmo para todas as estrofes: o segundo verso rima com o quarto verso.

O jovem faz de tudo para ver a namorada: aluga um cavalo por três mil réis (Que fortuna!), gasta seu ordenado em flores, furta versos bonitos, sonha com o casamento, reclama que um dia fora ver a namorada e uma carroça jogara lama suas roupas bonitas, etc.

Além do Quixote sonhador não ter sido recebido pela “bela”, o cavalo, “ignorante de namoros”, jogou nosso herói de pernas para o ar sobre a calçada que, raivoso “como um bode” e calças rasgadas “meio a meio” não conseguiu ver a namorada.

Nas profundezas textuais podemos observar que o poeta faz analogia com o Quixote de Cervantes, mas, ao que parece, não realiza seu ato de amar, e volta para casa sonhador.


Augusto de Sênior.
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Criado em: 7/10/2013 22:02
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É ELA! É ELA! É ELA! É ELA! (ÁLVARES DE AEVEDO) - O HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"
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É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura—
A minha lavadeira na janela!

Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamorado!

Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! que profundo sono! . . .
Tinha na mão o ferro do engomado. . .
Como roncava maviosa e pura!
Quase caí na rua desmaiado!

Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la. . . roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido. . .

Oh! de certo. . . (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela. . . que amanhã de certo
Ela me enviará cheios de flores.

Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio.

É ela! é ela! — repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta. . .
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!

Mas se Werther morreu por ver
Carlota Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim mais bela, — eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!

É ela! é ela! meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela. . .
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou—é ela!

(Obras, 1853. Lira dos vinte anos, 2ª parte)


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É o poema mais humorístico de Álvares de Azevedo (1831-1852).

É uma “história” de amar.

É um namoro. Não é o “Namoro a cavalo”! Mas, é um namoro!

São quarenta versos (cada uma das linhas gráficas) divididos em dez estrofes (conjuntos de versos) de quatro versos (quadras).

São decassílabos (dez sílabas poéticas).
Vejamos a escansão (divisão em sílabas sonoras) da primeira estrofe:

“É-e-la!-É-e-la!-mur-mu-rei-tre-/men-do
E-o-e-coao-lon-ge-mur-mu-rou-é-/e-la
Eu-a-vi-mi-nha-fa-daa-é-reae-pu-/ra
A-mi-nha-la-va-dei-ra-na-já-ne-/la.”

De sua residência, o jovem poeta vê sua amada “estendendo” roupas no telhado e suspira enamorado.

O conjunto de rimas é o mesmo em todas as estrofes, ou seja, o segundo verso rima com o quarto verso.

Ele é tão apaixonado que espreita, como um leão faminto, o sono da amada (Que é pesado!), mesmo assim não diz se é correspondido, e observa também coisas triviais como o ronco de “seu” amor.

Ele furta um bilhete pensando em lindas trovas de amor, mas ao ler, percebe que se trata de um lista de roupas sujas e o fato é “anunciado” por uma coruja (simbolizando o azar).
Que poesia poderá resistir a um rol de roupas sujas?

Finalizando o engraçado poema o autor faz analogia com as grandes histórias de amor do seu tempo (E do nosso também!), o amor de Werther e Carlota (“Os sofrimentos de Werther – Goethe), o amor de Dante (“A divina comédia” – Dante Aliguiere) e Beatriz, e espera que o seu seja diferente, isto é, realize-se.

Nas profundezas textuais percebemos que o poeta ama sua “lavadeira” e tudo fará por ela, inclusive, “vencer” certos impedimentos - “sociais”.



Augusto de Sênior.
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Criado em: 28/9/2013 17:17
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LUAR DE VERÃO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"
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O que vês, trovador?—Eu vejo a lua
Que sem lavor a face ali passeia;
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.

O que vês, trovador?—No esguio tronco
Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira.
Além se entorna a luz sobre um rochedo
Tão liso como um pau-de-cabeleira.

Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia
Em vez de aromas as doiradas ondas
Respiram efluviosa maresia!

O que vês, trovador?—No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejo—e tremo de paixão ao vê-las—
As nuvens a dormir, como carneiros.

E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso, e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.

(Obras, v. 1, 1853, Lira dos vinte anos – 2ª parte)

____________________________________________________________


O eu lírico (a voz que “fala” no texto) por três vezes pergunta:
- O que vês meu poeta?

Na primeira estrofe, uma das respostas:
- Eu vejo a Lua!...

Na segunda estrofe, outra resposta:

- Eu vejo o chinó (cabeleira postiça, peruca; na poesia é de um tipo de cipó muito fino que cresce em algumas árvores também conhecida como barba-de-velho) de uma nogueira!...

E na terceira estrofe:

- Eu vejo as nuvens!...

Lua, o chinó de uma nogueira e nuvens, palavras constantes no universo poético do jovem autor, ou seja, termos universais que acompanham a poesia desde tempos imemoriais, desde épocas inenarráveis.

É uma poesia de vinte e quatro versos (cada uma das linhas gráficas do poema equivale a um verso), dividida em seis estrofes (conjunto de versos) de quatro versos (quadras), tendo como sistema de rimas, a rima do segundo com o quarto verso.

São versos decassílabos (dez sílabas poéticas).

Vejamos a escansão (divisão) do conjunto de versos da primeira estrofe:

“O-que-vês- tro-va-dor?-eu-ve-joa-lu-/a”
“Que-sem-la-vor-a-fa-cea-li-pas/sei-/a”
“No-a-zul-do-fir-ma-men-toin-da-é-/-mais-pá-li-da”
“Quem-cin-zas-do-fo-gão-u-ma-can-dei-/-a.”

“Mergulhando” nas águas límpidas desse “Luar de verão”, podemos entender que o jovem e romântico Álvares (desaparecido antes de completar vinte e um anos) era também "discípulo” da Natureza, vejamos uma parte do seu universo poético: lua, luar, o azul do firmamento, o tronco da nogueira, o rochedo , o pau de cabeleira; as praias, maré, ondas, maresia, o horizonte, as nuvens, etc.

Deixando assim de ser o poeta lúgubre de termos macabros como cadáver, morte, cemitério, etc., descrito nos livros de história literária e adepto do mal do século (melancolia), sonhador doentio e um jovem com “vontade” de morrer prematuramente.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIR, A. C.

Criado em: 16/9/2013 12:27
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A LAGARTIXA (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS"
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A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Possa agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

(Obras, v. 1, 1853, Lira dos vinte anos – 2ª parte)

____________________________________________________________


É um poema de comparações.

São dezesseis versos divididos em quatro quadras com rimas entre o segundo e o quarto verso.

São decassílabos (dez sílabas poéticas).

Vejamos a escansão (divisão) da primeira estrofe:

“A-la-gar-ti-xaao-sol-ar-den-te-vi-/ve
E-fa-zen-do-ve-rão-o-cor-poes-pi-/-cha:
O-cla-rão-de-teus-o-lhos-me-dá-vi/-da
Tu-és-o-sol-eeu-sou-a-la-gar-ti-/xa.”

Aqui a primeira comparação: “Tu és o sol, eu, a lagartixa”, em outras palavras, tu brilhas, eu me aqueço...

Na segunda estrofe mais comparações: o vinho e o sono, o copo e o leito de amor, o travesseiro e o peito amado.

Poesia trabalhada, pensada, estudada; devemos observar a inteligência com que é construída a terceira estrofe:

“Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;...”

A utilização dos dois pontos, antes da conclusão lógica, ou seja, o jovem poeta (não completou vinte e um anos de vida) já tem a sua flor...

E assim o jovem vai construindo a sua poesia e continua a declarar seu amor, diz que a sua bela vale mais do que outras belas e faz a comparação final:

“Em fazer-me feliz ela capricha;
(...)
Como ao sol de verão a lagartixa.”

Mergulhando no texto temos um jovem poeta apaixonado por uma bela, mas em algum lugar, Ele vê na parede uma despretensiosa lagartixa e faz as comparações prosaicas que embelezam a poesia.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)




Criado em: 14/9/2013 10:34
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Augusto de Sênior
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A BLUSA AMARELA DE VLADIMIR MAIAKÓVSKI (1893-1930) - UM POETA QUE ERA SÓ CORAÇÃO
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Do veludo de minha voz
Umas calças pretas mandarei fazer.
Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.
E numa Nevsky(1) mundial com passo pachola(2)
Todo dia irei flanar(3) qual D. Juan frajola(4).

Deixai a Terra gritar amolengada de sono:
“Vais violar as primaveras verdejantes!”
Rio-me, petulante, e desafio o Sol!
“Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!”

Talvez porque o céu está tão celestial
E a Terra engalanada(5) tornou-se minha amante
Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval
Agudos e necessários como um estilete pros dentes.

Mulheres que amais minha carcaça gigante
E tu, que fraternalmente me olhas, donzela.
Atirai vossos sorrisos ao poeta
Que, como flores, eu os coserei
À minha blusa amarela.

(1913)

Tradução: Emílio Carreiro Guerra.
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SITE 20 ANOS DE BLUES: MAIAKÓVSKI E A BLUSA AMARELA. Acesso: 13 de setembro de 2013.
01. NEVSKY (de Nevsky – “De Neva”)
Referência ao príncipe Alexandre Iarolavitch Nevski.
Na Batalha do Neva, em1240, Alexandre salvou a Rússia de uma invasão inimiga.
Por extensão: vencedor, vitorioso, etc.
02. PACHOLA (ADJETIVO)
Bom, bonito, embelezado, etc.
03. FLANAR – Passear ociosamente.
04. FRAJOLA – Elegante; bem falante
05. ENGALANADA - Engalanar – verbo. Ornamentar.
ADJETIVO – Ornado de gala, embandeirado, enfeitado.
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Poesia de rara beleza sobre um motivo comum: uma blusa amarela usada pelo poeta (“Um grandalhão vestido numa blusa amarela”).

Dezenove versos divididos em quatro estrofes: uma sextilha (seis versos), duas quadras (quatro versos) e uma quintilha (cinco versos).

A primeira imagem da sextilha é maravilhosa:

“Do veludo de minha voz
Umas calças pretas mandarei fazer.”


E rima com a segunda imagem que também é maravilhosa:

“Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.”


Finalizando a interessante estrofe, temos um dístico (dois versos):


“E numa Nevsky mundial com passo pachola
Todo dia irei flanar qual D. Juan frajola.”


A primeira quadra também é interessante:

Deixai a Terra gritar amolengada de sono:
“Vais violar as primaveras verdejantes!”
Rio-me, petulante, e desafio o Sol!
“Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!”

O eu lírico (a voz que fala no texto) pede que a Terra seja deixada em paz, que seus apelos sejam respeitados, que cessem a sua violação, a sua destruição, a sua exploração, etc.

Diz ainda o eu lírico: sorrio petulante e desafio o Sol, ou seja, o poder legitimamente estabelecido (o Estado e suas instituições), e também diz que gosta dos “enfeites” produzidos pelas revoluções (social, cultural, industrial, histórica, etc.).

Diz a segunda quadra:

O céu está mais azul (“celestial”) e a Terra é minha amante, os meus versos são alegres, isto é, cotidianos, e, principalmente, sobre os fatos comuns, mas também são contundentes, isto é, críticos e sociais e podem ferir como um estilete.

Encerra o belo poema com uma quintilha onde o eu lírico chama atenção para as mulheres amadas, ou seja, os amores, e também para as donzelas (platônicas) – o amor que não se realiza, que sorriem para o poeta, que “recebe” os sorrisos como flores e os costura a sua blusa amarela.


Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)



Criado em: 13/9/2013 13:10
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Augusto de Sênior
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VAGABUNDO (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR EM LIRA DOS VINTE ANOS
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Eu durmo e vivo no sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso,
Nas noites de verão namoro estrela;
Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.

Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada...

Oito dias lá vão que ando cismado
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...

Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio;
Não creio no diabo nem nos santos.
Rezo a Nossa Senhora, e sou vadio!

Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.


*Eat, drink and love; what can the rest avail BYRON. D. Juan.
“Come, bebe e ama; de que pode nos valer o resto?” BYRON.
Tradução: Coleção L & PM Pocket, nº 118, pág. 176.

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Vagabundo é a “história” poética de um homem que não tem teto. De um homem que vive ao relento, gosta de um cigarro e mesmo assim é feliz (“ditoso”).

São quadras (quatro versos) com o seguinte esquema de rimas: o segundo verso rima com o quarto, totalizando quarenta versos divididos em dez estrofes.

São versos decassílabos (dez sílabas poéticas). Vejamos a escansão da primeira estrofe, onde o eu lírico (a voz que “fala” na poesia) se apresenta e diz a sua sina (pobre, mendigo e ditoso):

(“Eu-dur-moe-vi-vo-no-sol-co-moum-ci-/ga-no,”)
(“Fu-man-do-meu-ci-gar-ro-va-po-ro-/-so,”)
(“Nas-noi-tes-de-ve-rã-na-mo-ro-es-tre-/la;”)
(“Sou-po-bre-sou-men-di-goe-sou-di-to-/so.”)

E assim o jovem poeta continua pelas quadras restantes, sempre nessa tonalidade, sem dinheiro, namorador sonha com a donzela, nomeia-se filho da lua e procura sempre o contato com a natureza, etc.

Na profundidade do texto podemos entender que é um homem sem desejos materiais, não tem onde morar, não tem dinheiro, reza para Nossa Senhora, frequenta a missa aos domingos e é feliz.

Tudo narrado (contado) em tom de humor, diferente do restante de sua poesia e, imprimindo um novo viés em suas páginas literárias, deixando de lado palavras como: palor, macilento, cadáver, funéreo, morte, etc., abandonando, assim, as “distorções macabras” que o consagraram na Literatura Brasileira, procurando um novo olhar para seus escritos.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)





Criado em: 8/9/2013 23:53
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