Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... seguindo viagem, em 2008, vem a lume o volume: "O livro do regresso", sob chancela da Edium Editores. Esta obra foi galardoada com o Prémio de Poesia Raúl de Carvalho, 2005. Organizado pela Câmara Municipal de Alvito, o júri foi composto por João Matos, Ana Luisa Vilela, Francisco Fanhais, Arlinda Mártires e Luisa Mellid Franco.
Deixo-vos, tal como vem sendo hábito, três poemas: é outro o olhar que nasce no poente embora de asas feridas cansadas voa rente ao espanto ou da semente de onde outrora partira *** no dorso do vento pelos caminhos do monte viajam frágeis vestígios de um cântico ou de um poema de súbito bordado a oiro pelas bátegas céleres mas suaves do sol *** a distância vestia-se de xisto conjugava o verbo da neve ou da chuva dentro a madeira gritava ainda o esplendor do fogo ou talvez uma história uma criança correndo em redor de um poema
Criado em: 27/10/2011 6:57
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... continuando a viagem pelos livros editados, chagamos ao ano de 2008. Nesse ano, sob chancela da Edium Editores, vem a lume o título: "Nove ciclos para um poema", que no ano anterior recebera o Prémio Literário da Lusofonia, instituido pela Câmara Municipal de Bragança.
O júri desse prémio foi constituido por Amadeu Ferreira, Dina Macias e Helena Chrystello. *** ao longo dos anos semeei versos como passos no caminho que chamei de meu alguns ainda os trago comigo são o meu legado o meu quinhão meu naco de chão *** o mundo é como esta árvore frondosa que se ergue altiva frente à casa da minha infância mesmo distante ainda lhe descubro a fragrância dos frutos e recordo a sua sombra onde adormecia o sol nas tardes de estio *** guardo os gestos os nomes os utensílios trago-os na algibeira são cinzas que as mãos remexem restos desta imensa fogueira que é a vida
Criado em: 28/10/2011 7:56
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... seguindo viagem... em 2008, sai "Lições de Thanatos", edição em parceria com: "Lições de Eros", de José Félix, que foi publicado pela Edium Editores. Trata-se do trazer para livro de um diálogo profícuo que tem existido através da Lista do Yahoo Escritas, à qual pertenço talvez desde 2000 ou 2001, e que é moderada pelo excelente poeta José Félix. Trata-se de uma obra, que já teve continuação, onde se traz, sob nova roupagem, temas da mitologia clássica.
Os três excertos habituais: /um/ quando me ergui da terra compreendi que os passos são golpes sulcos de um arado para o regresso da semente /dois/ não nego a noite procuro-a no eclodir da alvorada /três/ a face entrega-se às mãos como águas que rasgam em silêncio a epiderme dos dias
Criado em: 2/11/2011 9:53
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... em 2009, sai "25 Cravos de Abril", que recebera uma Menção Honrosa (Poesia) no 1.º Concurso de Conto e Poesia da CGTP-IN – 2007, promovido pela CGTP, numa edição da própria CGTP-In. Curiosamente, houve uma troca no nome (aparece Pedro Baptista e não Xavier Zarco). No entanto, como dentro de dias este ciclo será editado na obra: "Viagem pelos livros", colectânea de todas as obras publicadas em Portugal, que virá a lume no Brasil, sempre fica rectificada a coisa.
Ora bem, três poemas: CRAVO há um cravo na boca do fogo rubro como o sangue mágica seiva entre veias iluminando o coração secreto de uma vontade escrita pelas letras da esperança ZECA AFONSO uma voz na madrugada libertando-se das sombras do silêncio uma voz em canto erguida que pelos caminhos de abril floriu TERESA TORGA saúda-se a esperança pela porta grande do poema cada palavra sai à rua como ao mundo veio desprovida de máscaras ou jogos de espelhos pura como uma flor silvestre que se ergue para ver o sol nascer
Criado em: 4/11/2011 10:59
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... seguindo esta viagem de umbigo, eis que surge "Coimbra ao som da água", editado pela Temas Originais, em 2009. Trata-se de um projecto nado a partir de uns postais editados pela Câmara Municipal de Coimbra, sobre fontes e chafarizes.
Deixo-vos os três habituais poemas. FONTE NOVA de azul e púrpura se esboça o cântico dos cântaros sôfregos por um fio de prata nascendo de seu ventre mineral de azul e púrpura de agapanto se matiza o riso das crianças em redor como gotas de água saltando de regresso ao regaço de todos os começos FONTE DA MADALENA verão teus olhos madalena que não outros o que ninguém jamais verá como o conchelo vertical à semente do poema que conjuga um verbo de água a ti pleno surgirá o verbo iluminado do sol que nasce após morrer FONTE DA NOGUEIRA escuto o canto da sereia ou talvez seus risos de água caem à altura de um pilósporo na demanda de minha alma cativa náufraga de seus acordes
Criado em: 7/11/2011 11:29
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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... eis-nos pois em 2010, ao livro "Monte Maior sobre o Mondego", que teve uma edição digital, mas que, com o apoio da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, viu a luz em papel sob a chancela da Temas Originais.
Este ciclo que mescla brasão com, sobretudo, personalidades de Montemor-o-Velho, um local que vale bem a pena conhecer, não só pela paisagem, gastronomia, património, mas, também, pela sua riqueza histórica e lendária. Esta obra recebeu a Menção Honrosa (Poesia) no Prémio Literário Afonso Duarte, 2003/2004. Ora bem, três poemas: Primeira Torre - JORGE DE MONTEMOR Nasce o poema, a palavra, a sementeira do verbo, da música. Lo deseo, eres la palabra susurrada de todos los ríos. Tal vez la palabra amor. Talvez a palavra dor. Talvez. Segunda Torre - FRANCISCO PINA E MELO Havia a palavra e a exacta medida de cada verso. Trazia nas mãos todos os utensílios e o fogo germinando no olhar. Cada palavra era delicada, do mais puro ouro. Brilhava qual metáfora solar, filigrana iluminado de dentro. E cumpria o seu supremo ofício de ourives da poesia. Terceira Torre - AFONSO DUARTE Escuto os teus poemas e sente-se no sangue, que flui em teus versos, a voz do teu povo. O que se ama porque dele brotámos. E a palavra mãe. A palavra filha. A telha vã. O aroma da terra de rosas florindo e as mãos levando seus espinhos. E a palavra como enxada, sulcando a página, fecundando cada verso com os gestos. Escuto em teus poemas o rumor do Mondego. Repara como dorme em tuas mãos.
Criado em: 8/11/2011 13:57
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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Também no ano de 2010, é editado "Dizer do Pó", pela LASA - Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, obra que mereceu o Prémio de Poesia Manuel Maria Barbosa du Bocage - 2010, numa organização da própria LASA. O júri foi composto por José Correia Tavares, Luisa Maria Venturini Casimiro e Fernando Jorge Costa Paulino.
Três poemas: 1. se acordares e a casa for o mundo e o sebastião alba atravessar a avenida da noite ou de um verso a casa é o poema onde o poeta à entrada se descalça 2. a casa é qual seara de sussurros entre o musgo das palavras que dormem entre retratos também estes suspensos por uma ausência 3. se te olhasse de perto e decifrasse a língua da cal acordaria a ardósia de antanho para escrever simplesmente o meu nome com teus signos
Criado em: 9/11/2011 8:51
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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Continuando, chega-se a 2011 e sai no Brasil a obra: "Sonho de Benta de Aguiar seguido de Fragmentos de Hipocrene", sob chancela da RG Editores, na "Coleção Alumbramento" dirigida pelo poeta Álvaro Alves de Faria.
Constituida por dois ciclos autónomos, sendo o primeiro: "Sonho de Benta de Aguiar"; uma narrativa, em contexto poético, com recurso a múltiplas imagens de cariz religioso, da História desta monja que previu o desaire de Alcácer Quibir. O segundo, "Fragmentos de Hipocrene" trata-se, talvez, de uma abordagem à própria construção do texto poético, desta feita com recurso à mitologia grega. Os habituais três poemas: há um cordeiro preso ao ventre do vento que erra ninguém escuta o seu balido a sua súplica dar-se-ia em sacrifício pelo rei que vacante deixa o trono *** uma opala esventrada onde o grito da mandrágora incendeia o mel rente à tez de uma palmeira é cinza ou sombra é dânaca na boca do devir *** escuta uma safira fendida habita na voz de um espinho de acanto escuta o seu grito que o vento na pedra esculpe Desta vez, até para quebrar a tradição, algumas das notas que serviram de base para a construção deste ciclo "Sonho de Benta de Aguiar" 1.º Cordeiro sacrificial - Salvação dos fiéis. 2.º Opala - Fervor religioso; Mandrágora - enfeitiçamento; Mel - Compaixão de Cristo; Palmeira - Entrada de Cristo em Jerusalém; Dânaca - moeda grega que se colocava na boca dos mortos; 3.º Safira - os eixos representam a fé, a esperança e o destino; Espinho de acanto - Castigo pelos pecados.
Criado em: 10/11/2011 8:51
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Também neste ano de 2011, surge o livro: "Anotações sobre os olhares no óleo sobre tela «Retrato de Mulher ou Le Dejéuner», de Manuel Jardim". Esta obra recebeu a Menção Honrosa do Prémio Literário Afonso Duarte - 2009/10, promovido pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, entidade que patrocinou também a sua edição.
Este ciclo nasce aquando da investigação que levei a cabo para a feitura de "Monte Maior sobre o Mondego". Manuel Jardim é um dos mais notáveis pintores portugueses e o contacto com a sua obra levou-me a ponderar um diálogo com diversos quadros, mas, ao visionar este "Retrato de Mulher", o rumo mudou e o projecto alterou-se. Os três poemas habituais: *** habita o olhar uma secreta melancolia observa algo na distância imprecisa um só horizonte mas longínquo talvez uma janela defronte o descubra em todo o seu esplendor de luz *** outro é o olhar que indaga a mulher misto de desejo e deslumbramento com a luminosidade que lhe veste o rosto *** ao fundo uma quase silhueta uma serviçal de passagem leva uma bandeja como se levasse uma confidência um segredo
Criado em: 11/11/2011 10:41
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Re: Quem sou eu - Xavier Zarco |
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Seguindo viagem: 2011, "Dédalo de Dédalo", ciclo que foi editado pela Temas Originais e que é complementado - e complementa; com "O Sol de ìcaro", da autoria de José Félix. Trata-se da continuação de um projecto de diálogo que teve até à data duas publicações: a presente e "Lições de Eros / Lições de Thanatos".
Os três habituais poemas: 1. a obra nasce quando a criança surge entre os escombros do caos 2. silhueta na distância o olhar a indaga e mesura enquanto a luz a coroa de sombra 3. sobre a terra o respirar do gesto
Criado em: 15/11/2011 9:26
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