Para mudar Portugal - 2
Membro de honra
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Não só da crítica pela crítica, deixo isso para quem nada mais tem a fazer, sequer descobrir para que serve a massa encefálica que possui. Há que lhe dar uso, mas não através de bocas às quais se somam mais bocas e, em suma, só criam ruído e nada mais. Nada se acrescenta. Criticar implica, na minha perspectiva, apontar soluções.

Ora bem, vamos para o que interessa: um dos aspectos fundamentais para que Portugal de novo se (re)erga como Estado e Nação, é o saber recuperar um dos valores mais relevantes, um dos valores que nos acompanhou em quase todo o nosso devir histórico: o mar; valor este de que, de quando em vez, nos temos afastado, mas que é a essência do Ser Portugal e, consequentemente, do Ser Português.

É do conhecimento de todos que o mar foi primordial no desenvolvimento do Portugal inicial. Se, primeiramente, este se tornou fronteira a oeste e a sul, depois assumiu-se como ponto de partida para uma aventura, uma aventura levada a cabo por um milhão de habitantes, sublinho: um milhão; e que nos levou aos múltiplos recantos do mundo.

Também o mar se tornou em porta para múltiplas trocas comerciais, mas mais do que isso, como meio para a divulgação da Língua e da Cultura.

Amiúde se esquece da História; amiúde se coloca uma pedra sobre o passado; amiúde se considera que o mar é algo associado a tempos idos, pelo que outros deverão ser os ventos. Estas atitudes são, de facto, retrógradas, redutoras, castradoras da possibilidade de Portugal quase direi renascer.

Este é, a meu ver, de uma forma naturalmente simbólica, a nossa manhã de nevoeiro: o saber que Portugal só o é de facto se possuir o mar como parte fundamental da nossa missão no quadro das nações.

Portugal, quer agrade a quem é saudosista ou se desagrade a quem vê na União Europeia o futuro, é um país, e uma nação, sobretudo atlântica. Isto é: o mar, mesmo que tenha escrito páginas da nossa História, quer pelos Descobrimentos, quer pela Descolonização, permanece como elemento essencial do nosso devir.

Na minha opinião, não numa ideia isolacionista, mas de cariz integrador, de capacidade de interagir com as outras nações ou, para que o termo nos surja mais adequado, com os demais Estados, a solução não passa somente pelo espaço europeu, antes por uma política que respeitando, tire proveito, desse que não se constitui hoje como fronteira, mas como uma janela plena de oportunidades.

Há que meditar sobre o que fazer para o rentabilizar de uma forma sustentada de algo que, embora não possua aqui os números exactos, muito seguramente decuplica a nossa dimensão como “terra”.

Portugal tem tudo para ter futuro, não um futuro qualquer, que esse está sempre garantido, mas um futuro pródigo. Para tal, basta que exista uma política capaz de impulsionar esta dimensão quer numa vertente ambientalista, quer cultural e, necessariamente económica.

O mar, para além do que comummente estamos habituados: pesca, transportes ou lazer; tem, também, um enorme potencial energético, de recursos minerais, entre muitos outros.

Portugal, pela sua condição geográfica, só pode, e deve, olhar para dentro de si e não ter vergonha do que é, antes saber tirar proveito do que possui.

Xavier Zarco

Criado em: 11/5/2011 16:53
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Re: Para mudar Portugal - 2
Membro de honra
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2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
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Concordo consigo, em relação à vocação atlântica de Portugal. Depois do 25 de Abril de 1974 seguimos o sonho europeu, por tradição dos emigrantes, dos que fugiam da ditadura (e da guerra,)até mesmo de intelectuais, principalmente da nova classe política que tomou o poder então, e com poucas mudanças o mantém até hoje. Não seguimos a vocação original, onde o ditado "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento", era quase lei Acredito que será no mar que estará o futuro de Portugal, mas, em equilíbrio com a CEE, que efectivamente foi fundamental, por parte do desenvolvimento em Portugal.

Aproveito, e coloco aqui, um texto de Nicolau Santos publicado na revista up da TAP, e que me veio parar ao hotmail:

"Eu conheço um país

Que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil).

Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas.

Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins. Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.

Que tem um dos 10 melhores serviços públicos de Saúde do mundo. O desconhecimento da realidade nos países que por vezes pensamos ser mais desenvolvidos que o nosso, faz com que digamos mal do serviço publico de Saúde Português.

Eu conheço um país

Que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra

Que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias(Glint) e outra

Que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).

Eu conheço um país

Que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo,

Que também está a construir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).

Eu conheço um país

Que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT),

Que é líder mundial em software de identificação (NDrive),

Que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da NASA (Critical) e

Que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra)

Eu conheço um país

Que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano.

E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades
anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.

Eu conheço um país

Que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e

Que revolucionou o conceito do papel higiénico(Renova).

Eu conheço um país

Que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial
Tem o melhor sistema de transferências electrónicas do mundo.

Os melhores sistemas de banca electrónica ao serviço do cliente.

Que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas, parques de estacionamento e asolineiras. (Via Verde).

Eu conheço um país

Que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e

Que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).

Eu conheço um país

Que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim,

Que vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos,

Que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto,

Que tem uma das melhores selecções de futebol do mundo, o melhor
treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).

Eu conheço um país

Que tem um Prémio Nobel da Literatura , uma das mais
notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar,Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).

Que tem dois prémios Pritzker de arquitectura (Sisa Vieira e Souto Moura).

Que tem uma costa maravilhosa, banhado por um mar limpo e com um Sol que faz inveja a toda a Europa.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante,praias fabulosas, óptima gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL"

Este texto vale o que vale, mesmo com o folclore todo do Nicolau Santos, mas parece me que, Portugal quer hoje como ontem, continua muito dependente de Velhos do Restelo (agora novos), de Sebastianismos envoltos em nevoeiros cerrados, e que precisa, sobretudo, de governantes e lideres que também sejam motivadores, ideias novas, porque não ideais novos, para que se cumpra parte do Hino "Levantai hoje de novo".

25 de Abril, Sempre!

Abraço te

Criado em: 12/5/2011 2:53
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"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

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Re: Para mudar Portugal - 2
Membro de honra
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17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Camarada Transversal,
Nem de propósito.
Saiu hoje no Diário de Coimbra uma notícia onde se dá conta de um protocolo entre a Marinha e a Critical Software, empresa que é mencionada na sua mensagem. Embora esta citação não seja retirada do Jornal, mas do site da Marinha, creio ser relevante que tal protocolo "tem como principal objectivo o estabelecimento das linhas gerais de cooperação entre a Marinha e a CSW em acções ou projectos de concepção, desenvolvimento e experimentação de Sistemas de Informação relacionados com o uso do mar, em geral, e com as vertentes de conhecimento situacional marítimo, controlo e fiscalização de actividades de pesca, protecção ambiental e salvaguarda de vida humana no mar, em particular. (...) Após a assinatura do documento, o Dr. Gonçalo Quadros e o VALM VCEMA proferiram algumas palavras, onde relevaram a oportunidade desta iniciativa uma vez que, no contexto político e económico actual, apresenta o potencial de fomentar a economia nacional, a investigação científica e a projecção do país no exterior, em redor do desígnio Nacional que é o mar, para além de se basearem num modelo de relacionamento onde o benefício recíproco é a chave do sucesso."
Sabendo que a Critical Software tem sido uma das empresas mais inovadoras e com uma taxa de crescimento muito significativa, para além da sua boa reputação internacional, creio ser o parceiro ideal para que este protocolo seja mais do que um mero papel contendo boas intenções, bem como, há que ser justos, o papel que a Marinha Portuguesa desenvolve, não só na sua componente de Defesa, é bem meritório e bem merece o nosso aplauso, sobretudo tendo em conta a área marítima sob nossa jurisdição e os meios de que dispõem.
Um abraço
Xavier Zarco

Criado em: 12/5/2011 10:17
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