TEXTOS COMENTADOS DA LITERATURA BRASILEIRA - POESIAS - SONETO DA FIDELIDADE (VINÍCIUS DE MORAES)
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SONETO DA FIDELIDADE
(Vinícius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quanto mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive);
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Antologia poética.
Rio de Janeiro. A Noite, 1949.



O soneto (composição poética de forma fixa, de origem italiana, que significa – pequeno som - composta de quatorze versos, divididos em dois quartetos – estrofes de quatro versos – e dois tercetos – estrofes de três versos e com o seguinte esquema rítmico: abba – abba – cde – dec) de fidelidade de autoria de Vinicius de Moraes (Marcus Vinícius da Cruz e Melo Moraes – natural do Rio de Janeira, nascido em 19/10/1913 e falecido em 09/07/1980 – Modernismo Brasileiro) poeta que, nos anos sessenta, emigrou para a Música Popular Brasileira, pode ser classificado como um dos mais belos da poesia brasileira.

No primeiro conjunto de versos, percebemos uma declaração explícita ao Amor, isto é, atenção total ao sentimento amoroso e o cuidado que devemos prestar a esse sentimento, haja vista o nome do soneto (de fidelidade), no sentido de valorização, adoração, e que mesmo em vista de outros “encantos”, o Amor não deve esmorecer e sim, fortificar-se em seu pensamento.

Na segunda estrofe (conjunto de versos, entendendo-se que, graficamente, cada linha do poema significa um verso) temos um grande louvor ao Amor, ou seja, “vivê-lo em cada vão momento”, e em sua homenagem espalhar um riso solto, agradável, leve, revigorador, e também nas horas tristes, derramar o pranto, a tristeza, e até mesmo a felicidade.

No primeiro terceto do poema (estrofe de três versos) percebemos que o ”pequeno poeta” (apelido de Vinícius de Moraes) almeja uma morte tardia (que, infelizmente, ocorreu aos sessenta e seis anos de idade), que é a angústia de quem vive (a dúvida de não saber a data), ou seja, a contradição eterna entre vida e morte, e finaliza com outra questão crucial: a solidão (a triste solidão) fim de quem ama.

No segundo e último terceto, o autor procura concluir o seu raciocínio poético, contando de suas relações com o Amor, pedindo que não sejam imortais, uma vez que, são chamas, ou seja, quentes, ardentes, mas que podem apagar-se com o sopro do destino, mas que sejam infinitas, isto é, eternas, enquanto durarem.

Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)



Criado em: 20/8/2013 0:02
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Augusto de Sênior
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Re: TEXTOS COMENTADOS DA LITERATURA BRASILEIRA - POESIAS - SONETO DE FIDELIDADE (VINICIUS DE MORAES)
Membro de honra
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só umas coisas:

1) não seria soneto da fidelidade?

2) talvez a estrutura original do soneto pedisse esse esquema rímico, mas isso foi há muito tempo modificado para outras esquemas sem perder a qualificação de soneto, não?

3) o apelido do vinícius não era "pequeno poeta", mas "poetinha", pelo que eu sei.

4) que eu saiba, não tem essa vírgula depois de "de tudo".

5) também não tem o "ao", no terceiro verso.

6) o último verso do primeiro terceto não é finalizado com ponto. basta ver sua sequência no primeiro verso do segundo terceto.


abraço

Criado em: 20/8/2013 0:20
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Re: TEXTOS COMENTADOS DA LITERATURA BRASILEIRA - POESIAS - SONETO DA FIDELIDADE (VINÍCIUS DE MORAES)
Super Participativo
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26/7/2009 18:46
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Bom dia!!!

1. Corretíssimo - SONETO DA FIDELIDADE.

2. A estrutura ds rimas pode mudar sim, geralmente é:(AbbA - AbbA - cde - cde). No soneto em questão (AbbA - AbbA - cde - dec). Mas, nunca devemos esquecer de que o soneto é uma poesia de forma fixa (14 versos, divididos em 4 estrofes de 2 quartetos e 2 tercetos - isso é imutável).

3. Pequeno poeta é "LICENÇA POÉTICA" para "POETINHA", no fim acaba sendo a mesma coisa. Mas, o importante é observar que o poeta é "GIGANTESCO".

4. A vírgula existe, consultei, além da ANTOLOGIA citada,
as seguintes obras:

a) TEMPOS DA LITERATURA BRASILEIRA - B. A. Júnior e S. Y. Campedelli. São Paulo: Editora Ática, 2004.

b) LITERATURA BRASILEIRA - W. R. Cereja e T. C. Magalhães.
São Paulo: Atual, 2005.

5. Observação corretíssima.

6. Observação corretíssima.

Abraços.

Criado em: 20/8/2013 10:51
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Augusto de Sênior
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)

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