A LAGARTIXA (ÁLVARES DE AZEVEDO) - HUMOR NA "LIRA DOS VINTE ANOS" |
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26/7/2009 18:46 De Rio de Janeiro - RJ.
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A lagartixa ao sol ardente vive E fazendo verão o corpo espicha: O clarão de teus olhos me dá vida Tu és o sol e eu sou a lagartixa. Amo-te como o vinho e como o sono, Tu és meu copo e amoroso leito Mas teu néctar de amor jamais se esgota, Travesseiro não há como teu peito. Possa agora viver: para coroas Não preciso no prado colher flores; Engrinaldo melhor a minha fronte Nas rosas mais gentis de teus amores. Vale todo um harém a minha bela, Em fazer-me ditoso ela capricha; Vivo ao sol de seus olhos namorados, Como ao sol de verão a lagartixa. (Obras, v. 1, 1853, Lira dos vinte anos – 2ª parte) ____________________________________________________________ É um poema de comparações. São dezesseis versos divididos em quatro quadras com rimas entre o segundo e o quarto verso. São decassílabos (dez sílabas poéticas). Vejamos a escansão (divisão) da primeira estrofe: “A-la-gar-ti-xaao-sol-ar-den-te-vi-/ve E-fa-zen-do-ve-rão-o-cor-poes-pi-/-cha: O-cla-rão-de-teus-o-lhos-me-dá-vi/-da Tu-és-o-sol-eeu-sou-a-la-gar-ti-/xa.” Aqui a primeira comparação: “Tu és o sol, eu, a lagartixa”, em outras palavras, tu brilhas, eu me aqueço... Na segunda estrofe mais comparações: o vinho e o sono, o copo e o leito de amor, o travesseiro e o peito amado. Poesia trabalhada, pensada, estudada; devemos observar a inteligência com que é construída a terceira estrofe: “Posso agora viver: para coroas Não preciso no prado colher flores;...” A utilização dos dois pontos, antes da conclusão lógica, ou seja, o jovem poeta (não completou vinte e um anos de vida) já tem a sua flor... E assim o jovem vai construindo a sua poesia e continua a declarar seu amor, diz que a sua bela vale mais do que outras belas e faz a comparação final: “Em fazer-me feliz ela capricha; (...) Como ao sol de verão a lagartixa.” Mergulhando no texto temos um jovem poeta apaixonado por uma bela, mas em algum lugar, Ele vê na parede uma despretensiosa lagartixa e faz as comparações prosaicas que embelezam a poesia. Augusto de Sênior. (Amauri Carius Ferreira) (FERREIRA, A. C.)
Criado em: 14/9/2013 10:34
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Augusto de Sênior (Amauri Carius Ferreira) (FERREIRA, A. C.) |
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