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Onde Quase Ninguém Alcança...

 
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Existe aqui, dentro deste espaço, algo sem nome. Os teus olhos parecem alcançar além. Da tua pele pálida, uma luz, um tom de vermelho suave, umas manchas feitas de sardas que ornamentam o rosto de um modo invulgar. No sorriso, tão largo, tão grande e elástico, as palavras... contendo-se: a adquirirem silêncios para se manifestarem com sensatez; a tornearem, com acato, com cautela, as próprias palavras.
Dentro desse azul eléctrico, nesses olhos redondos que procuram observar cada pormenor e reconhecer em outros, a magia e a verdade. Neles, transparecem o branco, o brilho da luz do dia, a ansiedade engrandecida com quanta determinação.
E, sob as sobrancelhas cerradas, incertas, a inocência. É a inocência confluída com a sensualidade, diante doutros, diante do vazio, diante do que parece tão limitado ou infinito. O infinito, além, aqui, inerte, absorto, ávido, deixando-se alcançar num momento fugaz. Na pele pálida do rosto, de onde se alastra o branco que percorre o pescoço e que decorre sobre os ombros e os braços, a suavidade, o aroma adocicado. Puro. O silêncio é puro. O riso é puro. A gargalhada é pura. Os sentimentos, resvalando como se fossem troncos vivos e robustos, cravam-se na terra, no toque da pele de outros corpos, nas expressões singulares que o rosto vai encontrando naquele ou noutro. São as emoções, as recordações, os sorrisos, as lutas desordeiras, a ecoarem os gritos de força e de coragem. É o cheiro a terra batida debaixo dos pés e o tacto das mãos nas próprias mãos, as palavras oscilando entre a ternura e a dureza, o coração a ser abrupto nessa forma emotiva de sentir. Debaixo da luz do céu, o amor a querer crescer, o amor a querer vencer, o amor a querer contrariar tudo o que o impede de se expandir. É debaixo das horas e dos segundos, quando tudo se silencia, que o intocável faz sentido. É sob os silêncios e sob os sorrisos carregados de genuinidade, que um sentimento se transforma, até que seja, apenas selvagem: genuíno e violento. Debaixo, pois, onde quase ninguém alcança... está o AMOR.


Luz&Sombra

 
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Luz&Sombra
 
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