Poemas : 

Nestas palavras

 
Nestas palavras,
Simples rascunho duma qualquer verdade utópica,
Sinto o meu sangue correr,
Como um rio em direcção ao mar...

É o sangue todo que perdi
E todo aquele que irei perder...
Enquanto espero,
Na sombra da solidão,
Onde nada tenho a ganhar e onde nada tenho a perder,
Apenas abraço docemente
Uma dolorosa vontade de viver...

Sei que nunca o disse mas que já o gritei,
Sei que sempre o fiz mas que nunca o disse,
Que sedutora e doce melancolia,
O desejo de jogar só para poder perder...

Deitei fora a minha alma,
Deitei fora a inspiração,
Só para me entregar a ti
Como um cioso e moribundo cão...

E entreguei-me a ti,
Quando a noite já era velha,
Mais velha do que a eternidade,
Num vale de lágrimas e sangue,
Onde encontrei a resposta
Para a tua pergunta…
Aquela pergunta
Que nunca chegaste a fazer...

E quando a noite já era inválida,
Mas como sempre persistente,
A tua imagem tão pálida,
Aparecia e desaparecia de repente...
Como o sol de Inverno,
Nos Invernos de toda a gente...

 
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lip
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