Poemas : 

AUSÊNCIA

 
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade
31/10/1902 — 17/08/1987)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
Carlos Drummond
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/11/2012 20:32  Atualizado: 27/11/2012 20:32
 Re: AUSÊNCIA
"Não há falta na ausência
Ausência é um estar em mim".

Isso é tão incrível, pois é alternativa, talvez única da superação do inominável, a falta. A poesia é capaz. Única linguagem capaz de nomear o inominável, como falta e ausência.
Palavras de beber.
É Drummond!

Mágico!