<br />A ilusão ...
 
A ilusão é como aquele presente 
que chega enrolado num papel bem bonito, 
às vezes tanto que nem queremos abrir por medo, 
talvez, 
justamente de saber o que vem dentro. 
 
Não buscamos ser enganados cientemente, 
mais inconscientemente desejamos 
que tudo o que é feio, 
mal, que faz mal, que decepciona, 
que fere fique em algum lugar longe 
do nosso alcance. 
Fechamos então os olhos a certas 
coisas e preferimos viver na ilusão 
de que tudo vai bem.
 
Quantas pessoas não vivem assim a vida 
inteira de olhos fechados?
 
O mundo não é um campo florido 
sem espinhos e em muitas ocasiões, 
particularmente ante o desconhecido, 
precisamos abrir nós mesmos o caminho 
para uma vida plena.
 
E o que é uma vida plena?
 
É a vida cheia da maturidade e do 
conhecimento do bem e do 
mal e a faculdade de poder fazer uma escolha. 
O desconhecimento do mal não diminui 
nosso sofrimento, 
apenas encobre-o e dá-nos a ilusão 
de que tudo vai bem. 
É como estar doente e preferir ignorar, 
o tratamento não vem e menos ainda a cura 
ou a possibilidade dela.
 
Pessoas mentem-se porque não têm coragem 
o bastante para encarar a realidade, 
enfrentá-la e passar por cima dela. 
Muitos vivem de falsas felicidades, 
máscaras que preferem colocar diante 
dos outros e que somente nos momentos 
mais profundos de se estar consigo 
mesmos é que tiram e não podem impedir 
que as lágrimas corram.
 
Nessas horas são verdadeiras, 
feridas certamente, mas vivas e reais. 
É a maneira de encarar o mundo que 
diferencia os que chamamos de fracos e fortes.
 
Os primeiros mentem-se e seguem 
assim e os segundos abrem essa 
embalagem bonita, 
decepcionam-se com o que encontram 
e se dizem que ainda assim construirão 
alguma coisa...
 porque viver é experimentar a vida 
nos seus pormenores, 
provar do doce e do amargo e ter no 
coração a certeza de que as verdades, 
mesmo doloridas, 
nos tornam mais fortes e nos 
condicionam a buscar o que há de 
melhor em nós.