Poemas -> Surrealistas : 

ANGÚSTIA

 
Pela terra, no mar, entre o ar e o céu
Vou, sedento mortal, com minha pergunta :
Porque vivo, diz-me, porque vivo ?
Porque hoje retorna a visão,
Do amanhã, a lívida brancura ?

Morte, amor, vida.
A cada passo estão, como uma tocha
De estranha luminosidade,
Que derrama sua luz por meu peito.
E a pergunta que também é ferida.
Porque a morte me acena, em leito
de quietude a minha carne envelhecida ?

A maneira de viver intensa e profunda
É uma voz perdida no infinito
Que não encontra voz que lhe responda
E meu grito não alcança, a outro grito.

Pela terra, no mar, entre o ar e o céu
Não há nada que responda ?
Nada. Nada .
Que não haverá consolo.
Repito sem cessar. E na alvorada
Surge uma luz febril que de algum modo
Levanta a luz de minha existência.
Porque encontrar solução para tudo ?
Se melhor é a nostalgia, a angustia !


Rui Garcia

 
Autor
Rui Santos Garcia
 
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