Poemas : 

PAI OU MONSTRO

 

PAI OU MONSTRO


É o começo, quem sabe, do final de mais um ciclo, pense nisso.
Os povos já se confundem. Ninguém ama ninguém! Tudo é irreal, fantástico e ilusório. É uma mistura de medo e traição. É um mistério que existe entre tudo. Ninguém pode dizer eu sou, pois já não tem certeza. Ninguém pode dizer que viverá o amanhã, porque a incerteza é a constante que atormenta o mundo. É a fantasia que existe, a ilusão que predomina, o ódio que aniquila, o terror que se espalha.
Por que nós homens, transformamos tudo isso que foi feito para nós com tanto amor?! Para que tanta guerra se a vida já é uma luta? Você já não sabe quem você é de onde veio, nem para onde você vai. Para que fazer, guerras? Conquiste a primeira vitória vencendo os preconceitos de seu próprio lar. Dê um pouco de você a seus filhos, um amor puro e completo sem a hipocrisia desse homem incerto. Não pense no futuro desses solitários seres, porque mesmo você, já não pode confiar. O futuro é confuso e obscuro.
Somente Deus poderá perdoar o homem, dessa impressão de ser poderoso. De transformar a preciosa inteligência num míssil teleguiado, numa bomba de neutrons, em bacilos exterminantes ou num gás poderoso que mata.
Quem são estes homens, quem pensam ser? “O lutador invencível, o comandante imortal?” podendo assim transformar e fazer um mundo a sua maneira? Será que não pensam em seus filhos?
Pare! Pense! O seu tempo de vida durará somente para começar a destruição do amor humano. Um amor que foi criado por quem é forte mesmo: Deus! Não esta peça mecânica sem interior, sem alma que desfaz a vida. Porém um robô humano, guiado pelo espírito destruidor de cada comparsa, deixando ser dominado por intelectos impuros, ávidos pela desgraça e o sofrimento alheio. Pense nisso...
Deus nos entregou tudo tão belo, e natural. Não destrua. Imagine! Você pagará por tudo isso que está fazendo, pois a Lei Divina é imutável. Talvez o pagamento não seja nesta existência, pois você morrerá. Sua idade já não permite que veja o resultado do teorema que criou. Mas não se iluda. Você voltará para resgatar os seus erros e pagar ceitil por ceitil. Mas antes desta abençoada oportunidade de voltar, já começará o pagamento, pois desencarnado, seu espírito sentirá uma dor imensa, ao ver seu filho, ainda na Terra, morrer por não ter um pão que comer e você ouvirá sem nada poder fazer a sua lamentosa súplica:
-Querido pai! Suas intermináveis guerras impossibilitaram que o trigo florescesse. Pense nisso.
-Estou morrendo, aos poucos, por falta de oxigênio que você batalhou, batalhou e conseguiu poluir o ar, com emissão dos gases nocivos de suas grandiosas empresas. Pense nisso.
-Eu sinto sede. Corri ao último riacho e o agradeci querido pai. Pois você conseguiu com as descargas de suas fábricas, suas escórias atômicas, putrefar os peixes e envenenar as águas. Pense nisso.
-Eu sinto medo. Procurei um amigo para me libertar da solidão tediosa, mas onde e como? Você ambicioso pai, na esperança de ver seu nome brilhar com suas infindas guerras conseguiu destruir o amor, tornando todos inimigos. Pense nisso.
-Hoje já não tenho para onde ir. Tudo cheira sangue. Tudo irradia tristeza. O sol apenas na lembrança, pois a poeira e a fumaça tóxica de suas inexauríveis bombas, transformaram tudo aquilo que era tão brilhante e reluzente, em apenas uma rubra coroa opaca.
-As florestas com árvores gigantescas ainda existem, mas já não são de madeira, não liberam oxigênio, tampouco perfume. São de ferro e concreto estraçalhados. Liberam vergonha, tristeza e fedem.
Nada mais resta. Somente pedir a Deus, que perdoe seus grandes sócios na remodelação do mundo. Mas mesmo assim serão responsabilizados para sentirem na própria pele a dor da dor que causaram.
Mas ainda pode pensar.
Imagine, seu filho, com fome, sozinho ou neurótico de guerra. O que você sente? Eu sei! Você não sente nada. Tudo aquilo que é mecânico não tem sentimento.
Só sei dizer que é muito triste e que deveria parar para pensar. Talvez mudasse a idéia de destruir e passasse a construir. Não seria tão mais humano?
Por que você é tão egoísta, querendo dominar o mundo sozinho? Dê uma chance aos outros. Conquiste o mundo com a paz, com a bondade, com a caridade e a esperança e não como você faz.
Essa fortuna que você gasta para criar suas poderosas bombas, seus sofisticados foguetes, seus aviões de caça, seu mundo ambicioso de prazer, luxo e vaidade, suas armas, por que não converte para esses que tanto precisam? Para aqueles que sentem frio e fome. Que vivem sobre a umidade e sob o teto frio de uma lâmina de zinco. Ou quem sabe sobre a areia deserta e seca, açoitado pelo impiedoso sol causticante. Que somente sabem que o amanhã é outro dia porque a noite fará a divisão. Esses que já nem choram, pois suas lágrimas já se transformaram em reflexos para se defender da fome, do medo, da tristeza e do desgosto.
Estes seres que às vezes pensam em viver, mas talvez nem consigam, subnutridos não reagem ao menor impulso mental.
Pense mais uma vez em tudo isso. Não deixe que a cobiça, o poder e a vaidade governem o seu coração.
Talvez assim, ainda conseguirá salvar-se um dia e ter quem sabe, um lugar ao lado de Deus.

 
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