Hoje, torcicoloso o sol desdenha...
Chove. É tão triste amanhecer chovendo.
O céu suspira pelo levante de ouro...
A paixão queima, mas inda sinto frio.
Talvêz a solidão atribula a existência
Como esse vento frio ameaça minha tenda;
Talvêz a bruma seja uma sombra amanhecida...
Chove. Lágrimas escorrem no mesmo fluxo.
A manhã de alva toda banhada,
Arfa de tristeza e arfa de solidão;
Parece um terrível convento negro
Onde a aurora nega levar luz...
Pra onde foram as nuvens de Abril
Que você tão doce buscava imagens?
Cadê aquele dedo róseo e pequenino
Estendido na amorosa ameaça de um beijo?
Estou na sombra do Velho Mundo!
Valer-me-ia morrer...Deus morra comigo!
Sou um espectro do canto da esquina:
Trêmulo enfêrmo de passos graves...
A andorinha se foi com a primavera...
Acabou. Estou tumulado com meu romance!
Para o sofredor a morte é o ungüento...
Chove. Aumenta o ritmo do desespero.
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