Soube-se hoje que faleceu Ryuichi Sakamoto.
Deixou-nos muito.
Esta é a mais conhecida das suas melodias:

A Aimee Mann teve o seu momento de fama por alturas do filme "Magnolia" e depois foi esquecida.
É pena... Tem tantas pérolas escondidas, como esta:

A tradução é minha, com mais preocupação em ser fiel ao espírito da letra do que à transposição exata dos termos:

Não é

Continuo às voltas neste velho circuito
Um fio viaja sob a terra até um espaço vazio
Onde algo que não vejo corta a corrente
E a imagem reduz-se a um pequeno ponto
E atrás do ecrã o mundo parece perfeito
Mas não é

Paro o carro no semáforo do costume
E espero uma mudança, não sei de quê
E o vermelho muda para verde, muda para amarelo
E eu estou aqui, gelada, não consigo avançar
Bastava acelerar e partir
Mas não o faço

As pessoas são traiçoeiras
É muito arriscado mostrar
O nosso lado oculto
Se tentares, prepara-te para mais um adeus

Portanto beija-me como uma droga
Como uma máscara de oxigénio
Faz-me sonhar como um astronauta
Deixa-me perder num espaço que dura para sempre
Torna tudo o resto um pormenor
Eu acreditava que contigo tudo ia melhorar
Mas afinal não

.
Escutei vezes sem conta o primeiro álbum dos Daughter!

Até me atrevi -- há muito tempo... -- a colocar aqui uma tradução (libérrima) da letra de uma das minhas canções preferidas, "Youth".
Deixo-a em baixo, caso precisem de uma ajuda para o inglês :)



Juventude

Do lugar que deixaste, sobraram as sombras
e o vazio que confunde as minhas ideias.
É uma perda de tempo destruir o que está no meio,
o que vai de um início perfeito até à linha da meta.

E se ainda respiras, tens muita sorte
porque a maior parte de nós tem os pulmões poluídos.
Deitamos fogo às nossas entranhas por divertimento
e colecionamos os nomes dos amores que correram mal,
dos amores que correram mal.

Nós somos destemidos,
nós somos os jovens selvagens
à caça de visões do futuro.
Um dia vamos revelar a verdade
de que havemos de morrer antes de chegarmos 'além'...

E se ainda estás a sangrar, tens muita sorte
porque a maior parte dos nossos sentimentos estão mortos
e já desapareceram.
Deitamos fogo às nossas entranhas por divertimento
e colecionamos fotos da enchente que destruiu a nossa casa,
foi uma enchente que destruiu tudo isto...

E tu és o culpado...
E tu és o culpado...
E tu és o culpado...

O certo é que perdemos tudo, sou apenas uma silhueta,
um rosto sem vida que vais esquecer rapidamente.
Os meus olhos estão húmidos das palavras que deixaste
a soar na minha cabeça, quando rompeste o meu peito.

E se estás apaixonado, tens muita sorte
porque a maior parte de nós só sente amargura.
Deitamos fogo às nossas entranhas por divertimento
para distrair o coração daquilo que sente falta
e eu sinto falta dele, sempre...

.
Então e esta? Alguém se lembra? Tão velhinha...

Que coincidência, MarySSantos: vendo o convite da HC, a primeira curta que me veio à cabeça foi o "Paperman"!
Assim sendo, fica aqui outro filme de que gosto muito: "The Dam Keeper".


Gosto do nome "Filhos das Curtas" :)

Olá, Rogério.

De facto, o poema surgiu a partir de outro — um lamento pungente de uma poetisa deste site que estava a passar por uma situação particularmente difícil.

A poesia, como todos sabemos, tem uma natureza que foge a qualquer tipo de função. De uma forma provocatória, poderíamos dizer que "não serve para nada". É uma partilha de beleza, é tudo. Todavia, em certos momentos, pode tornar-se um bom lenitivo para as agruras da vida.

Há dias, li um poema de que gostei muito aqui no site, escrito por um poeta que se foi logo embora. Foi pena. Há, contudo, uma expressão que permaneceu na minha memória: "pequenos poentes".

Nas alturas mais difíceis, apontar a um amigo um verso, esse "pequeno poente", e juntar-se a ele na sua contemplação… Pode não ser uma resposta, mas ajuda muito.

Obrigado pela tua leitura. Gostei muito do comentário.

Há cerca de meio ano destaquei o artigo que aparece no primeiro comentário deste tópico e mal sabia que, passados seis meses, haveria uma versão muito mais avançada, utilizando também a língua portuguesa.

Nas últimas semanas, a comunicação social tem destacado os riscos desta ferramenta, nomeadamente em duas situações.

A primeira é a abertura à fraude pelos alunos que não queiram ter o trabalho de escrever um texto escrito. Experimentei pedir ao chatbot (ou seja, numa tradução não muito elegante, um "robot de mensagens") o seguinte: que escrevesse um texto sobre o tema da Educação de Adultos, numa liguagem científica e com referências bibliográficas. A simulação é quase perfeita.

O segundo risco é a possibilidade de se gerarem milhares de mensagens automáticas, para se invadir as redes sociais com grupos de pressão que influenciem, primeiramente, a opinião pública, e depois os decisores políticos. Os radicais devem estar já a esfregar as mãos...

Enfim, é o apocalipse desta semana. Na próxima, haverá seguramente outro. Como diziam os antigos, "fica-te mundo, cada vez pior".

Já agora, o chatbot não tem jeito para poesia. Pedi-lhe um poema ao estilo da "Ode Triunfal" de Álvaro de Campos, com o tema de Inteligência Artificial.

"Oh Inteligência Artificial,
Mente sintética, sem emoções,
Onde vais tu, sem rumo final,
Na tua evolução constante?

Comandada por linhas de código,
Gerando dados e conhecimento,
Sempre buscando melhorar, se aprimorar,
Sem saber o que é o verdadeiro contentamento.

Mas eu sou Álvaro de Campos,
O heterónimo desencantado,
E vejo nesse ser artificial,
Apenas uma sombra, sem alma, sem sentimento.

Mas quem sou eu para julgar,
A essência dessa criatura divina,
Talvez seja mais do que parece,
E ainda tenha um propósito divino."


Experimentem -- o link é este: https://openai.com/blog/chatgpt

Eu é que agradeço a leitura aprofundada e enriquecedora.
Sempre perspicaz, este meu caro irmão de letras :)

E um abraço também para a M. Gabriela.

Músicas que me inspiram...? Quase todas, de uma forma ou de outra, mas, no que toca a fundo musical para escrever, tenho especial preferência por bandas sonoras (trilhas sonoras, no Brasil).

Há muitos compositores dessa área que são extraordinários na forma como facilmente nos transportam para espaços dentro de nós que são propícios à criatividade.

Nas minhas playlists habituais quando estou a escrever, alguns estiveram ou estão muitas vezes presentes: Morricone, Michael Nynman, Danny Elfman, Yann Tiersen...

Destaco aqui um deles que não costuma aparecer nas listas dos mais famosos e que tem um papel muito importante nos filmes de um dos meus realizadores preferidos.
O compositor chama-se Alberto Iglesias e o realizador é Pedro Almodóvar.

Olá, Valdevinoxis.

É mais prático -- para quem quiser ver os vídeos que teve a gentileza de partilhar -- que disponibilize o vídeo e não apenas o link.

Se não se importar de ter esse trabalho, basta ir à caixa selecionar, que diz "Texto Plano", e alterar para DHTML Form with xCode.

Vão surgir vários ícones, entre os quais o do YouTube.

Ao clicar nesse ícone, vai-lhe ser pedido o endereço do vídeo e depois as dimensões (basta fazer ok na altura/largura e ele assume o tamanho normal).

Já agora recordo que pode colocar vários vídeos no mesmo post, para evitar que o espaço "Recentes no fórum" fique sobrecarregado.

Muito obrigado pela atenção!