Poemas : 

primavera de um dia

 
os dias correm mansos
numa primavera que parece disfarçada
simulando as aprazíveis manhãs de pássaros madrugadores
capturados pelo demónio transparente de umas asas fingidas.

louvo a primavera que há de vir
de novo
em manhãs sem sinónimos

 
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gillesdeferre
 
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Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 07/04/2025 21:08  Atualizado: 07/04/2025 21:08
Usuário desde: 12/12/2011
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Mensagens: 1637
 Re: primavera de um dia
Olá gillesdeferre,

Belo sonho de liberdade, da liberdade permanente.
Gostei muito


Abraço
Paulo


Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 08/04/2025 14:35  Atualizado: 08/04/2025 14:35
Colaborador
Usuário desde: 06/05/2024
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Mensagens: 727
Online!
 Re: primavera de um dia
vivemos um Abril "desabrilado"
uma farsa onde nenhuma cor escapa

oxalá vejamos as verdadeiras cores, flores...

um abraço


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 08/04/2025 21:45  Atualizado: 08/04/2025 21:47
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2257
 Re: primavera de um dia
O título deixou-me um pouco perplexo.
De certa forma submetia-me a duas possibilidades:
1. a fugacidade dos acontecimentos, ou das coisas que nos agradam, uma vez que a primavera tem geralmente 90 dias.
2. os adventos fora de sítio, e lembrei-me do verão de S. Martinho, do qual esta "primavera de um dia" seria uma versão.

Estruturalmente este poema tem duas estrofes. Uma quadra e um terceto.

A quadra tem a métrica em crescendo de verso para verso.
O poema, na sua aparência, vai crescendo.
O terceto, passa por uma certa simetria, sendo que o segundo verso tem apenas duas palavras.
Duas estrofes bem diferentes.

Na primeira quadra começamos a ler uma antítese suave: afinal, há pouca mansidão na corrida, na minha opinião.
A passagem do tempo é a primeira constatação que nos é colocada.
A seguir é-nos servida uma redundância subtil: "...parece disfarçada...".
Gosto muito dos dois versos que fecham a quadra. Voltamos ao disfarce com o fingimento.
Talvez esteja a ignorar a metáfora do poeta.
Seremos todos os que arrogamos a escrever, demónios?

O terceto é uma afirmação de esperança que me agrada.
A "...manhã sem sinónimos..." é também uma bela metáfora, que, para mim, declara claridade, verdadeira, que não carece de tradução.

Resumindo, a primavera não dura sempre, essa jovialidade, renascimento, fim das agruras do inverno.
E se for apenas por um dia, bem, é melhor do que nada...

Abraço