Re: sugestão para crítica aos textos/poemas |
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Criado em: 3/5/2014 21:26
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Re: sugestão para crítica aos textos/poemas |
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Com exceção de três poetas aqui do luso que eu acho acima da média todos os outros alternam na qualidade às vezes excelentes poemas e outras abaixo da média, ninguém aqui exceto estes três tem capacidade superior para dizer quem é poeta ou não ou se o poema foi bem escrito ou não, (a não ser erros de ortografia) uma coisa eu percebi com a possibilidade de repostar poemas antigos editando-os tem muitos poetas do site(ver comentários) que nunca mais entraram aqui. Por que será?
Criado em: 3/5/2014 23:42
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Re: sugestão para crítica aos textos/poemas |
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Talvez ajude os egos mais alterados. Deixem de catar coquinhos porque isso não leva a nada, todos os que se dedicam à escrita
com dedicação, tem dias que escrevem grandes merdas e noutros escrevem com sentido, uma coisa leva à outra. Não é por as rimas estarem alinhadinhas, as silabas no seu devido lugar que um poema é bom e sim pela mensagem que deixa na interpretação de cada um, ás vezes leio poemas alinhados, mas o vazio deixado pela leitura é abismal, contudo estava tudo no seu devido lugar. Citando Fernando Pessoa, o génio que também escreveu textos mais ou menos, mas que num todo fazem uma grande obra.Principalmente pela mensagem e pelas interrogações que pairam em tudo o que escreveu. A Inutilidade da CríticaQue a obra de boa qualidade sempre se destaca é uma afirmação sem valor, se aplicada a uma obra de qualidade realmente boa e se por "destaca" quer-se fazer referência à aceitação na sua própria época. Que a obra de boa qualidade sempre se destaca, no curso de sua futuridade, é verdadeiro; que a obra de boa qualidade, mas de segunda ordem sempre se destaca na sua própria época, é também verdadeiro. Pois como há-de um crítico julgar? Quais as qualidades que formam, não o incidental, mas o crítico competente? Um conhecimento da arte e da literatura do passado, um gosto refinado por esse conhecimento, e um espírito judicioso e imparcial. Qualquer coisa menos do que isto é fatal ao verdadeiro jogo das faculdades críticas. Qualquer coisa mais do que isto é já espírito criativo e, portanto, individualidade; e individualidade significa egocentrismo e certa impermeabilidade ao trabalho alheio. Quão competente é, porém, o crítico competente? Suponhamos que uma obra de arte profundamente original surja diante dos seus olhos. Como a julga ele? Comparando-a com as obras de arte do passado. Se for original, porém afastar-se-á em alguma coisa — e quanto mais original mais se afastará — das obras de arte do passado. Na medida em que o fizer, parecerá não se conformar com o cânone estético que o crítico encontra firmado no seu pensamento. E se a sua originalidade, em vez de jazer num afastamento daqueles velhos padrões, encontra-se num uso deles em linhas mais rigorosamente construtivas — como Milton usou os antigos — aceitará o crítico esse melhoramento como melhoramento, ou como imitação o uso daqueles padrões? Verá mais o construtor do que o utilizador de materiais de construção? Por que deveria ele fazer uma coisa em vez de a coisa melhor? É, de todos os elementos, a construtividade o mais difícil de determinar numa obra... Uma fusão de elementos do passado: verá o critico a fusão dos elementos? Persuadir-se-ia alguém de que se fossem publicados hoje o Paraíso Perdido, ou Hamlet, ou os Sonetos de Shakespeare e de Milton, lograriam eles cotação acima da poesia de Kipling ou de Noyes, ou a de qualquer outro cavalheiro semelhantemente quotidiano? Se alguém se persuadisse disso, seria um louco. A expressão é curta (?), não doce, mas pretende-se que seja apenas verdadeira. De todos os lados ouvimos o clamor de que o nosso tempo necessita de um grande poeta. O vazio central de todas as modernas realizações é uma coisa mais para se sentir do que para ser falada. Se o grande poeta tivesse de aparecer, quem estaria presente para descobri-lo? Quem pode dizer se ele já não apareceu? O público leitor vê nos jornais notícias das obras daqueles homens cuja influência e camaradagens tornaram-nos conhecidos, ou cuja secundariedade fez que fossem aceitos pela multidão. O grande poeta pode já ter aparecido; a sua obra teria sido noticiada nalgumas poucas palavras de vient-de-paraître em algum sumário bibliográfico de um jornal de crítica. Fernando Pessoa, in 'Ideias Estéticas - Da Literatura'
Criado em: 6/5/2014 9:49
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado. Duas caras da mesma moeda: Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´ Julia_Soares u... |
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Membro de honra
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Mais uma achega. Poesia não é só rima...encontram a analise na integra aqui.
Carlos Drummond de Andrade: Um Crítico Picante Consideração do poema Não rimarei a palavra sono/com a incorrespondente palavra outono./Rimarei com a palavra carne/ou qualquer outra, que todas me convêm./As palavras não nascem amarradas,/elas saltam, se beijam, se dissolvem,/no céu livre por vezes um desenho,/são puras, largas, autênticas, indevassáveis. Uma pedra no meio do caminho/ou apenas um rastro, não importa./Estes poetas são meus. De todo o orgulho,/de toda a precisão se incorporam/ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius/sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo./Que Neruda me dê sua gravata/chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski. São todos meus irmãos,/não são jornais/nem deslizar de lancha entre camélias:/é toda a minha vida que joguei. Estes poemas são meus. É minha terra/e é ainda mais do que ela. É qualquer homem/ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna/em qualquer estalagem, se ainda as há./– Há mortos? há mercados? há doenças?/É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,/por que falsa mesquinhez me rasgaria?/Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas./O beijo ainda é um sinal, perdido embora,/da ausência de comércio,/boiando em tempos sujos. Poeta do finito e da matéria,/cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,/boca tão seca, mas ardor tão casto./Dar tudo pela presença dos longínquos,/sentir que há ecos, poucos, mas cristal,/não rocha apenas, peixes circulando/sob o navio que leva esta mensagem, e aves de bico longo conferindo/sua derrota, e dois ou três faróis,/últimos! esperança do mar negro./Essa viagem é mortal, e começa-la./Saber que há tudo. E mover-se em meio a milhões e milhões de formas raras,/secretas, duras. Eis aí meu canto. Ele é tão baixo que sequer o escuta/ouvido rente ao chão. Mas é tão alto/que as pedras o absorvem. Está na mesa aberta em livros, cartas e remédios./Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,/o uniforme de colégio se transformam,/são ondas de carinho te envolvendo. Como fugir ao mínimo objeto/ou recusar-se ao grande? Os temas passam,/eu sei que passarão, mas tu resistes,/e cresces como fogo, como casa,/como orvalho entre dedos, na grama, que repousam. 3 Já agora te sigo a toda parte,/e te desejo e te perco, estou completo,/me destino, me faço tão sublime,/tão natural e cheio de segredos,/tão firme, tão fiel... Tal uma lâmina,/o povo, meu poema, te atravessa (DRUMMOND, 1974, ps. 75 e 76). 2 Procura da poesia Não faças versos sobre acontecimentos./Não há criação nem morte perante a poesia;/Diante dela a vida é um sol estático, /não aquece me ilumina./As afinidades, os aniversários, os incidentes/pessoais não contam./Não faças poesia com o corpo,/esse excelente, completo e/confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro/são indiferentes./Nem me reveles teus sentimentos,/que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem./O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz./O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas./Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza/nem os homens em sociedade./Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam./A poesia (não tires poesia das coisas)/elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques,/não indagues. Não percas tempo em mentir. Não te aborreças./Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,/vossas mazurcas e abusões, /vossos esqueletos de família/desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. Não recomponhas/tua sepultada e merencória infância./Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação./Que se dissipou, não era poesia./Que se partiu, cristal não era. Penetra surdamente no reino das palavras./Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero,/há calma e frescura na superfície intata./Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário./Convive com teus poemas, antes de escrevê-los./Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam./Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra/e seu poder de silêncio./Não forces o poema a desprender-se do limbo./Não colhas no chão o poema que se perdeu./Não adules o poema. Aceita-o/como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada/no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras./Cada uma/tem mil faces secretas sob a face neutra/e te pergunta, sem interesse pela resposta,/pobre ou terrível, que lhe deres:/Trouxeste a chave? Repara:/ermas de melodia e conceito/elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono,/rolam num rio difícil e se transformam em desprezo (DRUMMOND, 1974, ps. 76 e 77). http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/ ... evinicius_experiencia.pdf
Criado em: 6/5/2014 10:11
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado. Duas caras da mesma moeda: Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´ Julia_Soares u... |
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A crítica deveria ser vista como um mal necessário. Um mal porque normalmente os críticos são críticos e não artistas, e como tal por vezes dão tiros no escuro podendo atingir alguém.
O elogio também faz parte da crítica. A crítica pode ser essencial para uma evolução da escrita, e também a pode condicionar. Tudo é relativo. No entanto vale a pena. quem não quer correr riscos fica em casa. já li criticas desastrosas sobre obras que se vieram a provar ser uma mais valia, ocupando posteriormente um lugar na história e o contrário também. criticar é deixar o espelho em casa, ficar de fora e ser objectivo, o que é humanamente difícil mas possível. Quem quiser criticar os meus textos está à vontade e eu até agradeço. Mas não venho aqui colocar o link de cada texto porque dá muito trabalho. Esta tema passou-me ao lado... mas foi uma boa ideia, uma ideia ousada e admirável, embora incompleta eheh Então quem quiser criticar o ferreira da silva que sou eu, ( e que vocês já sabem que não...) vestido para matar, esteja à vontade
Criado em: 15/5/2014 10:48
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Re: sugestão para crítica aos textos/poemas |
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Citando:
Então quem quiser criticar o ferreira da silva que sou eu, ( e que vocês já sabem que não...) vestido para matar, esteja à vontade pois não, (já que insiste..) http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... d=1009685comment1009685
Criado em: 15/5/2014 14:27
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Re: sugestão para crítica aos textos/poemas |
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Impossível a um crítico ver-se no espelho rsrsrsrsrs
Criado em: 15/5/2014 16:47
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"A crítica deveria ser vista como um mal necessário. Um mal porque normalmente os críticos são críticos e não artistas, e como tal por vezes dão tiros no escuro podendo atingir alguém."
Um mal necessário? Opinar sobre uma escultura sem ser escultor é um mal? Não percebo o porquê de ser um "mal". Tenho para mim que existem poucas coisas tão úteis e boas como a expressão critica sobre o que quer que seja. Um pouco à frente, a tua intervenção, chega a ser contraditória, FerreiradaSilva. Talvez seja eu que não esteja perceber ou ler bem a tua preleção. Mas são opiniões, e é disso que é feito o debate.
Criado em: 15/5/2014 22:35
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"Impossível a um crítico ver-se no espelho"
Isto é um juízo de valor. Um rótulo tão desajustado como assumir que a critca não serve para nada.
Criado em: 15/5/2014 22:38
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a crítica já não serve quem tenha-a como parâmetro de ato nocivo. pois, é nocivo, todo e qualquer ato que não representa um modo de "ajuda", um pouco de palmadas às costas, e por aí em diante..
a crítica é relutante e é espelhada pela contradição daqueles que a criticam, rs qual fosse um cão a correr atrás do próprio rabo, e se for.. ..à crítica se faz o tempo. e voltar a este como um pouco de cultura. afinal, é o ato de opinar que se faz ao nome.. e ao ato de voltar a fazer isso e então aprender. mas, não! a crítica não serve para nada.
Criado em: 16/5/2014 3:54
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