anda ver como se faz


anda ver como se fazem
umas asas, dois pássaros
e o segredo de uma estrela
a inventar um céu.
anda ver como se caça
um amor de doer
com um sorriso de papel
a cerzir no verso a língua quente.
anda visitar-me ao hospício
onde se espremem
as cores do pensamento
para cicatrizar o grito
na garganta de um livro
aberto.
sente a palavra que beija
e explode nas mãos
a dor que desconheço.
anda ver como se morre
aos pedaços no chão de um poema
com Maio no ventre, feliz
e uma memória de água
e de refrão que só se sente
e não se diz.

demorei muito
tempo
para entender
como se fazem
milagres
sem chegar a
Deus
pois se nem deuses
nem santos
me dizem
como seguir
viagem
e deixar nas
palavras um corpo
vivo

comecei por definir
um único espaço
só meu
e gastar o último
suspiro

[retórica aristotélica]

Ó exórdio
não comece
com desrespeito
ira ou ódio
a introdução...

narre e
argumente
com eficiência
justiça beleza
e ponderação...

prove
toda motivação
sem leviandade
sustente com firmeza
tua argumentação...

ó peroração
finalize
com paixão
e sublime competência
toda persuasão...

comum..

..acordo de duas metades
iguais..

.. à revelia de si
por
um nome
hábito pendente
por exceção
e
em.
qualidade única
(excedente consumo)
ou..

..frente.






à marca d'água que não desnivela a linha de fim
à. posição deste sol tão inerte, tão insípido
(assim)






qual resposta de memória provocada
ilusão de horas e o corte
tais mensagens, tais..

..portas.







qual.. a melhor previsão do teu ensaio?
qual a musica que te entretém?
ou um método que te sorri em evasão..
ou à pena que te es)colhe em minhas soltas mãos?


qual a fúria que você não me diz?
qual a curva mais puta que te acompanha?











ah-eu..

deveria te ser às vezes em firmamento..
eu deveria te prender à torre da minha execução
deveria te ser o menor dos espaços e dias
ah-eu..

..não deveria. te ser,

Bati à tua porta
Mas não senti
O perfume das rosas
Que tuas mãos
Traziam para mim

Agora lembrei
De uma rosa especial
Que colhi em tempos
No teu jardim

Dolores Marques

santa paciência
senta perdida
ciente sentida
pensa carência

carrego cada gota de agua
pelas costas curvas
prefiria usar guarda-chuva
mas estorvaria a minha accao
diante os covardes que passam
por mim na rua

a minha rua sem nome
é a rua que dá nome
a todas as ruas

passo por ela
e ela
por não poder ser mais
do que rua
deixa repousar
o meu corpo
e ainda que meus passos
sejam ecos
em todas as pedras nuas
e suas

Não estou aqui
Nem sei se vou
Por aí

(Nesse lugar faz frio)

O lugar que sempre
M'acolheu
Está vazio

Não sei de mim
Nem de ti

Não há lugares cativos