Fotograma,
a questão que apresento é a seguinte:
eu posso escrever um poema relatando parricídio e incesto na 1ª pessoa sem que seja ligado aos fatos.

só acho que quando exprimo ideias que são minhas e não de um “ eu lírico” teria que ser coerente.

Daí, acho o seguinte ( mas nem sempre achei isso. Estou pensando desde alguns poucos anos )

se escrevo

matei meu pai
estuprei minha mãe

estou colocando atos e sentimentos meus como autor


se digo, no mesmo poema

matou o pai
estuprou a mãe

estarei colocando os sentimentos e atos do “eu lírico”

vou refletir bem sobre isso.

aí não seria eu-lírico, seria ele-lírico

e tenho certeza que Sir Arthur Conan Doyle não era realmente o Senhor Watson

nas palavras de Pessoa: "o poeta é um fingidor..."

Certo que não. Também Robert Stevenson não era médico, nem monstro nem pirata. Julio Verne não era Nemo e nunca esteve na lua e tão pouco Homero era Agamenon ou Heitor. E Walt Disney jamais usaria roupa de marinheiro e sairia grasnando por ai. Mas existe poesia de ficção? Deve o poeta mostrar em sua obra quem realmente é, declarando princípios e expondo caráter e personalidade ? Cito a obra de Augusto dos Anjos por achar um exemplo clássico. Independente de escrever poemas sombrios ou escrever poemas de amor e saudade, acho que o poeta não pode ser mero ficcionista.

citei Doyle pois escrevia em primeira pessoa, relatando os feitos de Holmes pela visão de Watson. os outros autores citados, não necessariamente usaram primeira pessoa.

e não foi Mario Quintana quem disse:

"Desconfia da tristeza de certos poetas. É uma tristeza profissional e tão suspeita como a exuberante alegria das coristas."

Luiz Morais,

Vou concordar com o Foto. Vc pode dizer, sim, "Matei meu pai", em um poema ou escrito qualquer e, no entanto, passar bem ao largo dessa afirmativa.
Um exemplo disso é o exuberante Bhagavad Gita, capítulo especial do Mahabharata, onde se diz textualmente que, Arjuna, o herói iogue, tem que matar seus pais, seus irmãos e seus tios, mas claro, aí se referindo aos nossos vícios por sermos tão apegados como o somos aos nossos parentes. Não importa a pessoa, mas o arranjo. Penso que seja assim.

PAZ!

Belos dizeres, viu Zesil, bacana mesmo essa discussão. To gostando.

Fotograma e Milton

Querem me convencer?
então ... escrevam cada um de vocês, na 1ª pessoa, um poema relatando uma experiencia homossexual. Depois venham me dizer que ninguém vai achar que são duas bichas.
sei que chutei o pau da barraca rs rs

Luiz

feito:

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=241106

não como baitolo, como mulher

Luiz,

Mas aí é sacanagem. rsrs..

Vão até achar, mas não sou.
Chico Buarque não é mulher, mas escreveu como se fosse. Vai alguém dizer que o cara é uma "fulô"...hehe..

MF.